segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CINQUENTENÁRIOS DOS MEUS PRIMEIROS TROFÉUS.


Apesar de ter tomado conhecimento do futebol de mesa no ano de 1947, quando migrava dos dez para os onze anos, foram necessários dezesseis anos até que o primeiro e o segundo troféus viessem embelezar a minha galeria incipiente.
Depois de haver sido inoculado com o vírus do botão, por muito tempo os jogos eram sempre amistosos, pois não havia ninguém disposto a organizar um campeonato. Até os iniciávamos na rua onde morávamos, mas não chegavam à terceira ou quarta rodada, pois muitos desistiam quando acumulavam derrotas.
Lembro que existiam várias mesas para os jogos. Na casa do Renato Toni, numa sala do prédio do pai do Vasco Balen, no porão do Rui Pratavieira, do Luiz Pozza e até na garagem da casa do Vanderlei Prado, na alfaiataria do pai do José Roque Aloise; mas, a melhor de todas era a do Enio Chaulet, bem próxima das atuais em que desenvolvemos a Regra Brasileira.
O importante para cada um de nós era jogar. Em cada um desses lugares, o número de botonistas era reduzido, pois só havia uma mesa e todos ansiavam estar com o time depositado nela, praticando o nosso futebol de botões. Os convites eram restritos e a cada semana variava, razão pela qual tínhamos de manter contato com diversos donos de estádios para saber onde jogaríamos. Uma semana na casa do Rui Pratavieira, na outra, lá no Bairro São Pelegrino, na garagem do Vanderlei Prado, depois da aula, na alfaiataria Aloise, no sábado pela manhã, na casa do Pozza. Na residência do Renato Toni e na sala do Vasco Balen, por estarem nas imediações de nossas moradias; todos os dias, até que as mães deles nos expulsassem, pois já era hora de dormir.
E assim foi passando a nossa infância. Chegamos à idade de aborrescentes e com ela os namoricos e o futebol de campo. O futebol de mesa ficou meio de lado. Meus times, entretanto, estavam guardados em uma caixa, com parafina, flanela e uma infinidade de recordações maravilhosas.
Como praticávamos o futebol de campo e muitos dos nossos companheiros também foram adeptos do futebol de botão, em uma tarde, véspera de um jogo de nosso Corinthians Caxiense, reunimo-nos na casa do Maggi, um dos nossos laterais direito. Passamos a tarde jogando e eu havia levado meus dois times: Vasco da Gama e Corinthians. Ao final dos nossos jogos, resolvemos dar uma volta pelo centro da cidade. Para não carregar a caixa, deixei-a na casa do Maggi. Naquela noite a casa se incendiou e meus dois times viraram cinzas.
Resolvi que iria refazer meus esquadrões, mas dessa vez com outro nome. Escolhi o time de minha preferência na cidade: G. E. Flamengo. Fui comprando os botões de diversos botonistas, ganhando de outros alguns craques, pois haviam parado de praticar. Lembro ainda que o Raul Stalivieri, meu colega de curso de contabilidade do Carmo, presenteou-me com um botão preto, logo batizado de Vitor, em homenagem ao centro avante do Flamengo e, depois, do Grêmio. E quantas alegrias o Vitor me presenteou quando, em 1963, começamos a jogar organizadamente em campeonatos.
Pois foi o Vitor, junto com Fredolino, Danga e Cinza, Remi, Sinval e Ghizoni, Tim, Zizinho, Vitor, Sady e Lady, com os reservas Bruxo e Torres que me fizeram levantar o primeiro e o segundo troféus, ganhos no ano de 1963. O primeiro como campeão do certame da AABB, e o segundo sendo o terceiro lugar no Campeonato Caxiense. Foram os dois primeiros a embelezarem uma prateleira em minha casa. E eram minúsculos, pois o de campeão mede onze centímetros de altura, e o de terceiro lugar, nove centímetros apenas. Mas, com que alegria eu os mostrava aos amigos que me visitavam, pois foram angariados em uma competição com mais de uma dezena de adversários em cada uma delas.
Depois desses, em todas as competições realizadas, os troféus foram aparecendo, cada vez melhores e maiores. Mas o valor sentimental deles é inigualável. Quantos botonistas atuais não somam a idade que esses dois primeiros troféus já atingiram.
A minha história começa em 1947, mas só em 1963 passa a ser mostrada definitivamente para as pessoas que admiram esse esporte.
Saliente-se que, naquela época, os únicos fabricantes de taças e medalhas eram a Metalúrgica Abramo Eberle e a Metalúrgica Triches. Geralmente, escolhíamos a segunda, pois os preços eram mais acessíveis às nossas parcas reservas e pela amizade que o pessoal que fazia o serviço de Banco tinha conosco. Sempre conseguíamos um bom desconto e, muitas vezes, um troféu de brinde que nos ajudava muito.
Quanta saudade desse meio século de tantas andanças e conquistas pelo mundo do futebol de mesa. Tenho certeza de que seria capaz de fazer tudo novamente, pois o resultado disso tudo é comprovado em cada competição a que assisto pessoalmente, ou na Internet, lendo ou vendo o esforço de alguns abnegados botonistas em enviar imagens. Por essa razão, leio todos os blogs que posso, pois sinto em cada um deles a continuidade daquilo que me moveu à realização  do que pude fazer em prol desse esporte que apaixona as pessoas.

