segunda-feira, 26 de maio de 2014

ABRAÇANDO A IMPERFEIÇÃO COM AMIZADE ETERNA

Hoje, meus amigos, não falarei de futebol de mesa do passado ou do presente. Usarei um texto que o excelente Cristiano Gularte publicou em seu Manchester United, em 24 de junho de 2010.
O texto dizia o seguinte: Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche na hora do jantar. Eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro. Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que o meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola. Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele, lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi a minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. Eu nunca esquecerei o que ele disse: “Baby, fica tranquila, eu adoro torrada queimada.”.
Na mesma noite, mais tarde, quando eu fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse: “Companheiro, sua mãe teve hoje um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas também não são perfeitas. E eu também não sou um melhor empregado ou cozinheiro! O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros são uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Essa é a minha oração para você, hoje. Mantenha a neutralidade e a conexão. Que possa aprender a levar o bem, o mal, as partes feias de sua vida, colocando-as aos pés do Criador. Porque, afinal, Ele é o único que poderá lhe dar um relacionamento no qual uma torrada queimada não seja um evento destruidor”.

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento entre marido e mulher, pais e filhos e com amigos. Não ponha a chave da felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio bolso. Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração Dele; você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua. As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez ou do que lhes disse, mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as acolheu e valorizou.
E esse texto consegue me emocionar, pois hoje, dia 23 de maio de 2014, faz um ano que perdi meu irmão de fé, Giovani Zanetto. Fomos amigos desde os primeiros anos de colégio, andávamos sempre juntos. Jogávamos no mesmo time, participávamos do grupo de escoteiros, vivíamos um na casa do outro. Lembro-me de tantas aventuras que fazíamos juntos, com mais o Moacyr Boff. Em nossas casas não havia luxo, mas éramos considerados da família. Até na Faculdade estivemos juntos. A vida nos separou quando cada um escolheu o seu destino. O Moacyr radicou-se em Curitiba e lá ficou até o final de sua vida. Eu vim para Santa Catarina e o Zanetto continuou morando em Caxias do Sul. Conversávamos telefonicamente e sempre que nossa turma de colégio se reunia estávamos juntos. Até a doença se manifestar, estivemos sempre juntos. Nosso último encontro durou um dia inteiro, pois almoçamos e depois disso estivemos visitando os lugares onde vivíamos fazendo nossas molecagens. São Pelegrino nós percorremos a pé, lembrando cada antiga loja que visitávamos. Visitamos a minha irmã e com ela fomos até a casa de meu sobrinho Márson. Após esse encontro, tivemos mais uma reunião de nossa turma colegial, mas o Zanetto não apareceu. Vaidoso, não queria que víssemos os estragos que a doença estava provocando. Pouco antes de seu desenlace, sua esposa me ligou, avisando que estava em estado terminal. Tentei ir visitá-lo, mas uma cirurgia na perna não permitiu a minha viagem. Talvez tenha sido melhor, pois recordo dele sem a marca da doença que o vitimou. Vejo-o alegre e feliz, cheio de sonhos e manias.
Nessa foto estão Moacyr Boff, Giovani Zanetto e Adauto Celso Sambaquy, nos
tempos de escola, futebol e escotismo
Meu irmão, algum dia estaremos juntos novamente e poderemos recordar as nossas fugas das aulas, nossas partidas de futebol no campo do Torino, do Flamengo, do Juventude e as excursões que fazíamos. Poderei te explicar o porquê não pude ir te visitar quando ainda estavas entre nós. Poderemos trocar o abraço de irmãos e amigos que sempre fomos, mesmo quando brigávamos, discutíamos, mas sempre tudo voltava ao normal. Desejo que o Nosso Pai o tenha acolhido e que, de onde estiveres, possa olhar para os que aqui ficaram e enviar o seu pensamento positivo. A saudade é grande e sempre emociona esse velho coração.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O CENTRO SUL FOI INICIADO EM BRUSQUE (SANTA CATARINA).

