segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

FINAL DE ANO – MENSAGEM



Há dois anos, escrevi salientando o porquê de não haver um despertador que nos faça acordar em determinada época de nossa vida. Afinal, a evolução tecnológica está sempre desafiando o nosso conhecimento trazendo novidades maravilhosas que ficam à nossa disposição.
Todos nós temos o nosso próprio cinema em casa, com as modernas TVs, podendo assistir o filme que desejarmos, a qualquer hora do dia. Há poucos anos o cinema era mudo, em preto e branco, e funcionava em locais escolhidos, e à noite. Há bem pouco tempo, tínhamos de solicitar à uma telefonista, a ligação para a cidade vizinha, coisa que demorava pelo menos umas seis a oito horas, com grandes dificuldades em escutar o outro lado da linha. Hoje falamos ao mundo inteiro em um pequeno celular, que carregamos em nossos bolsos. Hoje já trocamos coração, fígado, pulmões, rins, olhos, evitando sermos considerados mortos antes do tempo.
Entretanto, tudo isso ainda não conseguiu nos fazer retornar à nossa juventude, aos anos em que nada nos detinha em que desafiávamos a tudo e a todos. Acredito que seja esse o maior enigma que tira o sono dos cientistas e inventores. Por essa razão ainda não existe o tal despertador que nos faça acordar com quinze anos, disposto a viver tudo o que já vivemos novamente.
Será que isso seria bom? Não acredito muito, pois com o tempo, nós fomos adquirindo sabedoria, experiência e, em nossa caminhada nos defrontamos com toda série de pessoas que marcaram nossos passos. Nada do que ficou no passado poderá ser modificado. O que fizemos de bom vai perdurar para sempre, mas nossos erros nos acompanharão indefinidamente, pois a cada erro cometido tivemos a chance de aprender.
E se ao retornar, caso isso fosse possível, será que não nos desvirtuaríamos do caminho que percorremos? Voltando, será que eu encontraria as mesmas pessoas que comigo gostavam de jogar botão? E se não as encontrasse, teria eu perseverado nesse esporte? Teria encontrado tantos amigos, e, com eles sonhado, criado e difundido o futebol de mesa?
São coisas que não fazem mais a minha cabeça. Se escrevi em 27 de dezembro de 2010 sobre essa possibilidade, esses dois anos que se passaram, fizeram mudar meu pensamento.
Na mensagem de final de ano passado, abordei a oportunidade que a vida nos dá de sermos úteis àqueles que nos são afins. Baseado nesse princípio, que afugenta a hipótese egoísta de voltar ao passado e fazer a caminhada novamente, vejo-me como sendo uma pessoa útil aos meus amigos botonistas. Hoje eu não consigo mais ser competitivo, pois me falta o vigor, tão necessário para continuar na luta por títulos. Mas, sobra-me a vontade de ajudar, de incentivar e de mostrar a todos o quão foi difícil essa caminhada. Caminhada em um tempo cheio de contrariedades, dificuldades imensas tanto no sentido de divulgação como no sentido de apoio e incentivo.
Hoje, com o advento da Internet, a comunicação tornou-se imediata. Falamos com o mundo num piscar de olhos, mostramos fotos e filmes no momento em que os eventos estão sendo realizados. Hoje, existem pessoas envolvidas no mercado que o futebol de mesa fez nascer. Fabricam-se botões, goleiros, mesas, réguas, bolinhas, troféus dando chances para que pessoas possam viver disso, criando suas famílias, graças ao sonho de alguns idealistas que pensavam alto no desejo de reunir brasileiros de norte ao sul, do oeste ao leste.
E vendo isso, fruto do esforço voluntário de botonistas anônimos, sinto que não haveria necessidade de voltar e fazer coisas diferentes. O mundo é assim mesmo. Fizemos essa gigantesca roda girar e isso nos basta.
A minha vida está ligada indelevelmente ao futebol de mesa. Meu tempo está ficando menor, tenho certeza disso, pois numa relação de adversários que constam em meu arquivo de jogos, quarenta e três amigos já partiram para o mundo espiritual. A cada ano, novas surpresas e tristezas que nos invadem, pois mais um nos deixa, teimando em disputar o campeonato celestial. Como será quando lá chegarmos? Quem nos receberá?

Por isso, meus amigos botonistas, desejo que 2013 seja um ano pleno de realizações, nas quais vocês possam abraçar aquelas pessoas que sonham da mesma maneira que vocês o fazem. Abracem, pois não sabemos se teremos uma nova oportunidade, uma nova ocasião. Aproveitem para rir bastante, para recordar bons e maus momentos, desfrutem dessa amizade que o futebol de mesa proporcionou a vocês e sejam felizes.

Feliz 2013 a todos vocês e até a semana que vem, se Deus assim permitir.


Sambaquy

domingo, 23 de dezembro de 2012

VICENTE SACCO NETTO PRIMEIRO CAMPEÃO GAÚCHO DE FM - PARTE DOIS



Caxias do Sul.
Considero-me um nômade por excelência e tenho andado de uma a outra banda. Como dizia o poeta gaúcho, Marco Aurélio Campos, “Se a inspiração me comanda, da trilha logo me afasto e até semente do pasto replanto pelas estradas velhas, vermelhas, ao repisar no meu rasto”.
Em 1965, no mês de dezembro, aportei em Caxias do Sul. Levei comigo alguns poucos botões para alguma eventualidade, sem muita esperança, pois, afinal de contas, não conhecia ninguém lá. Erro de previsão, felizmente. Logo nos primeiros dias, conheci um cara que se tornou o meu, NÃO UM MEU, MAS O meu amigo, COMPADRE E IRMÃO DE VERDADE. Passei a desfrutar do seu generoso e agradável convívio e descobrimos algumas facetas em comum: éramos desportistas, adeptos do futebol de mesa e praticantes da fraternidade humana. Seu nome: Adauto Celso Sambaquy. Seu time: Flamengo, de Caxias. Que achado! Passei a ter um amigo em todos os momentos e aquele joguinho de botão atingiu proporções inimagináveis, transformando-se em Futebol de Mesa. Através do Samba, tomei contato com outros maravilhosos parceiros, como Chicão, o Mazzochi, o Vanazzi, o Heitor, o Grazziotin, o Paulo Fabião, o Schumacher, os irmãos Valiatti, o Pizzamiglio, o Airton, o Guizoni, o Sérgio, o Puccinelli, o Vasques e tantos outros. Dois deles, principalmente, tornaram-se marcantes pelo espírito esportivo: Sergio Calegari e Raimundo Vasques. Devo ter omito algum nome. Penitencio-me por isso. Havia dois meninos que nos acompanhavam como torcedores: o Ric e o Dalla Rosa. Este último arrebatou-me o título de campeão Estadual em 1975, na cidade de Jaguarão.
Em determinado momento, o Samba, depois de excursionar com seu time até a Bahia, oportunizou-nos o recebimento de Oldemar Seixas e do Ademar Carvalho que vieram lá da Boa Terra e nos deram verdadeira demonstração de seu talento como botonistas. Aliás, lá em 1966 já tínhamos os nossos times, que eram fabricados com acrílico e estampado  neles, as camisetas das respectivas equipes. Que maravilha! O Futebol de Mesa praticado como entretenimento – como de fato o é – aproxima as pessoas e lhes transmite muitas lições de desportividade e respeito. É ideal para os jovens, pois é uma prática sadia. O resultado dos jogos fica em plano secundário, colocando-se a convivência como ponto primordial. Sou muito grato ao Sambaquy e, é claro, ao restante da parceria de Caxias do Sul, de onde levei o esporte para Canguçú. Até hoje, sem interrupções, os canguçuenses praticam este esporte, cujas competições são ponto de destaque nos festejos de aniversário da cidade e na Semana da Pátria.
Quanto a mim, estava “adormecido” até ontem. Sim, até ontem! Hoje, encontro-me inclinado a voltar, nem que seja para rever a parceria e reabraçar uma prática que me acompanhou por mais de sessenta anos. Sabem por que devo voltar? Pois é, recebi um carinhoso telefonema do Adauto Sambaquy aconselhando-me a retornar às lides botonísticas. Foi mais longe, enviando um gentil confrade, o Luís, que me dirigiu um convite para jogar no Círculo Operário de Pelotas. Meus “atletas” já estão concentrados e devidamente parafinados.
Não tenho mais comigo as inúmeras fotos das competições e da parceria. Não tenho mais os meus troféus nem os meus velhos botões de minha fabricação. Uma enchente no ano de 2009 levou tudo por diante, até a minha mesa de botão. Levou muito mais, mas... é bom nem falar a respeito.
A voz do Sambaquy ao telefone, tão familiar, tão amiga, tão carinhosa, cutucou o coração deste vulcão inativo. Estou expelindo cinzas pelos poros e revivendo tantos momentos felizes e agradáveis. Fases da vida que me deixaram profundas e indeléveis marcas na alma e no coração. Para falar a verdade, essas marcas, inapagáveis, são muito semelhantes às daquela significativa parede.