Viva o futebol de mesa.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.
Sambaquy

domingo, 20 de janeiro de 2013

RUDY VIEIRA DO FUTMESA PARA O FUTSAL NACIONAL


Conheci o Rudy Vieira nos anos cinquenta, pois eu gostava de acompanhar os jogos do G. E. Flamengo, e ele sendo sobrinho do famoso Chicão, estava sempre no campo, ao lado de seus pais. Depois se formou em um curso pelo SENAI de Caxias e o quadro dos formandos ficou em exposição na vitrine de um famoso fotógrafo, na Avenida Júlio de Castilhos.
Não tinha conhecimento de que praticasse o futebol de mesa. Com surpresa, ao ser convidado pelo presidente do Vasco da Gama F. C., meu amigo Mário Ruaro De Meneghi, para colocar uma mesa na sede social, dando chances aos associados do clube praticar esse esporte que estava sendo introduzido na cidade, já na Regra Brasileira, encontro o Rudy aficionado pelo futebol de botão. Na época, Rudy era um vigoroso zagueiro da equipe tricampeã caxiense e vivia na sede que estava situada na Rua Moreira César.

No princípio, apresentei o futebol de mesa praticado com times padronizados, fabricados na Bahia, e o efeito foi instantâneo. Rudy era um dos mais entusiasmados. Seu time escolhido foi o BANGÚ, do Rio de Janeiro. O reduto do Vasco reúnia uma gama de excelentes botonistas, tais como Boby Ghizoni, Mario Ruaro, Nelson Ruaro, Aldemiro Ernesto Ulian, Nelson Prezzi, Jonas Rizzi, Augusto Peletti, Jorge Rezende e o próprio Rudy.
Bangu (Rudy) X Internacional (Puccinelli) jogo válido pelo caxiense de 1971
De 1967 até o ano de 1971, participou de todos os campeonatos realizados no Vasco e também caxienses. Mas, a sua participação mais importante foi quando fez parte da equipe que representou o Rio Grande do Sul no segundo campeonato brasileiro da modalidade, realizado em Recife.
Gaúchos em Recife 1971 -  Sambaquy e Marcos (de pé). Walmor, Ruaro e Rudy (Sentados)
Sempre foi um profundo conhecedor do futebol e por essa razão tinha facilidade em assimilar o futebol de mesa, fazendo grandes jogos contra todos os adversários.

Foi então que apareceu o futebol de salão em sua vida e o futebol de mesa perdeu espaço.
Iniciou praticando-o para depois tornar-se dirigente, passando pelo próprio Vasco, Enxuta, Carlos Barbosa (onde se encontra desde 1988 até hoje) e Seleção Nacional.
Com a sua visão apurada, tornou-se um maravilhoso supervisor.  Na seleção nacional, com a mudança de treinador, a equipe foi modificada. Mas, Rudy jamais se afastou do futebol de salão e continuou na imbatível equipe de Carlos Barbosa.
Ao tomar conhecimento de que a nova comissão técnica da seleção brasileira será anunciada no próximo dia 29, agora sob o comando de Nei Pereira que treinou uma das primeiras formações da Enxuta, de Caxias, na década de 1980. Com isso, a supervisão voltará a ser ocupada pelo Rudy Vieira, cuja competência sempre foi marco determinante para o sucesso de nossas conquistas.
Rudy - Da ACBF de volta para a Seleção de Futsal
O futebol de mesa deve orgulhar-se de saber que, no esporte inventado em nosso país, um botonista que marcou época nas mesas caxienses e brasileiras estará brilhando e, quem sabe, divulgando o nosso esporte favorito, pois, se aparecer frente à televisão e mostrar um de seus craques banguenses, farão despertar o desejo de muitos botonistas de retornarem às mesas.
Desejamos sucesso ao Rudy, um irmão que prezamos e admiramos pela sua garra e inteligência. Que possamos comemorar juntos mais algumas conquistas desse esporte que agita os corações de todos os brasileiros. O futsal e o futmesa fazem a diferença, pois nos transformam em vencedores  sempre.
Boa sorte, meu irmão Rudy, e que em alguma promoção da AFM Caxias, possas estar presente, para abrilhantar as disputas e entrelaçar a alegria de sermos brasileiros.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

