domingo, 25 de novembro de 2012

DOIS DIAS PARA NUNCA ESQUECER


Como eu já havia dito a todos, a minha intenção em comparecer ao 39º Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa, que seria realizado no Hotel Sol Barra, era no sentido de me despedir das disputas oficiais. E assim foi, pois não reúno mais condições para estar correndo ao redor de uma mesa, pensando, calculando e praticando o esporte em que conquistei tantas amizades.
Fiquei numa chave com grandes botonistas: Jair, da Bahia, Gil de Alagoas e Carlos Alberto de Pernambuco. Foi uma despedida melancólica, pois sem treinar não poderia aspirar à coisa melhor. Além disso, fui árbitro de um jogo.
No primeiro dia, com o ar condicionado refrigerando o ambiente foi uma maravilha. Só que houve condensação e isso provocou o acúmulo e, aos poucos, os pingos foram atrapalhando as partidas. A solução foi desligar o ar condicionado, e a sala, cheia de gente, acabou sufocando os mais “antigos”.
Participei da filmagem que está sendo elaborada, no sentido de deixar para a posteridade a história de nossa Regra Brasileira. Com isso, na manhã do dia 16 fiquei confinado em uma das salas do hotel, com uma equipe de filmagem, dando depoimentos sobre tudo o que eu vivi em minha passagem pelo futebol de mesa. Na parte da tarde, joguei a minha primeira partida, ficando livre para levar a minha esposa ao Shopping Salvador. Maravilhoso ambiente, numa construção monumental.
No dia seguinte, sábado, dia 17, estava escalado para apitar um jogo. Logo em seguida, outro, contra o alagoano Gil e, posteriormente, enfrentaria o pernambucano C. Alberto. Não aguentei tanto calor dentro de um ambiente fechado.
Pensava que, após a minha eliminação, estaria livre; ledo engano. O pessoal da filmagem já havia tratado com o Presidente Robson Marfa e o presidente da Federação Baiana, o prestativo Tosta na liberação dos três remanescentes da criação da Regra, presentes ao evento. Conseguiram com que Oldemar Seixas e Roberto Dartanhã, comigo, fôssemos  filmados no Passeio Público, um local tradicional de Salvador, cercado de árvores. E das treze às dezessete horas, ficamos dando depoimentos, narrando momentos inesquecíveis que geraram o esporte que quase duzentos botonistas continuavam a praticar no Hotel Sol Barra.
Seixas - Sambaquy - Dartanhã (sentados) junto com o pessoal da filmagem
Com isso, meu compromisso com o Dr. Reinaldo Machado teve de ser transferido para o domingo. Bem cedo, o Dr. Reinaldo, sua esposa Sonia e a filha Scheila nos apanharam, na Barra, para um passeio ao litoral norte da Bahia. Percorremos toda a orla baiana, com suas lindas praias, onde revi lugares maravilhosos, como Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Jardim dos Namorados, Jardim de Alá, Pituaçú, Itapuã e a Lagoa do Abaeté.
A seguir, atravessamos Lauro de Freitas, município ligado a Salvador e entramos na Linha Verde. Maravilhosa obra divina, na qual a mata atlântica dá um colorido especial a um céu azul deslumbrante.
Nossa primeira parada foi em Guarajuba  - no Bar do Carlinhos - onde degustamos castanhas de caju de diversos sabores, com e sem pimenta, com alho e óleo e até adocicada. As mulheres com água de coco gelada e nós saboreando uma cerveja estupidamente gelada.
Nosso próximo destino foi a Praia do Forte, onde visitamos a sede do PROJETO TAMAR. Depois dessa visita, um almoço maravilhoso à base de peixe com legumes, bolinhos de frutos do mar e mais cervejas geladas. Fotos e compras eram feitas em cada parada. A Janete, com uma bolsa enorme, ia armazenando o que adquiria, sempre pensando nos netos.
Almoço no domingo no Projeto TAMAR
Como se aproximava a hora do jogo do Bahia contra a Ponte Preta, rumamos ao nosso destino – a Costa dos Coqueiros – Imbassaí. Descrever com palavras é quase impossível, pois é um pedaço do Paraíso fixado em solo baiano. No Condomínio Residencial Imbassaí, o Dr. Reinaldo tem o seu apartamento com direito a um ramal da SKY, onde pudemos acompanhar a grade de jogos do Campeonato Brasileiro. Os apartamentos dispõem de uma varanda que acaba em uma piscina maravilhosa, sem contar que a rede está sempre à disposição para um relax.
