segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

MENSAGEM DE FINAL DE ANO

Estamos chegando às últimas horas deste ano de 2013. Foi um ano bastante difícil de ser digerido. No futebol de mesa, as realizações foram bastante envolventes e a atuação do caxiense Daniel Maciel, à frente da Federação Gaúcha de Futebol de Mesa, determinou um ano proveitoso e feliz. Mostrou a sua capacidade e dinamismo na função. Desejamos que o Silvio Silveira continue esse trabalho grandioso, que é o de comandar o nosso esporte em âmbito regional.

Os campeonatos de associações findaram, com surpresas como a verificada em Caxias, onde o colorado Carraro deixou escapar, nas últimas rodadas, a honra de figurar entre os destacados campeões municipais. Coube ao fantástico Robson Bauer somar mais um campeonato em seu curriculum botonístico.
Um fato relevante foi o Gustavo Lima (o nosso Pica Pau) ter sucumbido e caído para a segunda divisão. Ele que já mostrou ao Brasil inteiro a sua força vencedora, fará companhia ao seu fiel escudeiro Hemerson e ao meu afilhado Rogério, disputando o segundo campeonato mais importante da AFM.
A cada ano podemos observar o crescimento do desempenho gaúcho na modalidade liso. Já estamos vencendo campeonatos e deixando os amigos nordestinos falando sozinhos. Ainda falta uma estabilidade maior, mas já estamos chegando ao nível deles.
Para mim, foi um ano frustrante no futebol de mesa. Consegui jogar 22 partidas, todas na Regra de 12 Toques, em Itajaí. Cinco jogos em janeiro, seis em fevereiro e nove em junho com um razoável aproveitamento. Depois de junho, nem ao menos consigo tempo para limpar os botões. Meus compromissos estão me abafando e impedindo de me dedicar ao futebol de mesa como desejaria.
Mas, não adianta ficar chorando diante do leite derramado. O negócio é limpar tudo e procurar modificar nossa vida para enfrentar o ano que se inicia.
Desejo que tenhamos um ano de paz, de muitas realizações, com uma saúde maravilhosa e que possamos, junto com a alegria do futebol de mesa, somar alegrias com os nossos times preferidos, pois em 2013 os jogos foram terríveis, de dar raiva ver tanta nulidade junta. E esses craques famosos, nomes consagrados, recebendo fortunas mensais não corresponderam à expectativa depositada. Times compraram nomes de ex-jogadores em atividade para comporem um quadro que seria imbatível no papel, mas que no campo se mostraram incapazes de dar alegrias à torcida.
Para finalizar o Campeonato Brasileiro de futebol, as decisões ficaram por conta do tribunal. Saudade do tempo em que tudo era resolvido no campo de jogo. Que esse exemplo nunca chegue ao futebol de mesa, pois então estaremos fadados ao fim de tudo.

Em Caxias, vimos o ressurgimento do Juventude subindo para a categoria acima, encostando na S.E.R. Caxias e estando juntos, lutando para galgarem a série “B” do Brasileiro. Que o exemplo da Chapecoense sirva de modelo. Saíram da série D para a C e dessa para a B em três anos e estão debutando na série A em 2014. Foi a união de uma região do estado de Santa Catarina em torno de um ideal. Pelo menos, em 2014, estarão recebendo em sua casa os maiores times brasileiros, dando essa alegria aos seus torcedores.
Bem, meus amigos, que 2014 seja o grande ano na vida de cada um de nós, esperando que continuemos a nos encontrar nas segundas feiras, aqui, nesse espaço gentilmente cedido pela AFM Caxias do Sul, entidade que estará completando 49 anos de existência em 9 de junho de 2014.


Até a semana que vem, a primeira de 2014, se Deus permitir.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA HISTÓRICA DO PRIMEIRO CAMPEONATO BRASILEIRO, NÃO REALIZADO

