sexta-feira, 29 de novembro de 2013

VAMOS CONTAR A NOSSA HISTÓRIA, TRABALHANDO EM CONJUNTO?

Há alguns dias estou martelando a ideia de que perderemos muitos fatos históricos sobre o nosso esporte se não os deixarmos escritos. Fatos que aconteceram e acontecem, diariamente, que devem ser preservados para todo o sempre. Fatos que mostram as dificuldades e o crescimento desse esporte que nos acompanha desde os primeiros anos de nossas vidas.
Jogar futebol de mesa é muito bom, mas conhecer a sua história faz com que tenhamos uma noção exata daquilo que ele representa na vida de cada um de nós. E, também, o que representou na vida dos primeiros botonistas que incentivaram o seu crescimento.
Geraldo Cardoso Décourt queria escrever um livro sobre o futebol de mesa. A doença que o atacou impediu que isso se realizasse. Ele, mudando o foco da ideia original, escreveu uma biografia, dedicando um capítulo ao seu hobby preferido. Transferiu essa responsabilidade para o nosso amigo José Ricardo Caldas e Almeida, de Brasília. Dizia Décourt, com a sua fala mansa e cheia de sabedoria, que Zé Ricardo por ser jovem, excelente escritor e um arguto pesquisador reunia as condições ideais para escrever essa história. Municiou-o de muito material referente ao início do grande movimento nos primórdios do século XX. José Ricardo tentou e tenta, sem muito sucesso, colher dados e informações com as lideranças estaduais sobre os movimentos de clubes e Federações. Esbarra sempre na mesma assertiva. Muitos são os que gostam de jogar botão, mas raríssimos os que se preocupam em registrar os fatos.
Decourt e José Ricardo

Uma exceção nisso tudo é o Sérgio Oliveira de Porto Alegre, que é a enciclopédia viva de tudo quanto foi realizado no sul do país. Há o trabalho desenvolvido pelo Obereci e Edu Caxias, no sentido de escreverem sobre a história da Regra Gaúcha, enaltecendo as grandes batalhas de seu pioneiro Lenine Macedo de Souza. Outro nome destacado e que muitos conhecem é Enio Seibert, criador e conhecedor da Regra Unificada, como também da história do futebol de mesa.
Sérgio Oliveira e Carlos Kuhn