Eu daria tudo que tivesse
Pra voltar aos tempos de criança
Ah! Meu Deus, por que a gente cresce?
Se não sai do peito essa lembrança.

Aos domingos missa na matriz
Da cidadezinha onde nasci
Ah! Meu Deus eu era tão feliz
No meu pequenino Mirai

Que saudade da professorinha
Que me ensinou o “bê a bá”
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor, onde andará?

Eu igual a toda meninada
Quanta travessura eu fazia
JOGO DE BOTÃO PELA CALÇADA
EU ERA FELIZ E NÃO SABIA.
(Música: Mirai – autor Ataulfo Alves)

Meus amigos leitores, para culminar tudo isso, quando da realização do Brasileiro, em Salvador, recebo um telefonema do Vicente, anunciando que a minha caixa postal estava cheia e os e-mails estavam voltando. Naquele momento, coloquei no celular o Oldemar Seixas que o saudou com efusão. Depois disso, ainda conversamos por mais duas vezes, sendo que o Vicente estava interessado em adquirir um São Paulo, nos moldes atuais, pois os botões que usávamos eram mais altos e menores em circunferência. Pediu-me que comprasse um, exposto pelos diversos fabricantes, mas, orientado pelo Enio Durante, nosso colega de Banco do Brasil, a indicação recaiu sobre Adilson Montenegro, que está produzindo verdadeiras obras de arte. E o Vicente merece ter uma obra de arte em suas mãos vencedoras. O próprio Enio está encarregado de receber o time e levá-lo para Pelotas, realizando mais esse sonho do menino que marcou a parede de cimento penteado de sua infância, com a criação de tantos craques que povoaram seus sonhos juvenis.
Fico feliz em falar nessa pessoa maravilhosa que cruzou seu caminho com o meu. Esse irmão que a vida me concedeu e que faz parte de minha família, pois é padrinho de minha filha Virginia.
Vicente recebe premiação na Taça Brasil em Caxias do Sul
Vicente Sacco nos dias de hoje ao lado de sua esposa  Regina

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

domingo, 16 de dezembro de 2012

VICENTE SACCO NETTO – PRIMEIRO CAMPEÃO ESTADUAL EM 1973. – PRIMEIRA PARTE.