Desde o Campeonato Brasileiro de 1979 no Espírito Santo, a cidade de Brusque havia sido escolhida para abrigar o certame que seria realizado em 1981. Diante desse enorme compromisso, deslocamos seis botonistas brusquenses até Vitória para sentirem a grandiosidade de um campeonato  em âmbito nacional. No ano seguinte, com a maior delegação até hoje vista, lotamos um ônibus, levando nossas esposas e rumamos a Pelotas para participar do sétimo campeonato patrocinado pela Associação Brasileira de Futebol de Mesa.
Mas, na tentativa de conseguirmos realizar uma competição primorosa, surgiu a ideia de realizarmos, em 12 e 13 de agosto de 1979, na semana de comemoração do aniversário da cidade, o primeiro Centro Sul que reuniria, a exemplo do Nordestão, os estados centrais e sulistas que praticavam a Regra Brasileira.
Delegações no Centro Sul de Brusque em 1979
Foi um torneio que motivou a todos os botonistas catarinenses, pois se reuniram, na cidade, as seguintes celebridades: Antônio Carlos Martins (Rio de Janeiro), José Bernardo Figueira (Pelotas), Hélio Nogueira (Rio de Janeiro), Miguel Cunha (Pelotas), Luiz Ernesto Pizzamiglio (Caxias do Sul), Eduardo Narciso da Rocha (Criciúma), Airton Dalla Rosa (Caxias do Sul), Paulo da Rocha (Criciúma), Cláudio Savi Guimarães (Jaguarão), Valter Silva (Florianópolis), Moisés Timm (Jaguarão), Joel Dutra (Florianópolis), Dirnei Custódio (Santa do Livramento), Cláudio Schemes (Porto Alegre), Clemente Machado (Rivera – Uruguai), Paulo Schemes (Porto Alegre), que se juntaram aos brusquenses: Edson Cavalca, Eder Cavalca, Edson Appel, Euclides Silva Junior, Décio Belli, Edson Gartner, Walmir Merisio, Oscar Bernardi, Eugênio Tarcisio Vieira, Fausto Tomazzoni, Sérgio José Moresco, Marinho Vieira, Luiz Carlos Moritz, Roberto Zen e José Moacir Merico e, especialmente convidado Antônio de Oliveira, de Aracaju (Sergipe).
Na primeira fase, foram separados em chaves de quatro botonistas, sendo que dois seriam brusquenses e dois visitantes em cada uma delas. Onze jogos tiveram placar elevado, mas os demais trinta e sete foram jogos parelhos, sinal de que o pessoal catarinense estava aprendendo bem a jogar futebol de mesa.
A segunda fase foi eliminatória. Luiz Ernesto Pizzamiglio venceu Fausto Tomazzoni por 2 x 1. José Bernardo Figueira e Cláudio Savi Guimarães empataram 2 x 2 e foram para a decisão por pênaltis, tendo Cláudio vencido por  3 x2. Paulo da Rocha venceu Walmir Merisio por 4 x 0. Paulo Schemes venceu Décio Belli por 4 x 1. Antônio Oliveira venceu Sérgio Moresco por 3 x 1. Hélio Nogueira e Edson Appel empataram em 0 x 0 e, nos pênaltis, a vitória coube ao Hélio por 3 x 2. José Moacir Merico e Dirnei Custódio empataram em 1 x 1 e, nos pênaltis à distância, o Dirnei foi o vencedor por 2 x 1. Joel Dutra e Antônio Carlos Martins empataram em 0 x 0 e a vitória nos pênaltis foi do Martins por  3 x 1.
A terceira fase, também eliminatória, teve os seguintes jogos: Paulo Schemes 0 x 0 Antônio Oliveira, sendo que na decisão por pênaltis a vitória foi do Paulo por 1 x 0. Cláudio Savi Guimarães 0 x 3 Antônio Carlos Martins. Dirnei Custódio 2 x 1 Paulo da Rocha. Luiz Ernesto Pizzamiglio 0 x 1 Hélio Nogueira.
 A quarta fase, também decidida em um único jogo, reuniu Paulo Schemes 0 x 0 Antônio Carlos Martins, sendo que, na cobrança de pênaltis, o Martins aplicou 4 x 1 no Schemes. Dirnei Custódio 2 x 0 Hélio Nogueira.
Na decisão final, o terceiro lugar pertenceu ao Paulo Schemes, que venceu a Hélio Nogueira por 2 x 1. E para saber quem seria o campeão, os dois mais difíceis de serem batidos: Dirnei Custódio e Antônio Carlos Martins. O jogo foi realizado e o placar não mudou, permanecendo mais um 0 x 0 para o Martins. Na decisão por pênaltis, o Dirnei conseguiu o título vencendo por 3 x 1. Ao finalizar o torneio, um repórter da Rádio Araguaia da cidade de Brusque foi entrevistar o Dirnei, o qual afirmou que nesse esporte não era necessário estar em forma, passando suas mãos pela sua imensa barriga, o que resultou numa gargalhada geral.
Nesse torneio o ataque mais positivo foi o do Dirnei, com 18 gols e a defesa menos vazada, a do Antônio Oliveira com apenas um gol em suas redes.
Os quatro finalistas foram obsequiados com troféus, assim como a defesa menos vazada e o ataque mais positivo.
Para nós foi uma experiência valiosa, que nos deu a condição de realizar um Campeonato Brasileiro inesquecível. Até a semana que vem, se Deus assim permitir.
Gaúcho Dirnei Custódio,Santana do livramento, sagrou-se o campeão