Edu Caxias

Enio Seibert

Obereci e Fosca dois ícones

Aponto o amigo Abiud Gomes, de Pernambuco, como um daqueles que possuem condições de escrever e resgatar histórias importantes, acontecidas há mais de meio século e que poderiam encher as páginas de um livro, incentivando na prática da Regra Pernambucana, o Botãobol, apelidada em seu blog A Marreta, de a Rainha das Regras.
Abiud Gomes (Recife)
De uma maneira modesta, tenho tentado escrever sobre acontecimentos que geraram a Regra Brasileira, sua origem, seu desenvolvimento, a continuidade e o momento atual. Muita coisa que escrevi será guardada e mostrada aos novos botonistas desejosos de conhecer a história de nosso esporte.
Esforços isolados, como o Gothe Gol, de postagens diárias, informando o que se realiza em nosso mundo botonístico são admiráveis, pois há mais de dez anos mantém atualizados os acontecimentos, convocando, informando e mostrando aos botonistas aquilo que se desenvolve no país do futebol de mesa. Há outros blogs importantes, semanais, quinzenais, mensais, que também devem ser destacados. Ressalto o Futebol de Mesa News de São Paulo, que informa os acontecimentos do país e do exterior. Mas, depende da boa vontade das pessoas interessadas em divulgar suas notícias. Por vezes, notícias de uma região ficam por semanas e até meses sem que sejam atualizadas. Um blog que eu reputo muito importante é o FUTMESA EXPRESS, do Daniel Pizzamiglio que, apesar de não ser atualizado constantemente, traz a história da AFM – Caxias do Sul, seus campeonatos, seus torneios, seus rankings.  As páginas da Riograndina e Pelotense também fazem a exposição de todos os seus campeões. São de grande utilidade, pois preservam nomes que conquistaram a glória de vencer um determinado campeonato.
Gothe campeão da Liga Inglesa
A vida me ensinou que a história deve ser gravada, para que não se perca. Quando, ainda como funcionário do Banco do Brasil em pequenas cidades do interior de Santa Catarina, escutava histórias muito importantes de antigos moradores. Sugeri que gravassem, pois escrever seria um pouco trabalhoso, e deixassem as gerações futuras tomarem conhecimento de como era a vida naquele local, antes da era eletrônica. Muitos acabaram falecendo e levaram consigo histórias inacreditáveis, as quais, se aproveitadas, dariam um sabor diferente à história do município. Por isso, conclamo os botonistas mais antigos que o façam, enquanto é tempo, para que histórias de sacrifício, amor ao esporte, criação e conquistas sejam motivo de encorajamento aos atuais botonistas que estão vivendo uma era de quase profissionalismo. Encontram tudo pronto e só têm o trabalho de colocar seus botões na mesa e jogar. Mas, para chegar a esse ponto, muita coisa aconteceu, muito sacrifício foi feito, muitos deslocamentos para cidades distantes foram executados, aproximando os botonistas desse país continente.
Se o meu sonho acontecer em 2015, quando a AFM Caxias do Sul completar seu cinquentenário, desejo lançar a minha história, juntamente com essas colunas que escrevo semanalmente, pois se alguém as ler, saberá que o amor que dediquei ao futebol de mesa foi imenso e estará guardado em cada linha escrita.
Até lá, vou incentivar os amigos que possuem condições de retratar nosso esporte, que o façam, enriquecendo a história de um esporte que reúne milhares de pessoas em nosso país e no mundo inteiro, ao redor de mesas, desfrutando a alegria de comandar um time de sua preferência. Afinal, todos nós somos um pouco Técnicos de Futebol.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O MUNDO NUNCA MAIS SERÁ O MESMO...