Em 02 de maio de 2011, escrevi sobre esse grande botonista, meu irmão/amigo/compadre/colega que aportou em Caxias no ano de 1965 e, em 1968, foi transferido para Canguçú, sendo o grande propagador do futebol de mesa no sul do estado. Em 26 de novembro de 2011, enviou-me um retrospecto de sua vida de botonista e, sem a sua autorização, reproduzi-lo-ei, pois é algo que não pode ficar restrito somente em meu arquivo.
Torneio demonstrativo da Regra Brasileira realizado em Canguçu
Marcas profundas e indeléveis. Ah, sim! Aquelas marcas, eu as conheço muito bem! Pois foi naquela mesma calçada da rua onde passei boa parte de minha infância e, também, da minha adolescência, que me pus a refletir. Há poucos dias, lá estive e não havia outra. Sempre sou acometido pela nostalgia quando volto àquele quarteirão. Paro por alguns minutos e a mente vagueia; a casa onde morei está como eu, desgastada pelo tempo... envelheceu. Mas, as marcas ou sulcos nas paredes da casa contígua – aquelas marcas estão muito nítidas.
Com efeito, há muitas razões para que permaneçam. Explico: naquelas paredes foram forjados os maiores “craques” na minha imaginação de guri. Parece incrível, nos botões a gente enxerga a própria pessoa do futebolista. Comecei aos seis anos de idade, com as tampas de vidros de remédio, de brilhantina Royal Briar, de creme Antisardina e, até mesmo, com tampinhas de garrafas. Num belo dia, minha mãe – que Deus a tenha – incumbiu-me de levar um bilhete à senhora que lhe encomendara um vestido (minha mãe, Chiquinha, era costureira, e das melhores). O bilhete continha o seguinte teor: “Da. Alzira mande, pelo Vincetinho, uns seis botões daqueles que combinamos usar no seu traje.” Da. Alzira – não sei por que razão – entregou-me um pacotinho com sete botões. Eram das minhas cores prediletas, ou seja, vermelho nas bordas e, no centro, um círculo preto. Naquela época, década de cinquenta, o G. E. Brasil (grande Xavante) contava com um ponteiro direito de nome Mortosa (tio do atual assistente do Felipão), famoso por desferir chutes fortíssimos. Não hesitei um instante. Entreguei o pacotinho à minha mãe e o sétimo botão, o Mortosa, acompanhou-me até a calçada e, de lá à parede de cimento penteado. Com muito esmero, dei-lhe uma caída apropriada para que pudesse arremessar a bolinha, botão de bragueta, por cima dos goleiros (caixa de fósforos com chumbo por dentro) adversários. O calendário da casa ou folhinha, como se dizia, ficou com um furo de tesoura no espaço do número sete. E o Mortosa não me decepcionou. Ao contrário, tornou-se o goleador do time. Aquele fato desencadeou um processo ininterrupto de muitas décadas, pois cheguei à conclusão de que as tampinhas não davam melhor retorno. Aderi aos botões de casaco ou sobretudo. Passei a frequentar a casa de um alfaiate amigo da família, sempre que tivesse oportunidade. Dizia-me o Sr. Antonio Cordias: - “Vicentinho cuida da porta para mim, que vou tomar um café e já volto”. Pode ir, Seu Antonio. E me dirigia para as caixas de botões no estoque das prateleiras. Surgiram, assim, o Tibiriçá, o Seara, o Manoelzinho, o Tábua e outros tantos grandes jogadores. Mas, no futebol de botões, como no de campo, a competitividade não tem limites e logo surgiram os ioiôs. Os discos dos ioiôs tinham o seu lado interno absolutamente liso e bastava uma lixadinha para adaptar a caída e... pronto. O Dino Sani, do São Paulo F. C., nasceu assim. Chutava muito bem de longe. Possuía uma cor de cenoura e atuava, tanto no meio de campo, como na meia, tal como de carne e osso. Logo vieram outros da mesma matéria prima: Pé de Valsa, Bauer e Alfredo, a linha de “halfs” do SPFC em 1953. A duas quadras da minha casa, localizava-se o Vidrauto Princesa, casa especializada em pára-brisas, pertencente ao Sr. Luiz Carlos Moreira dos Santos, um cidadão com quem, muito tempo depois, foram estreitados laços muito fraternos. Passei a usar o vidro-plástico (era esse o material dos pára-brisas). De posse de um compasso e da serra Tito-tico, usada na disciplina Trabalhos Manuais do colégio, comecei a produzir peças circulares e a lançar outros “atletas”. Esse trabalho era árduo, pois o material era muito duro e o lixamento na parede de cimento penteado causava bolhas e ferimentos nas mãos. Os resultados, no entanto, eram compensadores, ainda mais quando descobri que, com acetona ou éter, poder-se-ia colar no vidro plástico uma camada superior de plástico comum, existente em brinquedos quebrados das minhas primas. Justamente na era dos famosos puxadores de uma, duas e até três camadas, conseguia lançar “atletas” muito parecidos a custo muito menor; até de graça.
Ora, contando com tantas opções de matéria prima, como os ioiôs, botões de casaco, vidro plástico e plástico derretido em formas, colecionei muitos times de qualidade. Os resultados em torneios e disputas com colegas e amigos eram animadores. Desenvolvi uma razoável habilidade no preparo de botões de todo o tipo.
A pior empreitada de todas foi quando me atirei ao fabrico de botões de casca de coco. Primeiramente, tinha de retirar aquela crosta de fiapos do lado de fora. Haja tempo de paciência! Pobres dedos! Depois continuava o lixamento para dar forma circular ao pedaço de casca, na famosa parede, é claro. Casca de coco não se corta com faca ou serrinha tico-tico. Esmeril? Não havia. O material é muito resistente. Mas, o Gino, o Maurinho e o Canhoteiro surgiram assim, além de muitos outros. A casca de coco, de difícil manuseio e doloroso preparo, redunda nos melhores botões, até mesmo pelo peso do material e por deixar a base interna naturalmente côncava. Aceita perfeitamente a parafina, a cera, os adesivos e, com um acabamento dado com caco de vidro bem afiado, fica totalmente lisa. Com dois tacos de madeira de iguais dimensões e duas tampas de remédio, também iguais, abertas no topo, é possível montar as cestas. Com botões levantadores e pequenos botões de bragueta, como bola, pratiquei o basquete. Algodão, Godinho, Guguta, Amauri, Vlamir e outros formavam o meu time do Flamengo. Os modismos pressionam os meninos, tanto na infância como na adolescência. Utilizar puxadores tornou-se uma verdadeira coqueluche. Comecei a me sentir meio fora da onda com meus botões, embora os resultados, como já afirmei, fossem gratificantes. Tomei uma decisão: teria um time de puxadores vindos de P. Alegre. Mas, como obtê-los? Cadê a grana? Lamentando o caso com outro menino, o Ângelo, surgiu-me uma ideia magnífica. A senhora mãe dele e ele próprio fabricavam, artesanalmente, uns bonequinhos de naftalina para vender. Os bonequinhos vinham com fitinhas e florzinhas, todos enfeitadinhos, e as pessoas os utilizavam para evitar o aparecimento de traças e outros insetos. Argumentei com o Ângelo (onde andará?) que me forneceu uma boa quantidade dos tais bonecos para pagamento após a revenda. A operação comercial funcionou às mil maravilhas, pois pagava, digamos, CR$ 1,00 e revendia por CR$ 2,00. Coloquei os bonecos em uma caixa de sapatos e os oferecia de porta em porta. Em pouco tempo, após pagar a mercadoria, com folga financeira, encomendei um time de puxadores e mais dois reservas. A defesa era de duas camadas (preto em baixo e vermelho em cima). Os dois ponteiros e o centroavante (centerforward) eram vermelhos e os dois meias, pretos. Os atacantes e os reservas (pretos) eram todos de uma só camada. O goleador daquele time era o Joel, ponta direita do Flamengo. Passado um largo tempo daquela retumbante contratação, decidi ampliar o plantel e, novamente, o Ângelo foi o empresário que financiou tudo. Vieram mais e mais puxadores de todas as cores imagináveis. Na hora do recreio no colégio, formava-se uma pequena multidão a minha volta. Havia trocas, compras e vendas. O Ilmar (já falecido) jogava com o Corinthians e tinha um botão de nome Paulo (reserva do Índio), que era bárbaro nas finalizações. Seu chute era seco e certeiro. Para mandar no canto era com ele mesmo, pois a bolinha não picava. Nessa época (1957, talvez), houve um surto de sarampo em Pelotas e o Ilmar foi acometido pela doença, tendo de ficar acamado por alguns dias. Arrisquei-me ao contágio e fui visitá-lo. Papo pra cá e papo pra lá, trocamos alguns botões e consegui contratar-lhe o Oreco, que era muito conceituado para cavar. Entre propostas e contrapropostas, acertamos a aquisição do Paulo (azul marinho brilhoso).  Despendi CR$ 15,00, mais três botões de duas camadas e doze gibis de segunda mão. Acontece que o Ilmar queria ler na cama. Na época não houve outra contratação tão valorizada. Proporcionalmente, seria como a do Ronaldinho Gaúcho pelo Flamengo. Meus amigos mais próximos ficaram com a mesma cara da diretoria do Grêmio, pela inveja e frustração que sentiram. Saí pela rua correndo e pulando com o Paulo, na mão, mostrando para o resto da gurizada. Confesso que fiquei esnobando a turma, como quem diz: agora não tem mais para ninguém. Muito bem! Até hoje, passados mais de cinquenta anos, estou aguardando a estréia do Paulo. Por quê? O Paulo sumiu! Não sei se o perdi nas comemorações ou foi furtado/sequestrado. De 1958 a 1960, minhas atividades botonisticas diminuíram de ritmo, pois passei a trabalhar numa empresa atacadista vizinha a minha casa, lá onde está a decantada parede. Diminuíram, mas não pararam. Na tal empresa, havia um grande estoque sabem de quê? De botões! Meu emprego passou a me fornecer a matéria prima e a parede de cimento penteado. Hoje em dia não se encontra um emprego assim. Um botão surrupiado de uma caixa, outro botão de outra caixa e aqueles “olhos de peixe” para servirem de bolinha. Conclusão: voltei ao lixamento em grande escala. Eram tantos os meus times que tive até o do São Cristóvão, com Santo Cristo e Olivam na ala esquerda.
Em 1962, já no Rio Grande do Sul e no Banco do Brasil, adotei o São Paulo Futebol Clube e, unicamente, ele nos torneios da AABB. Voltei aos puxadores, mas continuei a fabricar botões por distração.