segunda-feira, 12 de maio de 2014

VELHAS LEITURAS

Meus amigos botonistas, uma das coisas mais surpreendentes da vida é reler alguns artigos guardados, livros antigos, coisas escritas em outras épocas. Acabamos sempre descobrindo algo muito importante que, à primeira vista, passou despercebido, mas que agora se mostra muito importante.
Procurei as antigas colunas escritas pelo Sargento Garcia no Blog do Círculo Militar de Porto Alegre. Para quem não sabe de quem se trata, traduzo: Sargento Garcia é apenas o maravilhoso e insubstituível bicampeão brasileiro Guido Garcia. Descobri-o em dois de março de 2008, lendo a sua crônica O IDEAL DE OURO em que presta uma homenagem maravilhosa ao eterno CLÁUDIO SCHEMES. Descreveu a figura de Cláudio com uma perfeição que somente os dotados de sexto sentido conseguem deixar aflorar. Relatou todas as grandes conquistas que esse amigo querido, que tão cedo nos deixou, conseguiu com o amor que tinha pelo futebol de mesa. Uniu pessoas em torno de um ideal, descrito por Guido como um ideal olímpico, reunindo amigos ao redor de uma mesa de botão.
Nesse mesmo dia comentei, agradecendo pela maravilhosa homenagem que havia sido prestada a essa pessoa fabulosa de nosso meio. E, graças a essa iniciativa, consegui um amigo estupendo que guardo em meu coração para sempre.
Dia sete de março, ele abordou a OUSADIA DE MUDAR, relatando as dificuldades que a modalidade com botões cavados consegue impor a seus praticantes. Falou sobre a grande dificuldade de chutar a gol, pois predominam as defesas cerradas em favor dos ataques abertos. Falou sobre a grande dificuldade que premiava os sistemas defensivos, já que em caso de empates em fases classificatórias, a decisão da vaga era por cobranças de pênaltis à distância, o que fez a grande maioria de praticantes da modalidade treinar, além das coberturas, os arremates à distância. Posteriormente, foi adotado o critério de “melhor campanha”, que beneficia, inclusive, fases anteriores. Dedicou essa coluna ao Nilson Leviens que jogava pelo COP e havia falecido em um acidente de trânsito.
Dia quatro de março, escreveu SOB A ÓTICA DAS MULHERES, analisando todas as manias dos botonistas que perdem horas limpando e preparando seus craques; As diversas maneiras de massagearem seus botões. Muitos casos raros foram tratados, como daquele que adotava, caso o craque não rendesse, raspá-lo no cimento, dando uma “chacoalhada” na moral do time. Explicava que isso tem rendido alguns “contratempos” para as nossas esposas, as quais não sabem o que realmente se passa na cabeça de um botonista. Segundo o Guido, somos seres de “dupla personalidade”, pois ao adotarmos a postura de treinador, transformamo-nos num ser completamente diferente do ser “marido”. Dedicou essa coluna ao Paulo Roberto Schemes, pois foi dele a mão que o ajudou a continuar a sua caminhada. Acredito que todos nós temos momentos em que queremos que a vida pare para poder descer. Graças ao Paulo, o Guido voltou a nos brindar com suas criações maravilhosas.
Em 29 de fevereiro, foi a vez do FORA DE SÉRIE. Sua veia poética me fez dar boas gargalhadas, lendo o desenrolar dessa crônica maravilhosamente escrita. Descreve o crescimento de um campeão, que temos a felicidade de abrigar na AFM Caxias do Sul. Conta a “aventura” sui generis, vivida em um hotel, quando participava de um Estadual. Segundo o Guido, foi um resumo da passagem de um meteoro na constelação de talentos, que o futebol de mesa do Rio Grande do Sul possui. Seu rastro de luz persiste nos corações de todos aqueles que o conhecem e admiram entre os quais me incluo. Falava de Robson Betemps Bauer, pessoa cativante e que soma amizades em todas as suas participações. Realmente, o Guido o considera como se fosse mais um filho seu.
Guido e Robson com sua equipe de Santa Vitória do Palmar