Meus amigos, a dois dias do Natal, época em que sempre recordo de fatos acontecidos em minha vida, lembrando do pinheiro que meus pais armavam em casa, sempre ornamentado com um presépio maravilhoso; tudo isso faz com que eu procure sempre coisas que me transportem ao passado. E entre essas coisas, certamente, o futebol de mesa.
Estive, em minhas caminhadas pela orla marítima, dando tratos aos meus pensamentos, imaginando sobre o que poderia falar nessa penúltima coluna do ano de 2013. Foi então que uma luz brilhou em minha memória. Falar sobre o possível primeiro campeonato brasileiro de futebol de mesa que deveria ter sido realizado no país. Procurei entre os meus escritos e fiquei deslumbrado com a ideia de contar para todos o que pensava o presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa.
A pioneira Federação de nosso esporte foi fundada em 9 de agosto de 1961, com o apoio da ACM, AABB e Clube Juvenil da Amizade. Após essa intrépida atitude, que coordenava os botonistas do Rio Grande do Sul, seu presidente e fundador Lenine Macedo de Souza viajou a São Paulo, com a companhia de Milton Mendonça, campeão do primeiro campeonato interno de clubes e representante da AABB, com a finalidade de ajudar a fundar a Federação Paulista de Futebol de Mesa. Entrando em contato com a Associação Cristã de Moços de São Paulo, AABB e Grêmio Esportivo Ultragaz, conseguiu ajudar na sua fundação em 21 de outubro de 1962, na sede da ACM, Rua Nestor Pestana, 147. Isso foi documentado no jornal Diário da Noite em 6 de novembro de 1962. Em seguida, rumaram para Belo Horizonte e o Diário da Tarde, de Belo Horizonte, em 3 de novembro de 1962, publicava “Será fundada hoje a Federação Mineira de Futebol de Mesa”. Afirmava, no corpo da reportagem, que no Brasil existem, em pleno funcionamento, as entidades no Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná, enquanto os mesistas de Santa Catarina e da Guanabara cuidam de seus primeiros passos para a criação de suas Federações. Na capital mineira, inúmeros desportistas já pensavam, com seriedade, em dar estrutura e regulamento próprio às disputas e aproveitaram a oportunidade da presença do Sr. Lenine Macedo de Souza, presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa para marcarem a assembléia geral de fundação. A solenidade será realizada hoje, às 20 horas na sede social do Cruzeiro, para a qual estão sendo convidados todos os interessados na prática do futebol de mesa. Para a presidência da nova entidade foi ventilado o nome do jornalista Cleto Filho, que por motivos particulares declinou, indicando o advogado Luiz Carlos Rodrigues, o qual foi eleito o presidente da novel Federação.
Após essas viagens, feitas por conta própria, o sonho de nosso amigo Lenine era a realização de um campeonato brasileiro em sua cidade: Porto Alegre. As datas escolhidas foram os dias 15 e 16 de dezembro de 1962. Os convites foram feitos e o campeonato seria realizado na Regra Gaúcha.
Lenine viajou a Caxias do Sul no dia 3 de dezembro, para se reunir com o Dr. Claudio Eberle, presidente da Fundação Abramo Eberle, com vista ao patrocínio dessa primeira grande iniciativa. O representante da Metalúrgica Abramo Eberle, além do patrocínio, ofertou vinte taças e vinte medalhas para serem distribuídas entre os vencedores.
O local para essa disputa, em âmbito nacional, foi a sede do Aeroclube do Rio Grande do Sul, Avenida Borges de Medeiros, 901, com início às 14 horas. O campeonato seria disputado em duas categorias. Primeira categoria, representada por Lenine Macedo Souza (Cantegril) e segunda categoria, pelos botonistas: Celso Plentz (G.E. Wallig), Jorge Hallal (Estrela Vermelha – Rio Grande) e Caira Casapicola (Gaúcho). Haveria também a disputa feminina com a dupla Zaira Casapicola e Lenita Souza.
Mas, como a disputa seria realizada na Regra Gaúcha, nem paulistas, nem mineiros apareceram por lá. Ambos sempre jogaram com bolinhas esféricas e não aprovaram a bolinha em formato de disquinho.
A Folha Esportiva, de dezembro de 1962 publicou: Gaúchos sozinhos no Brasileiro de Futebol de Mesa, explicando a ausência das Federações convidadas. Por essa razão a Federação Riograndense proclamou os diversos botonistas gaúchos campeões por W.O., em virtude do não comparecimento de seus adversários, destinando aos mesmos os troféus e medalhas que foram ofertados pela Metalúrgica Abramo Eberle S. A. Em nota, na mesma reportagem, a FRFM convocou, por intermédio do jornal, os representantes do interior, para que pudessem comparecer novamente na Capital, no dia 16, a fim de receberem os títulos de campeões brasileiros e disputarem, durante a tarde, o torneio de despedida do ano de 1962.