Meus amigos leitores, essa é a primeira parte da história desse grande botonista. Na semana vindoura, teremos a continuação, pois nela o Vicente narra a sua chegada em Caxias e sua apresentação pela Regra Brasileira de Futebol de Mesa.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

domingo, 9 de dezembro de 2012

RESCALDO DO BRASILEIRO


Li e concordo com o que o Pedrinho Hallal escreveu sobre o rescaldo do brasileiro de Salvador.
Entretanto, acrescentaria um detalhe que para mim se torna importante ser observado. A aclimatação de nossos botonistas ao calor infernal que há durante o ano inteiro na região nordeste do país.
Vejam que os times brasileiros de futebol, quando devem jogar na Colômbia, Venezuela, Peru e Equador, ou se deslocam com alguma antecedência para se ambientarem ao fator altitude, quando a bola rola com mais velocidade, quando a respiração se torna mais pesada, quando as pernas não obedecem ao comando do cérebro ou, então, chegam em cima da hora. Mesmo com todos esses cuidados, geralmente na metade do segundo tempo estão apenas se arrastando em campo e, caso do Grêmio contra o time O Milionários, sofrendo gols no final da partida.
A mesma coisa aconteceu com os nossos botonistas que sofreram com o calor demasiado, já que estão acostumados ao nosso clima. E tudo isso em uma sala fechada, sem a mordomia do ar condicionado que funcionou nos primeiros dias e, devido ao resfriamento do ambiente, provocou condensação de vapor e formação de gotículas de água que prejudicavam as mesas. Com isso, o ar condicionado foi desligado e o calor se tornou um grande inimigo de todos nós. Para os nordestinos, acostumados com o calor, nenhuma diferença.
Para ilustrar, em meu primeiro jogo contra Jair, da Bahia, ainda com ar condicionado funcionando, o mesmo jogou com uma camisa de lã por baixo da camisa da Federação Baiana. Para ele estava frio, ao passo que eu suava por todos os meus poros.

E nossos botonistas chegaram horas antes do início do campeonato. Lembro ainda de que, durante o certame por equipes, encontrei o Robson Bauer, ainda de mala em punho subia as escadas da sala de jogos, ansioso para assisti-los e mesmo para tentar treinar em uma das mesas que estavam à disposição. Com exceção de quem chegou alguns dias antes do início, (três ou quatro botonistas) todos os demais chegaram quase na hora de colocarem seus times em campo.
As mesas, feitas com madeira nobre podem até ser um diferencial, mas temos mesas maravilhosas em Caxias, as quais não ficam devendo nada para as da Bahia.
Acredito que na realização do próximo Brasileiro, dessa vez no Paraná, alguma coisa mudará nesse sentido, pois o clima é mais próximo do nosso e, para eles, se houver uma queda de temperatura, terão as mesmas dificuldades que encontramos em sua terra.
Jogando no sul, por cinco vezes os baianos conseguiram lograr êxito, a saber: em 1976, em Jaguarão, o Giovani Pereira Moscovits foi o vencedor. Depois dele, em 1981, em Brusque (SC), Hozaná Sanches; 1996, em Pelotas, Diógenes Motta; 2001, em Porto Alegre, Rogério N. Horta e em 2004, em Florianópolis, foi a vez de Edenílson Tosta Santos laurear-se campeão. As demais conquistas baianas foram em terras nordestinas, assim como todos os demais campeonatos levantados por sergipanos, pernambucanos e potiguares. Isso sem falar nos cariocas, pois também são acostumados com o calor.
Acredito que teremos de, caso pensemos em conquistar o título máximo do botonismo brasileiro, fazer uma temporada de férias no nordeste e nos acostumarmos com o calor para que nos dias de jogos sintamos menos dificuldade em relação à temperatura.
Quando estivemos em Salvador, em 1967, no trabalho de construir a Regra Brasileira, nossa permanência foi do dia 7 até o dia 22 de janeiro. Os melhores jogos foram após a primeira semana de permanência na Boa Terra. Nos últimos dias, não sentíamos mais o calor abrasador, pois acostumamos com ele. Quem sabe seja essa a solução que todos nós procuramos e que, se tivermos condições, poderá ser a nossa válvula de escape para conseguir atingir o nosso ideal. Botonistas de grande valor nós possuímos e nada ficam devendo aos nordestinos. Eu ainda acredito que poderemos alcançar êxito, realizando algo parecido com a idéia que estou expondo a todos vocês.
Se alguém contestar, dizendo que tivemos um campeão brasileiro já nessa edição, devo informar aos meus leitores que o DNA do nosso querido Pica Pau é baiano também, pois seu pai é de Alagoinhas. E quem tem DNA baiano já joga futebol de mesa no berço.

Até a semana que vem se Deus assim permitir.

domingo, 2 de dezembro de 2012

REVIVENDO OS PRIMEIROS PASSOS DE NOSSA CAMINHADA...