Robson e Guido em visita a AFM Caxias
Em vinte e sete de fevereiro, ao escrever HISTÓRIAS E ESTÓRIAS, abordou diversos “causos” acontecidos entre botonistas conhecidíssimos. Gritos comemorando gols, e gritos comemorando belas jogadas. Gritos que são dados em represálias, coisas do futebol de mesa. Falou de um Campeonato Estadual, quando dois times acabaram empatados e tiveram de disputar por pênaltis à distância. Um dos integrantes da equipe que havia se saído melhor aos demais argumentou que deveriam bater com os seus botões, pois eram os “melhores”. Não adiantou a argumentação, dizendo que não conheciam seus botões, que não estavam acostumados com eles, que não conheciam o grau de cada levantador. Todos foram obrigados a bater os pênaltis com um mesmo time, o time do referido botonista. Resultado foi negativo, pois perderam e foram eliminados da competição. Dedicou essa coluna a uma lenda viva do botonismo gaúcho: Sérgio de Oliveira. Sérgio é um abnegado, competente, possuidor de integridade no trato da história do futebol de mesa, principalmente do Rio Grande do Sul. Mantém um arquivo que contém todos os dados das competições oficiais promovidas pela FGFM.
Sérgio Oliveira um dos maioresnomes do Futebol de Mesa Gaúcho
Em vinte e um de fevereiro abordou O QUE REALMENTE CONTA, afirmando que é muito difícil e de muita responsabilidade escrever sobre assuntos aleatórios e manter uma coluna em um meio de divulgação. Que aceitou o desafio de escrever sobre o futebol de mesa, pois estava refazendo a sua vida e esse é um meio para estar atualizado no que ocorre no esporte da bolinha de disco. Salientou as conquistas que sua agremiação conseguiu durante sete anos de conquistas, alternadas por um ou outro, ou pela equipe.
Mas, o que mais lhe dá prazer são os amigos que cultivou ao longo dessa caminhada. Os títulos ficam nas anotações daqueles que se dedicam a escrever a história. Os troféus ficam nos armários e prateleiras, esquecidos...
Guido e Clair amigos dentro e fora das mesas
Mas, os amigos ficam no fundo de nosso coração. E essa é a maior conquista que poderemos obter em qualquer modalidade esportiva. Lembremos então, sempre: no outro lado da mesa está um amigo que, momentaneamente, é um adversário a ser vencido, mas jamais será um inimigo a ser derrotado. Se tivermos em mente esse princípio, candidatar-nos-emos à admiração, mesmo quando perdemos, mas não correremos o risco de sermos odiados, mesmo que sejamos vencedores. Dedicou essa coluna a Sérgio Luiz Pierobom, pela sua elegância e lealdade no futebol de mesa; a Sérgio que foi campeão Estadual de 1980, cuja conquista  foi acompanhada por mim em Porto Alegre, quando exercia a presidência da Associação Brasileira de Futebol de Mesa.
Panda - Pizzamilgio - Guido - Clair

Confesso que ao ler essas colunas e sentir a pulsação do coração do Guido em cada palavra escrita, fiquei imaginando o que poderá acontecer com as colunas que escrevo, daqui a alguns anos. Se elas motivarem  apenas uma pessoa já serei feliz e realizado. Afinal, a minha intenção é idêntica a do Guido e Claudio Schemes: Reunir amigos ao redor de uma mesa de botão.