A ideia de promover o campeonato brasileiro era antiga. Mas, a tentativa de impor a Regra Gaúcha aos demais Estados da União não colou, pois só no nordeste brasileiro havia grupos que jogavam com disquinhos. Os demais jogavam com bolinhas esféricas, o que dificultava a adesão. Para conseguirmos realizar o primeiro Campeonato Brasileiro foi necessária a criação da Regra Brasileira, que juntou muito da Regra Gaúcha com a Regra Baiana, e foi aceita por grande parte de botonistas brasileiros.
Oito anos se passaram, desde a tentativa sem sucesso de Lenine Macedo de Souza até que se concretizasse esse sonho, em 1970, na Bahia. Já, na Regra de 3 Toques, o campeonato brasileiro teve início em 1981, em Brasília. Na Regra de 12 Toques, em 1989, em São Paulo. Portanto, estamos ligados de maneira muito evidente ao sonho de reunir botonistas de vários Estados em um campeonato que apontasse o Campeão do Brasil.
Essa coluna é uma homenagem aos pioneiros que tanto fizeram pelo futebol de mesa, difundindo-o através de jornais que são documentos extraordinários para a história do Futebol de Mesa brasileiro.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

UM CAMPEONATO DIFERENTE, IMAGINÁRIO, IRREAL

Ao coletar fotos sobre o nosso esporte, deparei-me com inúmeras, de jogadores atuais e ex-craques de futebol que encantaram nossos ideais de torcedores. E, em todas elas, esses mesmos craques estavam praticando o nosso esporte, nas mais diversas regras.
Imaginem, meus amigos, reuni-los em um grande campeonato, com afluência do povo em geral. Seria um sucesso absoluto e mostraria de forma definitiva nosso esporte aos holofotes mundiais.
Tenho conhecimento de que na Regra Brasileira, Bebeto, como bom baiano é um craque e possui uma mesa de jacarandá em sua casa. Quem me segredou foi o amigo Wanner, que postou fotos ao lado do ídolo, em frente a uma mesa de botões. Dirceu Lopes que atuava ao lado de Tostão no admirável Cruzeiro, de Belo Horizonte, foi apresentado à Regra Brasileira em Salvador.
Nas regras de 3 e 12 toques, com bolinhas esféricas, encontraremos uma quantidade maior de ex e atuais futebolistas. Magrão, goleiro do Sport, Caça Ratos, atacante do Santa Cruz, Roberto Dinamite, o falecido Magrão Sócrates, Grafite, Ademir da Guia, Pelé e Oscar, o “Mão Santa” do basquete brasileiro. Na Regra Toque Toque ou Leva Leva o zagueiro do Inter, Juan e o falecido Armando Nogueira.

Além deles, craques de futebol, há os grandes nomes da Televisão e Cinema Nacional. Reunindo Chico Buarque, Rodrigo Santoro, Osmar Prado, Claudio Cavalcanti, Willian Bonner aos falecidos Chico Anísio, Vinicius de Moraes, Geraldo Décourt, conseguiríamos monopolizar e lotar uma grande arena com fãs, ávidos para torcerem por seus preferidos.

Isso seria impossível de realizar. A diversidade de maneiras na prática do esporte, datas a serem conciliadas e compromissos assumidos não permitiriam essa reunião fabulosa. Além de que, muitos já estão falecidos. Jogaram e muito enquanto estavam entre nós.
Resta-nos imaginar um campeonato assim. Sei que foi realizado um campeonato entre os atores e cantores da Rede Globo, havendo até uma reportagem publicada pela Revista Manchete, ilustrada com fotografias de Claudio Marzo, jogando contra Claudio Cavalcanti. Outros artistas também foram fotografados, praticando o futebol de mesa, sempre com a bolinha de feltro.
O pessoal do Atlântico Sul/Marcílio Dias, de Itajaí, formulou um convite a “Mão Santa”, Oscar, para participar de um torneio de verão, mas recebeu uma resposta negativa, devido aos compromissos já assumidos por ele. Seria uma celebridade que faria com que o torneio obtivesse uma cobertura da imprensa catarinense, tanto escrita, quanto falada e televisada. Afinal, estaria entre eles uma celebridade nacional que tantas alegrias já dera nas quadras esportivas.
Há pouco tempo, houve um episódio da série “A Grande Família” em que apareceu um campeonato de botão. Com o uniforme do C. R. Flamengo ganhava de todos os adversários e valia a despesa no bar onde jogavam. Até que apareceu um adversário à altura que poderia vencê-lo. Foi hilário, pois esse adversário conversava com seus botões e o principal deles, “Rivelino”, era infalível. Marcado o encontro, ele dando um trato em seus craques, a esposa entra em seu escritório, na Loja que possuem e discutem. Ela, no auge da discussão, joga seus botões no chão. Ele os junta, mas o “Rivelino” desaparece. Perder o “Rivelino” foi um golpe e ele vai jogar e perde. Só que haviam apostado alto e a Loja de sua propriedade estava na aposta. Perde o jogo e a Loja.
Consegue uma revanche, no intuito de reaver a Loja, mas já não contava com o “Rivelino” em sua caixa de botões. A esposa e as funcionárias da Loja estavam desesperadas, pois a Loja fora perdida e, com certeza, elas estariam sem emprego. Então, uma delas olha no chão e lá está deitado o famoso botão perdido. Apanham-no e as três saem correndo até o bar, onde seria realizado o famoso jogo, levando o trunfo que faria as coisas retornarem aos seus lugares. O engraçado é que, ao receber o “Rivelino” das mãos de sua esposa, ele vê, por trás de todos os assistentes e seu adversário, o próprio Rivelino (imaginário) em carne e osso, transmitindo-lhe confiança. Ele, com tudo isso, acaba trucidando seu adversário e recupera a Loja.
E eu assisti a esse espetáculo por ter sido chamado por minha esposa que, ao ver a chamada para o capítulo, com a mesa de botões na frente do bar, pediu-me para eu ir para a sala. Sinal que o futebol de mesa está instalado em minha família há muito tempo.