Acredito que esse campeonato realizado na quentíssima Salvador, além de encher os olhos de maneira esplendorosa, serviu de parâmetro para avaliarmos o crescimento de nosso esporte. Dos vinte e um participantes do campeonato de 1970, pulamos para quase duzentos em 2012. Várias categorias sendo disputadas: Especial, Sênior, Master e Junior, além do campeonato entre doze Clubes previamente inscritos.
Para quem sonhou com o primeiro, estar presente nesse que leva o número trinta e nove, foi emocionante e gratificante. No primeiro dia, a disputa entre os clubes pelas partidas realizadas com galhardia e sofrimento, sagrando ao AFN (Rio Grande do Norte) como a melhor dentre todas, seguida pela ACRA-Alagoinhas, sua fiel escudeira.
A coisa estava começando... Brasileiro de Clubes
No segundo dia, a emoção ficou ainda maior. Na abertura do campeonato, o vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, André, usando a palavra fez uma explanação dos planos futuros e duas homenagens, juntamente com a Federação Baiana. Ao seu lado, o presidente dessa entidade, o amigão Tosta o ajudava nessa comemoração e  do outro, o presidente Robson Marfa observava com cuidado o trabalho sendo executado. Justa homenagem ao primeiro campeão brasileiro, recentemente falecido, Átila Lisa, a qual foi recebida por seus filhos que herdaram do pai a habilidade no jogo e a excelente educação. Os dois lembram, muito, a figura maravilhosa que nos deixou. Este colunista também foi homenageado como sendo o único dos criadores da Regra que se arriscou a enfrentar as feras que estão praticando o botonismo constantemente. Não sei como consegui dizer algumas palavras de agradecimento, pois a emoção é sempre forte quando se é reconhecido por ter feito algo que encantou a todos que lá se encontravam.
Vocês acabam matando o velho...
...sem comentários.
Comentar os jogos torna-se impossível para mim, pois a emoção era muita. Já quando entrei no salão, nas primeiras mesas, estava Zezeca, o sergipano que queria me abraçar; e foi um abraço carinhoso, trocado com esse amigo que lê as minhas colunas. Fiquei imensamente feliz em conhecê-lo. Logo adiante, o meu primeiro adversário do campeonato de setenta, nas mesas oficiais: José Inácio, também de Sergipe. Um abraço que estava guardado desde a última vez que nos encontramos, quando em Vitória (ES) disputamos o brasileiro e ele conseguiu sagrar-se campeão e eu ficando com o sétimo lugar, eliminado das finais pelo Átila. Inácio, sabendo da minha ida, presenteou-me com uma medalha destinada aos fundadores, associados e amigos da Associação Sergipana de Futebol de Mesa, gesto que me comoveu imensamente.
Em seguida, encontro Jaime, também de Sergipe, amigo de longa data. Ronald Aguiar, amigo desde 1967, baiano que sempre traz consigo e oferta uma fitinha do Senhor do Bonfim. Jair, o supercampeão baiano, Gil, de Alagoas e o campeão máster Carlos Alberto, de Pernambuco faziam parte do meu grupo. Todos me venceram.
Esquentando os meninos para os jogos. hora de sentir as mesas
Jogo contra Jair (BA)
Com a Gloriosa camisa da Federação Gaúcha de Futebol de Mesa
Juiz que não conhece mais a regra
Contra Gil (AL)
Encontrei o Giovani Moscovitz e o Hozaná Sanches. Boas lembranças. Oldemar Seixas traz ao meu encontro o filho de meu amigo Valério, o Jomário Souza e, em seguida, mais uma fera dos anos setenta: Luiz Alberto Magalhães, um dos maiores botonistas que eu vi jogar. Seu time: Milionários, com o detalhe que todos os botões traziam a marca Adidas, arte que ele mesmo produzia. Vilno Araujo, um dos diretores da CBFM veio de Alagoinhas e de lá, também, o campeão Batatinha. Claudio Savi, de Criciúma, conhecido desde a década de oitenta, agora magro. J. Campos, o baiano que era encarregado de reservas no Hotel onde ficamos hospedados. Alenio, do Rio de Janeiro e de lá, ainda, o Wanner.
Com Hozaná e Inácio, amigos de longa data
Mas, para mim foi muito importante encontrar dois companheiros que estiveram presentes na criação da Regra Brasileira: OLDEMAR DOREA SEIXAS e ROBERTO DARTANHÃ COSTA MELLO. Com eles não tivemos oportunidade de assistir muitos jogos, pois a equipe de filmagem de Filipe Seixas nos convocou para fazer parte dela, a qual já tem título: “QUE GOLAÇO!” -  narra a criação e a multiplicação da Regra Brasileira, pois dos seis participantes da Comissão Inicial, Ademar Carvalho e Nelson Carvalho já faleceram e Gilberto Ghizi, longe do futebol de mesa e com problemas de saúde, não se fez presente.
Examinando arquivos antigos com o amigo Oldemar
Será que o Ypiranga vai retornar?
Com o amigo Dartanhã
O trio de fundadores com Tosta o presidente da Federação Baiana
Voltando ao campeonato, não havia tempo para apresentações, pois os jogos eram constantes e nada deveria atrapalhar o seu andamento. Cumprimentos à distância e torcida pelos nossos companheiros que estavam se entregando na luta para conseguir classificação. E o contingente gaúcho era respeitável: Michel, Rogério, Alam, Zilber (o Chefe), João Garima, Marcelo Vinhas, Maciel, Carraro, Robson Bauer, Chambinho, Piruka, Alex Degani, Sandro Mazzochi, Duda, Mário, Cícero, Alex Prezzi, Silvio, Cristiano, André, Breno, Aramis, Osmar, Crosa, Badia, Burguel, Foschiera, Enio, Pizzamiglio, Zeni, Figueira, Sambaquy, Pica Pau e Hemerson, num total de trinta e quatro. Esse número é bem mais elevado que todos os participantes do primeiro campeonato.
A honra da casa foi salva pelos dois meninos que conseguiram um primeiro (Pica Pau) e um quarto lugar (Hemerson) e, pelo Mário que chegou à sétima colocação, a mesma posição que eu ocupei em 1979.
Os resultados das partidas poderão ser encontrados no site da Confederação Brasileira.
Vários estados reunidos.
Os caxienses estão em todos os cantos desse país...
Até a semana que vem se Deus permitir.