OLDEMAR SEIXAS - Na Rádio Cristal, onde apresentava seu programa "Bahia Campeão dos Campeões".
Quando Geraldo Décourt, em 1930, publicou seu livro de Regras do Foot-Ball Celotex, atingiu os botonistas do Rio de Janeiro, onde morava. Obras como o livreto de regras não saiam para muito longe de onde foram impressos. Eram vendidos em bancas de jornal, local onde Getúlio Reis de Faria adquiriu seu exemplar. Desejava, desde essa época, conhecer Décourt, pois viviam na mesma cidade sem, contudo obter êxito. Realizou esse sonho cinquenta anos depois, em 1980.
Depois disso foi a vez de Fred Mello lançar o seu “Jogo de Botões – regras e táticas”. Já o fizera em forma de livro, na década de 1950, e muitos deles saíram das fronteiras do Rio de Janeiro, propiciando a sua prática em várias regiões do país.
Mas, cada região tinha a sua própria regra. Surgia a gaúcha, a paranaense, a carioca, a paulista, a paraíbana, a pernambucana, a sergipana, o celotex paraense. Em cada lugar jogava-se de forma diferente, originando-se uma verdadeira “Torre de Babel” do futebol de mesa.
Foi então que a Revista do Esporte, editada no Rio de Janeiro, publicou, já nos anos sessenta, uma reportagem assinada por Oldemar Seixas, que mexeu com os brios de todos os botonistas brasileiros. Seu título era contundente: “Bahia dá lições de futebol de botão.”
5º campeonato brasileiro - Vitória ES
Choveram correspondências ao seu endereço. Do Rio Grande do Sul, Clair Marques e eu fomos os curiosos que duvidavam dessa possibilidade, afinal éramos filiados à Federação Riograndense de Futebol de Mesa, a pioneira do Brasil. Na minha correspondência ao Oldemar, enviei exemplar da Regra Gaúcha, botões e bolinhas, com fotos diversas.
A resposta foi quase que imediata, com uma enorme explicação sobre a regra baiana original, botões padronizados nas cores das camisas do Vasco, Grêmio e Ypiranga (Bahia), um goleiro de madeira na cor verde e com o distintivo do Ypiranga e algumas bolinhas “olho de peixe”, além de um exemplar da regra.
No mês seguinte, a Revista do Esporte já anunciava a repercussão da primeira reportagem e publicava, entre outras, uma foto em que eu estou jogando contra o meu colega Paulo Luís Duarte Fabião, a partida final do campeonato da AABB de 1963. Publicava também diversos endereços de botonistas que se reportaram ao Oldemar, criando, dessa forma, a primeira rede entre os praticantes das diversas regras existentes no país.
Oldemar defendeu sempre as cores do Ypiranga da Bahia
Até então, tudo era discutido através de correspondência via Correio Nacional. Tomávamos conhecimento de grupos que jogavam o nosso esporte em outros estados, mas desconhecíamos como o faziam. As fotografias eram sempre em branco e preto e muitas delas não tão bem nítidas. Faltava o contato pessoal.
E, ele aconteceu em 1966. Iríamos festejar o primeiro aniversário da Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Lógico que seria na Regra Gaúcha, a regra que praticávamos no Rio Grande do Sul. Enviei um convite ao Oldemar, jamais acreditando que fosse aceitar, devido à grande distância entre a Bahia e o Rio Grande do Sul. Para surpresa, não só minha, mas de todos os botonistas gaúchos, Oldemar Seixas veio e trouxe consigo Ademar Dias de Carvalho. Participariam do Torneio de Aniversário da Liga Caxiense, jogando na Regra Gaúcha. E o fizeram com um espírito esportivo de causar inveja a todos nós. Com seus botões lisos, jogando contra nossos puxadores, mostraram a grande qualidade que possuíam. E um detalhe que nos deixou maravilhados, pois os dois jogavam com a unha, coisa inédita para todos nós.
A história, depois desse torneio realizado em Caxias do Sul, é do conhecimento de todos os praticantes da Regra Brasileira. A Regra Brasileira começou forte, pois passou a ser praticada em todo nordeste brasileiro e no sul do país.
E tudo isso aconteceu por um ato de coragem de um baiano, que conseguiu duas páginas na Revista do Esporte, a maior e melhor revista esportiva daqueles anos sessenta. Muito tempo depois surgiu o Placar, e a Revista do Esporte acabou perdendo espaço e terminou seus dias melancolicamente. Mas, foi ela a responsável pela grande mudança no futebol de mesa brasileiro, pois, com a união de esforços, criou-se a Regra Brasileira que misturou a Regra Gaúcha com a Regra Baiana. Coisas boas das duas regras foram aproveitadas e as aberrações que havia foram suprimidas. Toda mudança acarreta dificuldades e aqui no sul elas existiram em número muito grande.
Mas, depois da realização de campeonatos brasileiros, a partir de 1970, os demais movimentos iniciaram seus esforços no sentido de união. Regras paulista e paranaense se uniram e foi criada a Regra de 12 toques. Os cariocas, aliados aos brasilienses e mineiros, criaram a Regra de 3 toques. A partir daí, os campeonatos em âmbito nacional começaram a aumentar o número de participantes e houve o reconhecimento oficial das três regras pelo Conselho Nacional de Desportos.
As demais regras que não se fundiram acabaram ficando isoladas e praticadas por um número restrito de botonistas. Todas elas têm a sua beleza e qualidade e empolgam seus praticantes. Após o reconhecimento, com o advento da informação eletrônica, tomamos ciência de inúmeros países praticantes do futebol de mesa. O leste europeu, com campeonatos disputadíssimos, a Espanha, a Itália e os países da América Latina, além do Japão que pratica a Regra 12 Toques, estão se mostrando diariamente em diversos blogs especializados em futebol de mesa. Antes disso, em uma entrevista, quando esteve asilado na Itália, Chico Buarque de Holanda, respondendo a perguntas de vários artistas, afirmou que não conseguiu impor sua regra, pois eles praticam o futebol de mesa semelhante aos baianos, com petelecos e bola chata. Pena que não havia nenhuma fotografia mostrando a maneira italiana de jogar.
Por essa razão, queiram ou não, o mundo nunca mais foi o mesmo depois que o Oldemar, corajosamente, se manifestou nas páginas da Revista do Esporte. O futebol de mesa evoluiu e hoje está no cotidiano de grande parte de brasileiros. Em qualquer regra jogada, é algo que atrai pessoas e alivia tensões. Imagino que, se a reportagem não tivesse sido publicada, e todos continuassem jogando a sua regra regional, teríamos esse nosso esporte oficializado? Será que haveria essa integração, como existe no Gothe Gol, onde redatores de diversos estados se manifestam, ocupando suas páginas diárias? Será que conseguiríamos tantos amigos em locais distantes?
Oldemar recepcionando Sambaquy no Mercado Modelo - 2012
Acredito que não. Por isso, o mundo esportivo parou no dia em que a Bahia deu lições de Futebol de Botões. E, quando pensarem em homenagear alguém, lembrem-se sempre do nome de Oldemar Seixas, pois queiram ou não, foi por obra sua, por sua perseverança e entusiasmo que hoje podemos ser recepcionados em qualquer ponto do território brasileiro, abraçando amigos que são adversários na mesa durante as partidas. Seu gesto tresloucado de afirmação do futebol de mesa baiano foi quem movimentou a enorme roda que gira alucinadamente até hoje. O mundo nunca mais será o mesmo...
Oldemar com o seu velho Ypiranga  na sala de jogos do Brasileiro de 2012 - Salvador BA