Acredito que seria maravilhoso realizar esse tipo de campeonato, mas a impossibilidade é muito maior de reunir essas pessoas que são celebridades e que praticam o futebol de mesa por distração.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

UMA JUSTA HOMENAGEM A UM LÍDER

No dia sete de dezembro, se estivesse entre nós, Vanderlei Duarte estaria comemorando mais um aniversário. Talvez nenhum de vocês tenha lembrado esse dia, em que seria comemorado mais um ano de vida desse baluarte do futebol de mesa caxiense. Baluarte, pois soube segurar nas mãos os destinos de nosso esporte nos anos difíceis em que lutávamos para reunir disputantes em volta das mesas. O futebol de mesa nunca perdera o seu valor, mas, seus disputantes encontravam outras atividades e se esqueciam de prestigiar o esporte dos técnicos. Mas, a perseverança do Vanderlei predominou, lutando diariamente para encontrar botonistas, convidava a todos a voltarem a praticar.
Tentou de todas as maneiras até conseguir um grupo, na Rua Garibaldi, numa sede alugada e sob sua responsabilidade.  Nela, fui recebido e joguei contra o fabuloso Casara, um clássico caxiense jamais praticado – G. E. Flamengo x S. E. R. Caxias do Sul. Foi lá, também, que o Vanderlei me chamou a um canto e disse: - Vais conhecer um guri que fará muito pelo futebol de mesa. Ele está começando e vai chegar daqui a pouco. – Quero que jogues com ele, pois já te considera  um ídolo. O dia foi 21 de janeiro de 2004. Pouco depois chegava Daniel Alves Maciel, um cara grandão e que foi logo colocando o time na mesa. Jogamos e, naquela época, ainda podia fazer-lhe frente,  já que ele estava apenas iniciando. O Vanderlei era assim, sabia reconhecer um diamante antes de ser lapidado.
Vanderlei Duarte (d) e Daniel Maciel (e)
Depois disso, com um grupo já consolidado, transferiu-se com armas e bagagens para a Rua Hércules Galló, 570, bem pertinho do estádio do E. C. Juventude. Responsabilizava-se pelo aluguel, o qual, muitas vezes era pago com seu dinheiro, até que o caixa do clube o ressarcisse financeiramente. Além disso, fabricava as mesas com uma perfeição de dar inveja aos nordestinos. E colocava nomes nas mesmas. Havia mesas com nomes de Silvio Puccinelli, Ângelo Slomp, Almir Manfredini, Luiz Ernesto Pizzamiglio, Deodatto Maggi e Adauto Celso Sambaquy.
Mas, nosso amigo tinha um gênio terrível. Teimoso, genioso, vingativo, não perdoava aquilo que considerava errado, apesar de não ter a flexibilidade de reconhecer que muitas vezes errava também. E não eram poucas as vezes que isso ocorria. Conseguia reunir muitos adeptos, mas perdeu grandes nomes, em razão de atitudes impensadas. Uma delas, que lamento até hoje, foi o afastamento do Airton Dalla Rosa, o mais elegante jogador de futebol de mesa que já vi atuar. Pois, num campeonato, ainda na Rua Garibaldi, as disputas chegando à reta final e eis que o Vanderlei muda as regras do jogo. Isso viria em prejuízo do Airton, que não aceitou as mudanças feitas quase no final da competição e a abandonou, como deixou o futebol de mesa definitivamente. Perdemos o nosso primeiro Campeão Estadual.