Até a próxima semana, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O ANO DE 2009 MARCOU A CAMINHADA DO LISO NO RIO GRANDE DO SUL

Caxias do Sul - A terra da Modalidade Liso
Nossa AFM Caxias do Sul foi fundada em 1965, dentro da Regra Gaúcha e sob a orientação da Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Em 1967, partiu de Caxias a ideia da criação de uma Regra que unisse brasileiros de norte a sul. E, graças a Deus, isso foi concretizado na cidade de Salvador, capital baiana. Criava-se a Regra Brasileira de Futebol de Mesa, própria para botões lisos. No retorno ao sul, a nova Regra foi aceita integralmente em nossa cidade. Nas demais, praticantes da Regra Gaúcha, foi evitada. Mas, nos esforços do pessoal caxiense, ela começa a ser conhecida em todos os quadrantes. Caxias participa do primeiro e segundo campeonatos brasileiros e isso é mostrado na mídia local. Fomos escolhidos para a realização do terceiro campeonato brasileiro. Era a chance de mostrarmos o moderno futebol de mesa aos gaúchos. E isso foi feito com muito carinho e determinação.
Muitas cidades aceitaram a Regra Brasileira, adaptando-a para a sua maneira de jogar, pois a Regra Gaúcha era praticada com botões cavados. Por que não jogar a Regra Brasileira com botões cavados? Afinal, os cariocas que estiveram em Caxias o faziam e um deles acabou campeão brasileiro naquela oportunidade!
Foi quando a Regra Brasileira passou a ser jogada com força total em todo o Rio Grande do Sul. Mas isso trazia um inconveniente aos caxienses, pois só praticavam com botões lisos. A modalidade com botões cavados usava um tipo de mesa diferenciado daquela utilizada para botões lisos. Assim, Caxias ficou isolada até o início dos anos 2000, quando a nova geração resolveu tomar as rédeas da entidade, com novas ideias e ambições. O primeiro passo ousado para a renovação e o crescimento, proposto pelo presidente Daniel Maciel, deu-se com a filiação à FGFM. Enfrentou a resistência de alguns associados mais conservadores, mas foi persistente e conseguiu o seu objetivo. Havia o problema de sempre, ter jogado liso, e o estado só praticava o cavado.
O milagre aconteceu pela beleza do liso deslizando em mesas especiais. Contaminou André Marques, Cláudio Schemes, Cesar Keunecke, Breno Kreuzner, Lauro Moretto e Carlos Kuhn. Integrações com o pessoal do Grêmio Porto Alegrense foram iniciadas. O ano era 2006, e o sucesso de alguns torneios realizados, como termômetro, protagonizou a Caxias a realização do Primeiro Campeonato Estadual de Lisos, com um sucesso imensurável, tendo inclusive a honra de Daniel Pizzamiglio ter se sagrado vice-campeão. Daniel Maciel sagrou-se terceiro colocado no Centro Sul, realizado em Pelotas, em 2007. Ano seguinte, o Daniel Pizzamiglio consegue o título máximo do estadual de lisos, determinando que a modalidade chegara ao ponto maior.
Cesar (representante da FGFM) / Vanderlei Duarte (Presidente da AFM Caxias) / Claudio Schemes (Presidente da FGFM)
na 1ª Edição do Campeonato Gaúcho de Liso em 2006