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

TORNEIO PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA – O MAIS ANTIGO DA AFM CAXIAS DO SUL.


Gostaria de falar desse tradicional Torneio, iniciado em 1973 e que depois de um período sem ser disputado, voltou com força e vigor. Seu criador foi o Marcos Antonio Zeni, um dos fundadores da Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Lembro que, dias antes do feriado de 15 de novembro, Marcos lançou o convite a diversos botonistas que treinavam na Galeria Martinato, para a possibilidade da realização de um torneio em homenagem à Proclamação da República. Marcou para o dia 17 de novembro, pois ele teria de mandar gravar os troféus a serem disputados naquele sábado.
No dia 17 de novembro, Airton Dalla Rosa, Silvio Puccinelli, Rubem Bergmann, Adauto Celso Sambaquy e Marcos Antonio Zeni disputaram um torneio muito concorrido que acabou apontando esse colunista como o primeiro campeão. Nas disputas que efetuei naquele dia, iniciei perdendo para o Airton, mas venci o Silvio, o Rubem Bergmann e o Marcos Zeni. Somei mais pontos e fiquei com o troféu valioso de campeão.
Sambaquy, o primeiro campeão e Zeni o criador da competição
No ano seguinte, quando já residindo em Brusque (SC), fui surpreendido com a chegada, no dia 16 de novembro de 1974, do Marcos Zeni e do Adaljano Tadeu Cruz Barreto, com a finalidade de realizarmos o Segundo Torneio Proclamação da República. Sem ter avisado com antecedência, em uma cidade próxima às praias catarinenses, conseguir botonistas para participar foi trabalhoso.  Encontrei o Renato Antunes, um carioca rubro negro fanático, meu colega de Banco do Brasil. Dirigimo-nos à sede da Associação Brusquense de Futebol de Mesa que ficava no centro da cidade e fizemos um quadrangular. O campeão foi o Adaljano que, em sua campanha, empatou comigo e venceu o Marcos Zeni e o Renato Antunes.
O terceiro foi realizado em novembro de 1975 em Caxias do Sul, tendo se sagrado campeão o saudoso amigo Silvio Puccinelli. Não tenho maiores detalhes desse torneio, já que não participei, pois residia no Berço da Fiação Catarinense.
Após esse torneio, a Liga Caxiense sofreu um esvaziamento, sendo que os campeonatos foram disputados em 1976, com uma parada até 1981, quando houve um esforço por parte do Vanderlei, mas sem muito sucesso. Nova parada e, em 1985 até 1987, novos campeonatos são realizados, sem oportunizar a volta do Torneio Proclamação da República. O retorno definitivo das atividades aconteceu em 1997, quando não mais sofreu solução de continuidade, tendo o campeonato da cidade sido realizado, anualmente, até os dias atuais.
O Torneio Proclamação da República retornou a ser disputado trinta anos depois do primeiro. Em 2003, seu patrocinador Marcos Antonio Zeni resolveu ressuscitar aquele charmoso Torneio e, carregado de troféus, propiciou a Luiz Ernesto Pizzamiglio a honra de figurar nessa seleta lista. Desta data em diante, o Torneio vem sendo realizado no mês de novembro, reunindo os melhores botonistas da Associação.
A relação de campeões, fornecida pelo Futmesa Express, mantida pelo Daniel Pizzamiglio é a seguinte:
2004 – Vanderlei Duarte
2005 – Ednei Torresini
2006 – Daniel Maciel
2007 –Daniel Pizzamiglio
2008 – Daniel Maciel
2009 – Daniel Pizzamiglio
2010 – Daniel Maciel
2011 – Luciano Carraro