Sua personalidade forte batia de frente com inúmeros botonistas. A situação foi ficando cada vez mais difícil, e a garotada que estava com vontade de assumir cargos mais elevados na Associação, resolveu peitar o grande chefão. A derrota foi eminente, e desgostoso com o que ele considerava uma traição, afastou-se, filiando-se à AABB, junto com o seu amigo Enio Durante;  já que não teve mais forças para lutar, pois perdera a sua própria razão de viver, sem a menina de seus olhos. Isolou-se de tudo e de todos. E o seu isolamento foi fatal.
Muitas vezes entrava em contato comigo via celular. Queixava-se e eu sempre procurava mostrar-lhe que os tempos haviam mudado e que ele se dedicasse a jogar e deixar que a garotada gerisse o futebol de mesa. Mas, ele se considerava o pai daquilo tudo. Não queria perder o pátrio poder sobre os acontecimentos e não admitia que se promovessem competições sem a sua autorização. Tentei, muitas vezes, sem sucesso, convencê-lo de que deixasse acontecer as coisas, pois havendo erro, os meninos é que quebrariam a cara. No entanto, ele não aceitava passivamente minhas palavras. Dizia que sim, mas, depois, por intermédio de outros associados, eu ficava sabendo que ele fizera completamente o contrário.
E isso foi fatal para ele. Entregou-se completamente. A última vez em que estivemos juntos foi nas festividades dos 45 anos da AFM Caxias do Sul, quando, usando da palavra enalteci os esforços despendidos para que se chegasse àquela comemoração, salientando as figuras dele e do Airton. No final de minhas palavras, os dois me abraçaram e choramos copiosamente, como três crianças que perderam seus brinquedos. Talvez, Deus quisesse dizer-me que seria a última vez que estaria com ele nesse plano.
Na festa dos 45 a emoção era visível em seu rosto
Vanderlei teve suas virtudes e a maior delas se chama AFM Caxias do Sul e teve, também, seus pecados, pois partiu sem deixar saudade a muitos botonistas. Mesmo assim, deve-se fazer justiça ao grande valor desse homem que lutou e conseguiu reanimar o futebol de mesa caxiense, tal qual uma fênix ressurge das cinzas. Deve-se a ele a construção daquela pujante organização, a qual enaltece  a cidade de Caxias do Sul nos mais longínquos recantos de nosso país. Vanderlei Duarte deveria ser lembrado pelas suas grandes obras, pois todos nós lhe devemos muito. Que no próximo dia sete de dezembro nos lembremos de enviar uma oração por sua alma, a qual será captada onde ele estiver. E, quem sabe, com o seu jeitão característico diga: Desse aí eu não quero nada. O Vanderlei era assim mesmo. Mas, um dia nos encontraremos novamente e, quem sabe, tudo o que ficou mal resolvido possa ser esclarecido.
No 1º Estadual Vanderlei é homenageado pela FGFM e vai as lágrimas 

Até a semana que vem, se Deus permitir.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