OS HOMENS DE LIVRAMENTO

Quando da realização do XXIX Centro Sul, na cidade de Caxias do Sul, conversando com o amigo Careca, de Florianópolis, foi-me solicitado que escrevesse sobre a trajetória de DIRNEI BOTTINO CUSTÓDIO. Na ocasião, expliquei que todos os documentos coletados por mim, haviam sido encadernados, estando sob a custódia da AFM Caxias. Portanto, faltar-me-iam argumentos para relatar as poucas vezes que estivemos juntos, pois nosso conhecimento se deu após a minha fixação em Santa Catarina. Aqui, na cidade de Brusque, onde realizamos o primeiro Centro Sul, estivemos juntos. Foi ele o campeão desse primeiro Torneio, escrevendo seu nome com letras de ouro na relação dos campeões. Lembro ainda de que, ao ser entrevistado por um radialista esportivo do local, o qual, acariciando a sua enorme barriga, afirmou em alto e bom som: Para vencer no futebol de mesa não é necessário estar em forma física.
Lembro-me de ter estado, quando presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, como convidado em Porto Alegre, no campeonato Estadual de 1980. Lá conversamos muito com o Custódio, mas, depois disso, nunca mais nos encontramos.
O amigo Sérgio Oliveira, que esteve presente nessa conversa com o Careca, há algum tempo me enviou uma nota, afirmando que o pessoal de Livramento estava retornando à atividade e, dentro de pouco tempo, estariam disputando os certames promovidos pela nossa Federação. Aliado a essa notícia alegre, vejo, no Blog do Guido, o COMPLEXO J. OLIVEIRA FUTEBOL DE MESA. Aos amigos do Futebol de Mesa... Santana do Livramento. Rio Grande do Sul, Brasil e Mundo afora, onde o colorado Oliveira coloca Livramento em contato com o mundo inteiro.
Isso fez com que eu voltasse a julho de 2010 e procurasse no site do S. C. Internacional, uma notícia que chamou a minha atenção, na época. Reproduzo-a na íntegra:


Torcedor apresenta o futebol de mesa do Inter.
Por Marcos Bertoncello (texto) e Alexandre Lops (foto), diretamente e Rivera, no Uruguai.
Richard Oliveira é o nome dele, mais conhecido como “Bolita”. Este torcedor do Internacional é um jogador profissional de futebol de mesa (ou de botão, popularmente falando). Oliveira esteve no hotel da concentração colorada, na manhã deste domingo, para mostrar seu acervo de times de botões do clube. Destacou com muita emoção a equipe de 2006, campeã da Copa Libertadores da América. Cada peça, personalizada por ele mesmo, continha o nome e a foto do ídolo. Sobre jogadores, o fanatismo ficou voltado a Clemer e Fernandão.
Coincidência ou não, logo depois de comentar isso, Clemer apareceu na sala de estar do hotel. O preparador de goleiros do Inter posou para fotos com o fã e conheceu toda a sua história. “É uma realização para eu falar com um cara como o Clemer que me trouxe tantas felicidades”, reconheceu Richard Oliveira.
Morador de Santana do Livramento, o “Bolita” é formado em engenharia civil e joga futebol de mesa desde os nove anos. Todos os sábados, o seu pessoal se reúne para organizar um campeonato de botão.
Ao meu amigo Careca, fico devendo algo mais consistente sobre essa figura mágica do Dirnei Custódio, mas, para isso, necessito que me seja repassado um histórico onde possa definir conquistas, realizações, atividades desenvolvidas, pois não posso basear-me em nossos poucos encontros, a fim de enaltecer os feitos memoráveis desse pioneiro batalhador que tanto fez pelo nosso esporte.
Por hoje, ilustro a coluna com a foto do Richard Oliveira, com o seu ídolo Clemer e seus maravilhosos craques colorados.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ROBERTO CAGLIARI GRAZZIOTIN E SEU PRADENSE F. C.