Apartamento Imbassaí
Assistimos ao jogo e, com a vitória do Bahia, combinamos o jantar para logo mais. Dr. Reinaldo e sua família aproveitaram para seu banho refrescante, e Janete e eu fomos para nosso apartamento, vizinho ao deles, com a mesma finalidade.
O jantar foi algo só visto em cinema. O restaurante é de propriedade de um espanhol e seu nome é Três Marias. O tratamento é diferenciado. Bolinhos de frutos do mar, tortilha e a paella espanhola que nos maravilharam. Quantas novidades  experimentamos nesse dia. O ar que respiramos era perfumado pelo verde da mata e o frescor que vinha do mar, aliados a um silêncio maravilhoso, bem diferente do bairro da Barra onde estávamos hospedados.
Dormir foi repousante e tranquilo. Lembro que tentei assistir ao Fantástico e acordei com a Janete tirando meus óculos, pois i dormiria com eles, caso ela não tivesse tido essa preocupação.
Na manhã seguinte, um café maravilhoso, semelhante ao do Hotel Sol Barra, preparado pela mato-grossense, esposa do francês Laurent Lefebvre. Imaginamos que voltaríamos para Salvador, mas as surpresas ainda não haviam acabado. Perto dali, há um rio que deságua no mar. Havia uma jangada para que fôssemos ver o encontro da água doce com a salgada. Desembarcamos na praia, onde os comerciantes colocam as mesas e cadeiras na parte rasa do rio e os clientes ficam ali bebericando, com os pés dentro d’ água. A praia tem uma areia fofa e quente, e o mar é de um verde que se iguala à mata atlântica. Só depois de tudo isso é que retornamos a Salvador. Uma viagem tranquila e uma estrada de retas imensas.
Jangadas que cruzam o rio até o mar
No retorno, paramos para observar as obras da moderna Fonte Nova. Eu conheci a antiga, tendo assistido diversos jogos lá realizados. Fiquei impressionado com o tamanho e a beleza dessa arena que será entregue a esse povo que vive futebol 24 horas por dia. Aliás, futebol e carnaval, pois todos com quem conversamos sempre contam casos dessas duas paixões baianas.
Recomendo a todos os meus leitores que procurem esses lugares maravilhosos, pois ficar dez dias por lá cura qualquer estresse. Além de ser repousante e rejuvenescer as pessoas, oferece a tranquilidade que todos nós procuramos. O muro das belíssimas residências não tem mais de um metro de altura. Isso tudo sem sistema de proteção algum. É um convite para um descanso maravilhoso e reconfortante. Os telefones do Condomínio são (71) 36771094, 88616175 e 99447400. Garanto que não se arrependerão jamais, se visitarem aquele santuário da natureza.
Outros momentos de Salvador em fotos:
Os "velinhos" em passeio com o Elevador Lacerda ao fundo
Reencontrei meu 1º adversário em 1970, José Inácio (Sergipe)
No pelourinho com o amigo Oldemar Seixas e minha amada Janete
Até a semana que vem, se Deus permitir.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ESTAMOS CHEGANDO A SALVADOR PARA MAIS UM BRASILEIRO!


Em janeiro de 1970, acompanhado por quatro botonistas caxienses, realizamos uma longa viagem para disputar aquele que seria o primeiro campeonato brasileiro de futebol de mesa a ser realizado no Brasil. Foi uma epopeia o nosso feito, numa época difícil, quando o futebol de mesa engatinhava em diversas regiões de nosso país. Mas, foi algo que foi feito e muito bem feito.
Equipe de Caxienses em 1970 para o Brasileiro de 1970
Depois de termos colocado o ovo em pé, exatamente como Cristóvão Colombo o fez diante de uma platéia estarrecida diante da impossibilidade, provando que ser possível, muitos outros movimentos também realizarem. O pessoal da Regra de 3 Toques concretizou seu primeiro, no ano de 1981, o da 12 toques, em 1989, e o Dadinho em 2009, portanto com uma distância de onze anos nos separando dos demais movimentos.