domingo, 25 de novembro de 2012

DOIS DIAS PARA NUNCA ESQUECER


Como eu já havia dito a todos, a minha intenção em comparecer ao 39º Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa, que seria realizado no Hotel Sol Barra, era no sentido de me despedir das disputas oficiais. E assim foi, pois não reúno mais condições para estar correndo ao redor de uma mesa, pensando, calculando e praticando o esporte em que conquistei tantas amizades.
Fiquei numa chave com grandes botonistas: Jair, da Bahia, Gil de Alagoas e Carlos Alberto de Pernambuco. Foi uma despedida melancólica, pois sem treinar não poderia aspirar à coisa melhor. Além disso, fui árbitro de um jogo.
No primeiro dia, com o ar condicionado refrigerando o ambiente foi uma maravilha. Só que houve condensação e isso provocou o acúmulo e, aos poucos, os pingos foram atrapalhando as partidas. A solução foi desligar o ar condicionado, e a sala, cheia de gente, acabou sufocando os mais “antigos”.
Participei da filmagem que está sendo elaborada, no sentido de deixar para a posteridade a história de nossa Regra Brasileira. Com isso, na manhã do dia 16 fiquei confinado em uma das salas do hotel, com uma equipe de filmagem, dando depoimentos sobre tudo o que eu vivi em minha passagem pelo futebol de mesa. Na parte da tarde, joguei a minha primeira partida, ficando livre para levar a minha esposa ao Shopping Salvador. Maravilhoso ambiente, numa construção monumental.
No dia seguinte, sábado, dia 17, estava escalado para apitar um jogo. Logo em seguida, outro, contra o alagoano Gil e, posteriormente, enfrentaria o pernambucano C. Alberto. Não aguentei tanto calor dentro de um ambiente fechado.
Pensava que, após a minha eliminação, estaria livre; ledo engano. O pessoal da filmagem já havia tratado com o Presidente Robson Marfa e o presidente da Federação Baiana, o prestativo Tosta na liberação dos três remanescentes da criação da Regra, presentes ao evento. Conseguiram com que Oldemar Seixas e Roberto Dartanhã, comigo, fôssemos  filmados no Passeio Público, um local tradicional de Salvador, cercado de árvores. E das treze às dezessete horas, ficamos dando depoimentos, narrando momentos inesquecíveis que geraram o esporte que quase duzentos botonistas continuavam a praticar no Hotel Sol Barra.
Seixas - Sambaquy - Dartanhã (sentados) junto com o pessoal da filmagem
Com isso, meu compromisso com o Dr. Reinaldo Machado teve de ser transferido para o domingo. Bem cedo, o Dr. Reinaldo, sua esposa Sonia e a filha Scheila nos apanharam, na Barra, para um passeio ao litoral norte da Bahia. Percorremos toda a orla baiana, com suas lindas praias, onde revi lugares maravilhosos, como Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Jardim dos Namorados, Jardim de Alá, Pituaçú, Itapuã e a Lagoa do Abaeté.
A seguir, atravessamos Lauro de Freitas, município ligado a Salvador e entramos na Linha Verde. Maravilhosa obra divina, na qual a mata atlântica dá um colorido especial a um céu azul deslumbrante.
Nossa primeira parada foi em Guarajuba  - no Bar do Carlinhos - onde degustamos castanhas de caju de diversos sabores, com e sem pimenta, com alho e óleo e até adocicada. As mulheres com água de coco gelada e nós saboreando uma cerveja estupidamente gelada.
Nosso próximo destino foi a Praia do Forte, onde visitamos a sede do PROJETO TAMAR. Depois dessa visita, um almoço maravilhoso à base de peixe com legumes, bolinhos de frutos do mar e mais cervejas geladas. Fotos e compras eram feitas em cada parada. A Janete, com uma bolsa enorme, ia armazenando o que adquiria, sempre pensando nos netos.
Almoço no domingo no Projeto TAMAR
Como se aproximava a hora do jogo do Bahia contra a Ponte Preta, rumamos ao nosso destino – a Costa dos Coqueiros – Imbassaí. Descrever com palavras é quase impossível, pois é um pedaço do Paraíso fixado em solo baiano. No Condomínio Residencial Imbassaí, o Dr. Reinaldo tem o seu apartamento com direito a um ramal da SKY, onde pudemos acompanhar a grade de jogos do Campeonato Brasileiro. Os apartamentos dispõem de uma varanda que acaba em uma piscina maravilhosa, sem contar que a rede está sempre à disposição para um relax.
Apartamento Imbassaí
Assistimos ao jogo e, com a vitória do Bahia, combinamos o jantar para logo mais. Dr. Reinaldo e sua família aproveitaram para seu banho refrescante, e Janete e eu fomos para nosso apartamento, vizinho ao deles, com a mesma finalidade.
O jantar foi algo só visto em cinema. O restaurante é de propriedade de um espanhol e seu nome é Três Marias. O tratamento é diferenciado. Bolinhos de frutos do mar, tortilha e a paella espanhola que nos maravilharam. Quantas novidades  experimentamos nesse dia. O ar que respiramos era perfumado pelo verde da mata e o frescor que vinha do mar, aliados a um silêncio maravilhoso, bem diferente do bairro da Barra onde estávamos hospedados.
Dormir foi repousante e tranquilo. Lembro que tentei assistir ao Fantástico e acordei com a Janete tirando meus óculos, pois i dormiria com eles, caso ela não tivesse tido essa preocupação.
Na manhã seguinte, um café maravilhoso, semelhante ao do Hotel Sol Barra, preparado pela mato-grossense, esposa do francês Laurent Lefebvre. Imaginamos que voltaríamos para Salvador, mas as surpresas ainda não haviam acabado. Perto dali, há um rio que deságua no mar. Havia uma jangada para que fôssemos ver o encontro da água doce com a salgada. Desembarcamos na praia, onde os comerciantes colocam as mesas e cadeiras na parte rasa do rio e os clientes ficam ali bebericando, com os pés dentro d’ água. A praia tem uma areia fofa e quente, e o mar é de um verde que se iguala à mata atlântica. Só depois de tudo isso é que retornamos a Salvador. Uma viagem tranquila e uma estrada de retas imensas.
Jangadas que cruzam o rio até o mar
No retorno, paramos para observar as obras da moderna Fonte Nova. Eu conheci a antiga, tendo assistido diversos jogos lá realizados. Fiquei impressionado com o tamanho e a beleza dessa arena que será entregue a esse povo que vive futebol 24 horas por dia. Aliás, futebol e carnaval, pois todos com quem conversamos sempre contam casos dessas duas paixões baianas.
Recomendo a todos os meus leitores que procurem esses lugares maravilhosos, pois ficar dez dias por lá cura qualquer estresse. Além de ser repousante e rejuvenescer as pessoas, oferece a tranquilidade que todos nós procuramos. O muro das belíssimas residências não tem mais de um metro de altura. Isso tudo sem sistema de proteção algum. É um convite para um descanso maravilhoso e reconfortante. Os telefones do Condomínio são (71) 36771094, 88616175 e 99447400. Garanto que não se arrependerão jamais, se visitarem aquele santuário da natureza.
Outros momentos de Salvador em fotos:
Os "velinhos" em passeio com o Elevador Lacerda ao fundo
Reencontrei meu 1º adversário em 1970, José Inácio (Sergipe)
No pelourinho com o amigo Oldemar Seixas e minha amada Janete
Até a semana que vem, se Deus permitir.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ESTAMOS CHEGANDO A SALVADOR PARA MAIS UM BRASILEIRO!