2012 – Mário Vargas Júnior.
O Torneio de 2013 deverá ser realizado no dia 09 de novembro, sábado, quando os botonistas caxienses se reúnem em nossa sede. Que seja o sucesso absoluto que sempre foi essa grande e maravilhosa realização do Marcos Zeni, premiando mais um grande botonista caxiense que escreverá seu nome nessa galeria de torneios tradicionais de nossa Associação.
A título de sugestão, gostaria que o artista das artes gráficas de nossa AFM, o meu afilhado Rogério Prezzi, criasse a relação de campeões do Torneio Proclamação da República, assim como fez com os Campeões Caxienses. Afinal, é o Torneio mais antigo que é disputado em nossa agremiação e entre seus campeões já temos dois falecidos. É uma maneira de perpetuar as conquistas auferidas em um torneio encantador, criado quando ainda estávamos funcionando na Galeria Martinato, no distante ano de 1973.
Até a semana que vem, se Deus permitir.

P.S.
Como a coluna foi descrita no meio desta semana e a disputa foi neste sábado a AFM Caxias divulga o resultado da competição:
Campeão: Daniel Maciel
Vice: Walter Almeida
3º Hemerson Leite
4º Luciano Carraro
Maciel ganhou pela 4ª vez a competição
Disputaram a competição 16 botonistas da AFM Caxias