NEM TUDO SÃO FLORES

Os elogios ao 40º Campeonato Brasileiro do Futebol de Mesa mostram a grandiosidade que os amigos paranaenses, capitaneados pelos dirigentes da CBFM, conseguiram na organização e escolha do local. Realmente, segundo os relatos foi algo maravilhoso. Elogios surgiram dos quatro cantos do país. Parabéns a todos.
Mas, mais uma vez foi demonstrado o descaso com a continuidade de nosso esporte. Grande afluência nas competições máster, sênior e especial. A quantidade de valorosos botonistas a disputarem com afinco e denodo os troféus maiores foi considerável.
A categoria máster, destinada aos mais idosos, àqueles que estão há mais tempo vinculados ao nosso esporte reuniu baluartes, que estão fazendo a alegria de suas Associações Esportivas. A categoria sênior mostra uma gama de botonistas fabulosos que, em alguns anos, estarão na última categoria, dando lugar aos especiais que são a grande e esmagadora maioria. E são feras que surgem a cada ano, lutando bravamente para alcançarem o lugar maior na hora da premiação.
Esse ano, pela primeira vez, é laureado um filho de um antigo campeão brasileiro. E esse será o tema dessa coluna que estou escrevendo. Não louvarei o Flávio Lisa, pois melhor do que eu, todos os meus leitores sabem de seu valor. Vários foram os que escreveram enaltecendo as suas qualidades. Vou falar da importância que o meu querido e saudoso amigo Átila teve, ensinando pacientemente aos seus filhos. Hoje, são eles que estão representando o querido estado de Sergipe nas mesas brasileiras.
E quantos de nós estamos fazendo algo parecido?
Ao que eu saiba, as agremiações preocupam-se com os seus campeonatos e esquecem de que envelhecemos. Com os anos, não teremos mais a força e a vontade de estar praticando o esporte que tanto amamos, esquecendo-nos de promovê-lo entre os jovens. Deixamos de chamar nossos filhos, nossos netos para nos acompanharem nas mesas e disputarem campeonatos em sua faixa de idade, incentivando-os a continuarem aquilo que iniciamos. Leio vários blogs de futebol de mesa e as notícias são sobre a categoria especial, nunca ou quase nunca falam sobre a nova geração.
Ressalte-se o esforço do pessoal de Caxias do Sul. Desde o primeiro Campeonato, em 1970, quando cinco gaúchos representaram o estado na linda Salvador. Pois três deles eram meninos de 14/15 anos de idade. Sempre promoveram campeonatos infantis, juvenis e adultos. O resultado disso tudo está nas pessoas de Daniel Pizzamiglio, Alexandre e Rogério Prezzi que continuam a caminhada de seus pais Luiz Ernesto e Nelson. Lembro ainda que, na época em que os jogos eram realizados no Recreio da Juventude, uma das mesas tinha cavaletes menores, pois, nela, os pequenos realizavam o seu campeonato. E, agora, começando com Ednei Torresini e continuando com essa plêiade de botonistas caxienses, em cada competição nacional estamos apresentando um grupo de meninos que vestem a camisa da AFM Caxias do Sul e da Federação Gaúcha.
Mesa com cavaletes menores da turma do Recreio da Juventude
A AFM Caxias cria para crianças carentes o projeto em 2006, projeto que ate hoje é seguido

A 1ª turma do Departamento jovem teve comoando de Enio Durante, que coom sua saída para a AABB Caxias levou os meninos. a Maior conquista foi o Brasileiro de Recife (2011) com Mateus Cruz

2ª turma Edinei Torresine e Rodrigo Guterres recebem uma nova turma e desta surgem dois grandes botonistas
Hemerson Leite e o Fenômeno Pica-Pau (bicampeão brasileiro)
Qual a razão que impede as demais agremiações de carregarem os moleques que, por ventura, jogam em suas mesas? Sei que, em várias delas, há garotos que gostariam de estar em eventos dessa grandeza. Por que os dirigentes dessas agremiações não assumem o compromisso de carregá-los consigo? A responsabilidade  sei bem, é muito grande. Mas, pensem na continuidade de nosso esporte, pensem que algum dia vocês pararão e não irão querer ver o esporte que tanto amamos desaparecer?
Ressaltei os elogios às disputas nas três categorias: máster, sênior e especial, mas acredito que a júnior  é praticamente ignorada. Quantos meninos poderiam estar lá, jogando e aprendendo com os mais antigos e não conseguiram. Até o estado promotor não colocou um único menino para disputar. Por que, quando as disputas são em centros maiores, como Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, a molecada aparece em grande número? Perguntas que certamente encontrarão respostas, mas que, com certeza, não convencerão quem quer ver a continuidade de nosso esporte, seu crescimento e sua aceitação internacional.
Lamento, pois quem disputar a categoria júnior de futebol de mesa, pensando no encontro dos amigos conseguidos em participações em outros centros, acabará frustrado. E, com isso, o desânimo pode atrapalhar aquele que quer crescer no esporte.
Pensem nisso quando forem promover novas competições. Os moleques merecem o incentivo de todos nós e, queiram ou não, serão eles o futuro de nosso esporte.
As coisas nunca foram fáceis, não serão doravante, mas são possíveis de serem realizadas. Portanto, reflitam nisso e, com carinho e organização, promovam a garotada. Garanto que todos sairão felizes com o resultado.
Pódio do Estadual 2013 (da esq para dir.) - Pica-Pau (campeão), Hemersom, Weiss  e Yago

Pódio do Brasileiro 2013 (da esq para dir) - Weiss, Douglas (SC), Hemerson  e Pica-Pau (Campeão)


Até a semana que vem, se Deus permitir.