Até mesmo o Alex Degani deve ter um adversário que engrossa o caldo contra ele. Pois bem, o meu sempre foi o Roberto Grazziotin. Iniciamos juntos no ano de 1963, disputando os campeonatos Bancário, Caxiense e da AABB. Ao todo, jogamos “oficialmente” dezessete vezes. Na regra Gaúcha o predomínio sempre foi dele, mas na Brasileira deu-se o reverso da medalha. No computo geral tenho sete vitórias, quatro empates e seis derrotas.
Grazziotin Jovem
No primeiro campeonato bancário o Grazziotin não obteve classificação, mas no certame da AABB ele começou a mostrar as garras. Fui campeão com uma única derrota: 2 x 0 para o Pradense no primeiro turno. No segundo turno um empate em 1 x 1. No caxiense de 1963 ele não conseguiu classificação.
No ano seguinte (1964), o Grazziotin foi o 3º colocado no campeonato bancário, tendo me vencido por 2 x 1. Já no campeonato da AABB ficamos empatados ao término do campeonato, o que necessitou uma nova partida. Dessa vez a vitória foi minha por 3 x 1, e, com ela consegui o bi-campeonato da entidade. Grazziotin seria o vice campeão. No caxiense, nova vitória sobre o meu adversário, dessa vez por 2 x 0.
Em 1965, eu lutava pelo tri campeonato da AABB, mas, com quatro derrotas (Vasques, Calegari, Fabião e Grazziotin) tive de me contentar com o troféu de vice. Na ultima rodada, com o Grazziotin já campeão, joguei bastante e o venci por 4 x 1. Mas não adiantou muito, pois o troféu maior já  era sua propriedade. No bancário conseguimos ficar em quinto lugar, juntos. No caxiense ele não teve classificação.
No ano seguinte, ficou sem classificação no certame caxiense. Não conseguia ter bom desempenho quando jogava fora da AABB, por isso nunca se classificava bem nos certames da cidade. Também teve pífio desempenho no certame da AABB. Mesmo assim, nas quatro partidas realizadas em 1966, duas partidas pelo bancário e duas pela AABB. Uma vitória e uma derrota em cada certame.
No advento da Regra Brasileira, que foi adotada em 1967, jogamos em 26 de março e empatamos em 3 x 3.
Após a mudança do tipo de botões, da mesa maior, ele resolveu dedicar-se mais ao Aero Club de Caxias e ficou por algum tempo sem jogar. Voltou somente em maio de 1973, com o seu temível Pradense. Jogamos no dia 18, vitória do G. E. Flamengo por 1 x 0. No mês de junho, no dia 4, novo empate em 0 x 0. Voltamos a jogar em 10 de setembro, com nova vitória do tricolor caxiense, dessa feita por 2 x 0. Nosso ultimo jogo foi realizado em 24 de novembro de 1973, com novo empate em 0 x0.
Realmente o Grazziotin sempre foi um osso duro de roer. Defendia o seu Pradense, verde e branco de sua terra natal: Antonio Prado, com a fleuma de um verdadeiro filho daquele torrão gaúcho. A escalação de seu time sempre foi motivo de gozação, assim como o era o centro avante do Vasques, chamado de CARDEAL. O eterno gozador Vicente Sacco dizia que o Vasques dava banho de geléia real no centro avante, antes dos jogos.
Mas, a escalação do Pradense era a seguinte: ROSPO, POLENTA E OZELETTI, MINESTRON, IMBAMBIO E SALTA PLANTE, VIN DE CHIODO, FURBO, CUDEGHIN, FORMAIO GRATÁ E MAL DE PANSA, o que traduzido para o nosso idioma daria, mais ou menos o seguinte: SAPO, POLENTA E PASSARINHO, SOPÃO, ABOBADO E PULA PLANTA (Macaco), VINHO DO PREGO (que fechava o orifício da pipa, para fazer a prova), ESPERTO, EMBUTIDO DE PORCO (carne, pele, cabeça e temperos), QUEIJO RALADO E DOR DE BARRIGA.
Graziontin Atual
Acredito que essas lembranças serão eternizadas, pois foram muitas as ocasiões em que jogávamos brincando, e, assim solidificávamos a nossa amizade que veio dos bancos escolares. Grazziotin e eu estudamos juntos na Escola Normal Duque de Caxias, e terminamos nosso curso de 1954. Desde então, a cada comemoração organizada pelas meninas, nos encontramos e podemos recordar esses momentos felizes que passamos, num tempo muito mais seguro do que o atual. Apesar das dificuldades da época, pois tínhamos de comprar os troféus, ora na Metalúrgica Triches, ora na Metalúrgica Eberle (esses eram mais caros, apesar de serem mais bonitos), mandar gravar com o Helio Mambrini e passarmos alguns meses namorando-os, para conseguir guardar em nossas galerias. Não havia, naquele tempo, campeonatos disseminados como na atualidade. Mas, graças a Deus, os amigos são guardados até hoje em nosso coração. E Roberto foi um desses amigos que jamais se alterou em momento algum. Sempre foi calmo de dedicado, um perfeito cavalheiro.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.