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

AS DIFICULDADES DE MANTER AGREMIAÇÕES FUNCIONANDO

Recebi no dia 30.10 um e-mail do presidente da agremiação a qual estou associado aqui em Santa Catarina, desesperado com a pouca afluência de pessoas no clube durante o ano inteiro.
Dizia o presidente que estamos finalizando um ano muito difícil para o nosso grupo e necessita saber com quem poderá contar na próxima temporada, pois do contrário não justifica ter uma sede central na cidade, praticamente sem uso.
Os gigantes do futebol de mesa marcilista
Grande número desses atletas ainda está lá no Marcilio.
Acredito que muitos clubes ou associações devem enfrentar esse tipo de problema. E é um tremendo problemão que, se não for devidamente trabalhado, poderá ocasionar o encerramento das atividades.
Particularmente eu vejo da seguinte forma:
(1º) Há pessoas interessadas em praticar o futebol de mesa. Muitos até procuram a sede e são recebidos com muito carinho. Colocam-nos a jogar, caso tenha seu próprio time ou então emprestam um time para que possa tomar conhecimento da modalidade. Ensinam o básico para que esse interessado fique bem mais interessado. É um jogo demonstração e a pessoa fica motivada. Acaba voltando com intenção de participar.
(2º)Há, no clube, certo número de grandes praticantes. Pessoas que jogam por música e são aquelas que sempre estão nas fotografias de premiação.  Ao jogar amistosamente com o novato, transmitem-lhe informações e não forçam o jogo, dando-lhe a ilusão de que poderá fazer frente em disputas oficiais.
(3º) Marcam o campeonato e colocam todos numa mesma panela. Aí é que o caldo engrossa, pois é para valer. Cada jogo é uma disputa de vida ou morte. Valem pontos para a conquista do troféu de campeão, vice, 3º lugar e 4º lugar. O novato, achando que já conhece todos os atalhos do gramado de madeira, não mais encontra um gatinho pela frente. Muito ao contrário, dessa feita encontra um verdadeiro leão que o devora em poucas paletadas. Surgem as primeiras decepções, e as goleadas vão se acumulando na conta de quem achava que estava conhecendo o esporte. Nos Jogos abertos de verão de 2008, assisti a um excelente botonista paulista (multi campeão) aplicar uma sonora goleada em um principiante que, pela 12ª ou 13ª saída de jogo, já nem sabia mais quais eram os seus botões. Nunca mais vi esse principiante na sede depois desse jogo.
(4º) A solução para esse problema de falta de freqüência foi adotada em 2010, quando a sede estava sempre cheia de pessoas jogando. Nessa ocasião, havia a disputa de duas séries. A série “A“ que era composta pelos botonistas que dominavam a regra e tinham vários anos de prática nas mesas e a série “B” que premiava os menos aptos, disputando um campeonato em que não havia papões. Tudo estava nivelado e as partidas acabavam alegrando a todos os participantes. Foi o ano em que mais tivemos pessoas perambulando no recinto onde as mesas estão colocadas.
(5º) A adoção de uma segunda modalidade de jogo, pois o clube foi iniciado na Regra de 12 toques, a do dadinho, repartiu os componentes. Como ninguém pode estar em dois lugares ao mesmo tempo e nem servir a dois senhores da mesma forma, o clube esvaziou devido às preferências individuais. Sem existir um programa anual em que determinasse datas para as disputas dessa ou daquela modalidade, muita gente deixa de comparecer. Em 2010, havia o programa e todos sabiam as datas das disputas, razão pela qual o sucesso foi muito grande.
Muitas serão as dificuldades que sempre existirão, e mudanças devem ser feitas para que o movimento não esvazie. O propósito de cada botonista que procura o clube é idêntico: aliviar a pressão do dia-a-dia e divertir-se jogando botão. Quando essa diversão passa a ser obrigação é algo mais que deve ser agregado às que já possuímos e mais um somatório de coisas que são impostas, declinando a verdadeira intenção de diversão. O futebol de mesa é um esporte amador e como tal deve ser encarado. Jogar por obrigação não faz a alegria de ninguém. O clube deve ter seus campeonatos e torneios, sem se preocupar com o que a Federação determina. As datas comprometidas com competições estaduais ou nacionais pertencem aos botonistas que têm condições de representar a entidade. Os demais podem se reunir e jogar animadamente e divertir-se, fazendo aquilo que gostam de fazer.
Eu acredito que não custa tentar fazer isso. Quem quiser participar de competições estaduais e nacionais, objetivo dos bons botonistas, deverá fazê-lo sem, no entanto, forçar os demais para a obrigação de também estarem participando. Quem quiser ser botonista profissional deverá pensar primeiro em si próprio e depois no grupo. É gratificante encontrar botonistas de diversos lugares, mas tudo isso tem um custo e, às vezes, é muito alto.
A solução está nas mãos de todos nós. As oportunidades também. As escolhas de forma e modalidade de jogar também são individuais, por isso eu acredito que ainda poderemos chegar a bom termo, antes mesmo de o ano terminar.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.