Vinhas (1º à esq) vence na primeira edição Daniel Pizzamiglio (2º da Esq - representante da AFM Caxias)
na 1ª Edição do Campeonato Gaúcho de Liso em 2006
Foi então, em 2009, realizado o 1º Experimental Sênior e Júnior de futebol de mesa somente na modalidade liso, nas dependências da AFM Caxias do Sul. Foi o divisor de águas. O evento contou com técnicos da AFM Caxias, Academia de Pelotas, Grêmio Porto Alegrense, Afumepa, Franzen e Círculo Militar (os quatro últimos da capital gaúcha). Nomes que participaram: Luiz Ernesto Pizzamiglio, Daniel Crosa, Vanderlei Duarte, Enio Durante, Walter Almeida, Ricardo Bodur, Paulo Schemes, Breno Kreuzner, Carlos Kuhn, Luís Fernando, Lauro Moretto, Sergio Oliveira, Douglas, Carlos Roberto Foschiera e Nelson. Na categoria júnior, além da presença da Yago Mielke, contamos com diversos meninos que pertencem aos quadros da AFM: Bruno, Jefferson, Anderson, Everton, Mateus e Rodrigo.
Categoria Júnior: Yago entrou na competição como favorito, pois seu currículo contava com a experiência de ter jogado campeonato nacional e ter ficado entre os quatro melhores do país. Chegou invicto à final, quando enfrentou o Bruno, aluno do professor Enio Durante. Foi um jogo muito parelho e terminou num 0x0. Na disputa por pênaltis, o Yago fez prevalecer a sua maior categoria e ficou com o troféu de campeão. De parabéns todos os participantes.
Categoria Sênior: Nosso maior campeão caxiense: Luiz Ernesto Pizzamiglio, possuidor de um carisma, uma categoria que o coloca sempre acima dos demais, dono de uma simpatia incomum; resgatou nessa competição todo aquele jogo que o consagrou durante anos de conquistas e consegue vencer a disputa contra o grande Daniel Crosa, que já conquistara dois campeonatos caxienses. Briga de cachorro grande. As semifinais reúnem quatro monstros do futebol de mesa: Luiz Ernesto Pizzamiglio, Paulo Schemes, Daniel Crosa e Carlos Alberto Kuhn. Só nisso já se atestava o sucesso da competição. Pizza, que tinha a vantagem, empata com Paulo Schemes e vai para a final. Crosa, com um lindo gol a bater, vence no final do jogo a Carlos Kuhn. Uma final caxiense, que coroaria o esforço e a fidelidade ao liso. O empate era o resultado satisfatório a Pizza que, no entanto, abre o placar. Mas, o Crosa, sem se abater ainda consegue empatar e só não vence, pois consegue o gol ao final do jogo.
A festa foi linda e merecida. Contagiou a todos os botonistas que compareceram e foi o ponto de partida para a criação de competições nas categorias júnior e sênior no estado. Salienta-se a brilhante participação de Sérgio Oliveira, o grande mestre das tabelas e organizações de campeonatos. Esse é um nome que tem de ser elevado sempre em nossos encontros, pois é a enciclopédia viva de todo o futebol de mesa gaúcho.
Por essa razão devemos louvar a paciência e determinação de Caxias do Sul, que sempre foi fiel à modalidade liso e soube esperar de 1967 até 2009, para ver e sentir o avanço da modalidade no estado. Hoje é uma realidade incontestável, e os botonistas lisistas gaúchos são respeitados no Brasil inteiro. Falta-nos ainda um título nacional, na modalidade especial, coisa que acredito não deva tardar. Também espero ter a satisfação de abraçar um campeão brasileiro caxiense, nessa modalidade, pois na categoria júnior, já tive a alegria de abraçar o Gustavo Lima (Pica Pau) e o Hemerson pelos seus feitos em brasileiros, cuja alegria tem um lugar especial em meu coração. Só espero que alguém consiga vencer, antes de eles atingirem a idade e forem disputar a categoria especial; afinal já estão acostumados a subir no pódio e levantar o maior troféu do torneio.
Integração AFM Caxias X Franzen - o Liso volta a ter disputas no RS
Algumas personalidades do esporte como Sergio Oliveira (2º a esq) começaram a frequentar
a AFM Caxias para disputar partidas da modalidade liso
Atual presidente da AFM Caxias Mario Vargas com dois dos representantes da AFM Caxias
no Estadual Experimental Pizza Pai (o campeão) e Walter Almeida
Futuro do Futebol de Mesa de Caxias do Sul (AFM Caxias e AABB Caxias com seus Departamentos Juniores)


Até a semana que vem, se Deus assim permitir.