Em janeiro de 1970, acompanhado por quatro botonistas caxienses, realizamos uma longa viagem para disputar aquele que seria o primeiro campeonato brasileiro de futebol de mesa a ser realizado no Brasil. Foi uma epopeia o nosso feito, numa época difícil, quando o futebol de mesa engatinhava em diversas regiões de nosso país. Mas, foi algo que foi feito e muito bem feito.
Equipe de Caxienses em 1970 para o Brasileiro de 1970
Depois de termos colocado o ovo em pé, exatamente como Cristóvão Colombo o fez diante de uma platéia estarrecida diante da impossibilidade, provando que ser possível, muitos outros movimentos também realizarem. O pessoal da Regra de 3 Toques concretizou seu primeiro, no ano de 1981, o da 12 toques, em 1989, e o Dadinho em 2009, portanto com uma distância de onze anos nos separando dos demais movimentos.
Já realizamos nossos campeonatos em Salvador, Recife, Caxias do Sul, Jaguarão, Rio de Janeiro, Vitória, Pelotas, Brusque, Itapetinga, Aracajú, Santana do Livramento, Salvador (2), Pelotas (2), Rio de Janeiro (2), Natal, Recife (2), Rio de Janeiro (3), Vitória (2), Rio de Janeiro (4), Recife (3), Natal (2), Vitória (3), Pelotas (3), Aracajú (2), Rio de Janeiro (5), Natal (3), Salvador (3), Porto Alegre, Salvador (4), Rio de Janeiro (6), Florianópolis, Natal (4), Vitória (4), Salvador (5), Rio de Janeiro (7), João Pessoa, Porto Alegre (2), Recife (4) para, pela sexta vez disputarmos o título nessa maravilhosa capital baiana: Salvador. Será o 39º Campeonato Brasileiro da modalidade.
Quase 43 anos após o primeiro campeonato, eis que estou de volta ao circo botonístico, jogando a minha despedida oficial, pois, após essa participação só estarei jogando para me distrair, sem almejar coisa alguma. Não que eu vá esperando algo mais do que participar, pois estou há muito tempo sem jogar constantemente. E, nas pouquíssimas partidas de que participei, senti a enorme diferença do futebol de mesa do meu tempo para o atual. Talvez, ao jogar contra másteres, muitos dos quais ombreiam comigo em tempo de disputas e idade, vá encontrar um futebol de mesa mais parecido com o que jogava, onde procurávamos lançar e o jogo não permitia tantas cavadas, como as que acontecem na atualidade.
Confesso que ainda sou mais adepto ao sistema que era jogado até os anos oitenta, quando então eu parei de competir por inúmeras razões de cunho pessoal. Atualmente, o futebol de mesa está super competitivo e a precisão dos lances é impressionante. Sou admirador da maneira atual de jogar, mas como saudosista fico pensando no passado, nos grandes botonistas que admirava e procurava imitar, conseguindo algum sucesso.
Pelo menos sei que farei três partidas, e as feras que estão me esperando são: Jair (BA), C. Alberto (PE) e Gil (Al), aos quais espero oferecer moderada resistência. Se conseguir marcar um gol, já ficarei feliz, mas, caso contrário, da mesma forma sentirei alegria, pois me despedirei dos gramados de madeira no mesmo local onde iniciei a minha caminhada, jogando contra Inácio (Se), o grande campeão brasileiro de 1979. O resultado desse jogo foi 1 x 1.
Mas, a grande felicidade que terei será a de reencontrar velhos amigos, irmãos de jornadas botonísticas, que o tempo guardou em meu coração e ali estão conservados para todo o sempre, como o meu irmão Oldemar Dórea Seixas e o meu irmão de fé Reinaldo Machado, além de vários amigos que, com certeza, far-se-ão presentes ao evento.
Pena não contarmos com todos os que estiveram nesse primeiro campeonato, pois o tempo é malvado com alguns, requisitando-os antes dos outros para permanecerem junto a Deus. Sentiremos saudade do Ademar Carvalho, do Nelson Carvalho, do Jomar Moura, do Webber Seixas, Ivan Lima, Átila Lisa, Fernando Contreiras, Geraldo Holtz, João Paulo Mury e o meu companheiro de equipe Ângelo Slomp. Mas, de onde estiverem, certamente, saberão que, quando lá estivermos, eles estarão em nossa memória e serão homenageados com pensamentos elevados.
Sambaquy, IvanLima, J.P.Muri e Oldemar por ocasião do Brasileiro de 1970
Ivan Lima e Nerivaldo Lopes dois baluartes dos primeiros tempos. Ivan
(Pernambuco) Nerivaldo (Paraiba)
Enfim, eu acredito que as emoções serão enormes. Estar com os amigos é o mesmo que estar com Deus e, para isso, eu peço que Ele esteja sempre entre nós, para que possamos conviver com harmonia e tranqüilidade esses momentos que serão mágicos e inesquecíveis.
Ate Salvador, se Deus assim permitir.
Sambaquy

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SÓ PROSPERAMOS NAS DIFICULDADES?


O fato que me levou a escrever sobre esse assunto prende-se à Regra Pernambucana. Semanalmente, acompanho o movimento da bolinha de borracha, através dos blogs dos amigos Abiud (A Marreta) e de Hugo Alexandre (Chelsea). Pois há um mês não está sendo postada nenhuma notícia sobre o campeonato. A razão é a reforma da sala onde são realizados os jogos empolgantes que aqueles amigos realizam todos os sábados. Imagino a dificuldade deles, não podendo postar notícias detalhadas sobre as partidas, com fotos e descrição completa do que aconteceu na rodada semanal.
Somos dependentes de espaço físico. Necessitamos de salas com capacidade para colocar mesas e realizar, dessa forma, nossos campeonatos.
E não são só os amigos de Pernambuco. Em todos os cantos de nosso país, a coisa é sempre igual, pois raramente alguém dispõe desse espaço físico para ceder ao futebol de mesa, em detrimento de outros interesses.
Aconteceu quando iniciamos a prática organizada em Caxias. Em 1963, a sede da AABB tinha um salão onde realizavam alguns bailes e que ficava disponível para nós. Foi lá que realizamos os torneios de aniversário da Liga Caxiense e onde, também, germinou a Regra Brasileira, quando da apresentação da partida inaugural em uma mesa nas medidas utilizadas pela nossa Regra. Com a reforma da sede, passamos a jogar no piso inferior, ao lado das canchas de bolão. Era um tempo em que as pessoas não se prendiam à TV, com novelas e programas esportivos. Quando muito assistíamos a lutas livres, onde o Ted Boy Marino representava o grande lutador, contra alguns mascarados que sempre usavam de malícia e malandragens. Por essa razão eram muitos os que estavam sempre presentes na sede da AABB. Com isso, começaram a maltratar as nossas mesas, pois geralmente quando chegávamos para as nossas rodadas, tínhamos de lixar, limpar e reclamar de colegas que colocavam garrafas e copos molhados em cima delas. Isso nos fez pensar em alugar uma sala central, onde somente fosse praticado o futebol de mesa. Começava a nossa peregrinação por vários locais na cidade até terminar onde está atualmente.
A dificuldade sempre nos acompanhou, pois nem todos os que eram filiados podiam cumprir com o pagamento de mensalidades, as quais cobriam o aluguel da sala. Sobrava para os que tinham emprego, os quais acabavam sempre arcando com os custos, geralmente elevados.
Abro um parêntese para citar um feito histórico, pois a Associação Brusquense de Futebol de Mesa, depois de ter sido criada na AABB, teve de fazer sucessivas mudanças: Rua Ruy Barbosa, sede do S. C. Paysandú, Brusque Hotel, até que, num esforço conjunto de seus associados, políticos e comércio brusquense, conseguiu construir a sua sede própria. Para tal, nosso presidente Oscar Bernardi, que era amigo do presidente da Câmara de Vereadores da cidade, recebeu um terreno na barranca do rio Itajaí Açú. Planejamos a construção e nos programamos para conseguir reunir numerário suficiente para a concretização do sonho. Fomos ajudados por políticos que viam com bons olhos a nossa ideia de difundir o futebol de mesa entre a juventude, já que realizávamos campeonatos infanto-juvenis, reunindo muitos meninos de famílias brusquenses. Assim, foram realizadas grandes promoções, pois criamos o primeiro Centro Sul, no ano de 1979, e o oitavo Campeonato Brasileiro, em 1981; nossos botonistas foram conhecendo praticantes do futebol de mesa de todos os tipos, inclusive, pois nós só praticávamos a modalidade liso, começaram a aparecer os botões cavados. Era difícil jogar contra eles, pois sempre foi mais fácil destruir do que construir. Além de muitos dos nossos botonistas imitarem outros botonistas que, ao marcar um gol, gritavam, pulavam e vibravam como se tivessem faturado a Mega Sena, sozinhos. Isso foi constrangendo alguns, outros revidavam da mesma forma e o clima acabou ficando pesado e muitos abandonaram o barco, apesar de ter uma casa só sua. Os nossos professores, nossos mestres foram Airton Dalla Rosa e Luiz Ernesto Pizzamiglio, dois botonistas de alta estirpe e educadíssimos na mesa. Mas, com a evolução e aparecimento de botonistas de outras índoles, não foi possível evitar que os exemplos, nem tão bons, fossem sendo adquiridos. Um a um, abandonaram os campeonatos. De 1974 até 1986, tivemos campeonatos regulares, mas ao longo dos anos se esvaziando em número de participantes. Em 1985, foi o único campeonato vencido por botões cavados, tendo o amigo Décio Belli, com seu Guarany se sagrado campeão. Houve uma primeira parada, até 1991, quando então, os meninos, uns filhos de botonistas e outros seus amigos, reuniram-se e voltaram a disputar até 1997, até que, sem incentivo, pararam definitivamente. Desde aquela época aos dias atuais, a sede da ABRFM está entregue às moscas.
Talvez nosso esporte só sobreviva quando tiver de enfrentar dificuldades. Ter de garimpar uma sede, ter de batalhar para reunir botonistas, a fim de disputar campeonatos; isso sem falar nas diversas regras que proliferam por esse nosso país, pois comecei falando da regra pernambucana. Como ela, há centenas de outras e todos os seus praticantes, tendo as mesmas dificuldades: local, pessoas, regras, federações, confederação, etc.
Em Brusque, por não haver toda essa gama de dificuldade, pois tínhamos o local, sem depender de ninguém, não tendo de pagar aluguel, não conseguimos mais nos organizar e reunir um número de botonistas suficientes para realizar campeonatos; sentimos que, se tivéssemos ficado jogando entre nós, talvez até hoje ocorreriam campeonatos anuais. Quiçá nosso erro tenha sido partir para outros horizontes e ampliar os números de amigos, o que não foi entendido por alguns, razão pela qual tudo acabou ou, quem sabe, foi o resultado do campeonato seguinte que derrubou nossos sonhos. Um campeonato que só foi resolvido em uma reunião realizada no Rio de Janeiro para definir quem havia sido campeão. No retorno de nossa delegação que foi ao Rio, composta por ex-presidente da Associação Brasileira, seu vice, e mais dois botonistas que ocupavam cargos de diretoria, por decisão unânime, abandonamos a Associação Brasileira. Pouco a pouco, nosso sonho definhava e fazia com que ficássemos mudos diante de fatos tristes que não convém serem relembrados.
Por isso, faço votos que a sede do Botãobol, da Regra Pernambucana fique pronta logo, para poder voltar a acompanhar os resultados das rodadas emocionantes que aqueles amigos realizam semanalmente.
Abiud Gomes e seu Náutico