Já realizamos nossos campeonatos em Salvador, Recife, Caxias do Sul, Jaguarão, Rio de Janeiro, Vitória, Pelotas, Brusque, Itapetinga, Aracajú, Santana do Livramento, Salvador (2), Pelotas (2), Rio de Janeiro (2), Natal, Recife (2), Rio de Janeiro (3), Vitória (2), Rio de Janeiro (4), Recife (3), Natal (2), Vitória (3), Pelotas (3), Aracajú (2), Rio de Janeiro (5), Natal (3), Salvador (3), Porto Alegre, Salvador (4), Rio de Janeiro (6), Florianópolis, Natal (4), Vitória (4), Salvador (5), Rio de Janeiro (7), João Pessoa, Porto Alegre (2), Recife (4) para, pela sexta vez disputarmos o título nessa maravilhosa capital baiana: Salvador. Será o 39º Campeonato Brasileiro da modalidade.
Quase 43 anos após o primeiro campeonato, eis que estou de volta ao circo botonístico, jogando a minha despedida oficial, pois, após essa participação só estarei jogando para me distrair, sem almejar coisa alguma. Não que eu vá esperando algo mais do que participar, pois estou há muito tempo sem jogar constantemente. E, nas pouquíssimas partidas de que participei, senti a enorme diferença do futebol de mesa do meu tempo para o atual. Talvez, ao jogar contra másteres, muitos dos quais ombreiam comigo em tempo de disputas e idade, vá encontrar um futebol de mesa mais parecido com o que jogava, onde procurávamos lançar e o jogo não permitia tantas cavadas, como as que acontecem na atualidade.
Confesso que ainda sou mais adepto ao sistema que era jogado até os anos oitenta, quando então eu parei de competir por inúmeras razões de cunho pessoal. Atualmente, o futebol de mesa está super competitivo e a precisão dos lances é impressionante. Sou admirador da maneira atual de jogar, mas como saudosista fico pensando no passado, nos grandes botonistas que admirava e procurava imitar, conseguindo algum sucesso.
Pelo menos sei que farei três partidas, e as feras que estão me esperando são: Jair (BA), C. Alberto (PE) e Gil (Al), aos quais espero oferecer moderada resistência. Se conseguir marcar um gol, já ficarei feliz, mas, caso contrário, da mesma forma sentirei alegria, pois me despedirei dos gramados de madeira no mesmo local onde iniciei a minha caminhada, jogando contra Inácio (Se), o grande campeão brasileiro de 1979. O resultado desse jogo foi 1 x 1.
Mas, a grande felicidade que terei será a de reencontrar velhos amigos, irmãos de jornadas botonísticas, que o tempo guardou em meu coração e ali estão conservados para todo o sempre, como o meu irmão Oldemar Dórea Seixas e o meu irmão de fé Reinaldo Machado, além de vários amigos que, com certeza, far-se-ão presentes ao evento.
Pena não contarmos com todos os que estiveram nesse primeiro campeonato, pois o tempo é malvado com alguns, requisitando-os antes dos outros para permanecerem junto a Deus. Sentiremos saudade do Ademar Carvalho, do Nelson Carvalho, do Jomar Moura, do Webber Seixas, Ivan Lima, Átila Lisa, Fernando Contreiras, Geraldo Holtz, João Paulo Mury e o meu companheiro de equipe Ângelo Slomp. Mas, de onde estiverem, certamente, saberão que, quando lá estivermos, eles estarão em nossa memória e serão homenageados com pensamentos elevados.
Sambaquy, IvanLima, J.P.Muri e Oldemar por ocasião do Brasileiro de 1970
Ivan Lima e Nerivaldo Lopes dois baluartes dos primeiros tempos. Ivan
(Pernambuco) Nerivaldo (Paraiba)
Enfim, eu acredito que as emoções serão enormes. Estar com os amigos é o mesmo que estar com Deus e, para isso, eu peço que Ele esteja sempre entre nós, para que possamos conviver com harmonia e tranqüilidade esses momentos que serão mágicos e inesquecíveis.
Ate Salvador, se Deus assim permitir.
Sambaquy