Uma das decisões do campeonato pernambucano: Abiud x Hugo Alexandre

Armando Pordeus, de Pernambuco que joga com a SER CAXIAS

Até lá, fiquem com Deus.

domingo, 21 de outubro de 2012

ÁTILA LISA, PRIMEIRO CAMPEÃO BRASILEIRO NOS DEIXA.


Conheci-o em 1970, por ocasião do Primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa. Simpático, educado, prestimoso, sempre procurando estimular a nós, que éramos iniciantes na modalidade então praticada no nordeste brasileiro, ensinando-nos a tocar o botão com calma e visão. Todos nós, gaúchos, ficamos seus admiradores, pois se sagraria o primeiro campeão brasileiro, vencendo o também baiano José Marcelo que, como ele, representava Sergipe.
Nascia uma amizade, consolidada ainda mais em 1979, no brasileiro realizado em Vitória, quando nos defrontamos na mesa e ele saiu vencedor. Após a solenidade de encerramento, sentou-se conosco e conversamos por algum tempo, quando ele manifestou o seu interesse por residir no Rio Grande do Sul. Ao despedir-se, quase esquece o seu troféu de vice- campeão. Alertado, disse em tom de consolo que ele ficaria em boas mãos, abraçando-me mais uma vez.
Seu filho Flavinho enviou um e-mail aos amigos, desnudando a imensa dor que sentia pela perda irreparável de seu pai e amigo. Comentou sobre a foto que postou no FACEBOOK, mostrando um Átila fragilizado pela doença e que culminou com uma enxurrada de depoimentos emocionantes e de extrema consideração. Ao tomar conhecimento deles, Átila, emocionado disse: “Puxa, que legal, como eles gostam de mim!”. Nem imaginava esse amigo que, muitos, por não estarem cientes de seu problema, também gostariam de manifestar seu reconhecimento por tudo o que ele fez em benefício de nosso esporte. Eu fui um dos muitos que foram tomados de surpresa quando li a notícia de seu passamento. Exatamente quando escrevera uma coluna falando sobre a minha participação no brasileiro em Salvador e que se houvesse a possibilidade de encontrá-lo, junto ao Inácio, seria maravilhoso.
Átila amava a Bahia, sua terra natal, e o Rio Grande do Sul por ter tido uma bela e rica passagem em nosso solo, onde ensinou o futebol de mesa e cultivou amizades eternas.
Vilno Araújo, baiano de Alagoinhas, conheceu Átila na década de sessenta, quando ambos muito jovens e praticantes do futebol de botões tiveram a oportunidade de conviver. Partiu de Alagoinhas o convite que foi atendido pelo saudoso José Gomes, um dos maiores baluartes do futebol de mesa brasileiro, criando um intercâmbio maravilhoso que elevou a níveis inéditos o desempenho de ambos os clubes, denominados de ARAL (Aracajú/Alagoinhas); o torneio entre eles durou por vários anos. Vilno continua sua narrativa preciosa, dizendo que recebeu um presente divino que foi ganhar a amizade de Átila e de seus familiares. Cita, ainda, o desempenho em 1979, no brasileiro em Vitória, quando disputou nas semifinais com Inácio e perdeu nos pênaltis e, na outra, Martins (RJ) x Átila que conquistou a vaga. Foi mais uma final sergipana em finais de campeonato brasileiro. Só que nessa Átila ficou com o segundo lugar. Mas a sua alegria foi talvez maior do que a do Inácio, pois estava demonstrando o seu caráter e amor ao estado que o acolheu como filho.
Seus três filhos Alexis, Flavinho e Alan foram apresentados ao futebol de mesa por ele e  se tornaram tão importantes quanto o seu amado pai. Formaram uma verdadeira família, abraçando o esporte que todos nós amamos.
Jorge Campos, o baiano que está monitorando as reservas para o brasileiro de Salvador disse que foi um felizardo em poder conviver com Átila, durante os dois anos que morou em Aracajú. Que Átila, sempre de bom humor, o apoiou e incentivou a voltar a jogar.
André Marques, em nome da diretoria da CBFM manifesta a tristeza que se abateu sobre todos, mas manifesta a certeza de que Átila está reforçando a grande fileira de botonistas no plano espiritual e, certamente, ao chegar, já estará pedindo “Ao Gol”.
Nesse momento de dor, de ausência e de saudade, lendo tudo o que foi escrito sobre esse amigo querido, e baseado na mensagem emotiva e dolorida escrita por seu filho, fica-me a certeza de que todos aqueles que estão em harmonia com sua consciência serão grandemente abençoados. E Átila sempre esteve em harmonia com sua consciência.
Descanse em Paz meu amigo e irmão Átila, e que a paz do Senhor fique sempre ao seu lado, pois, dessa forma, todos aqueles a quem deixaste terão a certeza de que estarás feliz.
Átila Lisa na época de Rio Grande. Ele era o grande professor desta turma que foi muito vencedora.
Átila, na foto, está bem ao centro  agachado de camisa branca e gola azul. (3º da direita para esquerda)
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.