segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A COMUNICAÇÃO NO FUTEBOL DE MESA.



Todos os dias eu passo horas lendo noticias em diversos blogs sobre o futebol de mesa de todo o país. Assim, fico inteirado do que está acontecendo nas diversas agremiações que enriquecem esse esporte que levou tanto tempo para ser reconhecido.
Há blogs, como os do Breno e do Gothe, cujas informações diárias mostram o intenso trabalho que seus editores colocam para detalhar tudo o que está acontecendo, não só no seu estado natal, mas em todo o território nacional. O Breno, perfeccionista, brinda-nos com vídeos maravilhosos que fazem sentir-nos integrados no ambiente em que foram feitos.
Muitos surgem com força, mas, com o passar do tempo, vão ficando abandonados e outros até param de fornecer notícias. Mas, a quantidade é muito boa e nos faz viajar pelos mais distantes recantos, locais onde o futebol de mesa é praticado.
Mas, isso é algo que vem sendo feito há menos de dez anos. É algo que a informática nos trouxe  e que haverá de persistir indefinidamente.
O grande impulso que o futebol de mesa recebeu foi iniciado na década de oitenta. Diversos clubes editavam seus boletins em estilo tablóide e distribuíam, via correio, para os aficionados que por eles se interessassem. Foi através deles que iniciamos esse processo que resultou na regularização de nosso esporte no CND. O primeiro que chegou às minhas mãos foi editado pela Associação Galáxia Petlem, chamado TÉCNICOS E BOTÕES. Através dele, tomei conhecimento do BOTUNICE INFORMA, onde o mestre Décourtdesfilava suas histórias e falava dos campeonatos paulistas em geral. Depois, veio o URUDANCAM, (Urubu dando cambalhotas) que trazia as notícias do futebol de mesa do Rio de Janeiro e da turma do Getulio Reis de Faria. O informativo O BOTONISTA foi  editado pelo Clube de Botão de Taubaté, onde o grande José Geraldo Cursino, seu diretor, o redigia. Surgiu, em Brasília, o grande K ENTRE NÓS, produzido pelo extraordinário José Ricardo Caldas e Almeida, e o informativo SERRANO, com o futebol de mesa de Sobradinho. Além deles, havia um protótipo jornalístico produzido por Sérgio Netto que, por vezes, tornava-se violento e atacava os disputantes de outras regras e era romântico e até poético, abrindo espaço para a mulher botonista. Do Rio Grande do Sul, o JORNAL BOLA BRANCA, de Ageu Inácio Kehrwald, de Lajeado, que também dava conta do movimento gaúcho na regra de três toques.
É claro que a velocidade daquela época era bem diferente da de hoje. As notícias eram recebidas de torneios e campeonatos que já haviam ocorrido. Mas, era uma forma de sabermos o que estava acontecendo no restante do país.
Eu tive o cuidado de guardar todos esses informativos e encaderná-los, deixando-os aos cuidados do presidente da AFM Caxias do Sul. São documentos históricos que mostram o desenrolar da história numa época anterior à era da informática. Serviu como motivo de aproximação entre os diversos líderes do futebol de mesa daquela época.
Para mim, valeram viagens a São Paulo e a primeira foi um convite da A.G. Petlem para assistir à segunda Taça Petlem. Convite feito, convite aceito. Fui a São Paulo e Pedro Luiz Junqueira, então o presidente da Petlem, apanhou-me no aeroporto. Fiquei em um Hotel em Moema e, à noite, tive a imensa felicidade de receber a visita de Geraldo Décourt e sua esposa D. Edna. Conversamos como velhos amigos. Eu havia levado comigo dois exemplares que estava guardando com recortes, fotografias, reportagens sobre o futebol de mesa. Décourt ficou espantado quando citava um botonista paulista e eu completava seu nome: Mingão – Domingos Varo Neto; Guilherme – Guilherme Biscasse ; Atienza – Geraldo Atienza; Della Torre – Antonio Maria Della Torre, e assim por diante. Eu estava acompanhando as reportagens que a Gazeta Esportiva publicava todas as quintas feiras, dando conta dos diversos campeonatos paulistas que eram realizados. Ficamos conversando até altas horas, quando então Décourt e D. Edna regressaram ao seu lar.
O gelo havia sido quebrado e tínhamos a certeza de que éramos amigos e nunca rivais por jogarem regras diferentes. Quando falei sobre os campeonatos brasileiros que tínhamos realizado, ele recordou que, quando morou em Porto Alegre, na década de cinquenta,  organizou, em conjunto com a Cia. Caldas Junior, um campeonato estadual, onde centenas de meninos se inscreveram. Lamentou não ter tido o mesmo capricho que eu estava tendo em guardar esses documentos para uma divulgação posterior.
Eu acredito que os historiadores gaúchos, tais como Enio Seibert, poderão coletar essas antigas reportagens e trazer à luz, pois fazem parte da história de nosso esporte. Hoje, seria maravilhoso poder reproduzir aquelas páginas e mostrar aos botonistas que houve alguém que desejava que esse esporte ganhasse vida e força.
Por isso, como é delicioso ler as páginas escritas, diariamente, muitas trazendo histórias antigas, como o presidente da Associação Riograndina que escreve  as escreve maravilhosamente bem, contando histórias acontecidas e que, hoje, fazem parte daquela agremiação como páginas vivas que jamais serão esquecidas.
Se, atualmente, podemos contar com clubes que reúnem botonistas, isso aconteceu em razão dos esforços de quem teve coragem de reunir pessoas e fundar uma agremiação que praticasse o jogo de botões, pois, naquela época, não se falava em futebol de mesa.
Por isso, o meu incentivo àqueles que conseguem enriquecer o nosso esporte com notícias atualizadas e que, com toda a certeza do mundo, farão a história daqui alguns anos.
Até a semana que  vem, se Deus permitir.
Sambaquy

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

IV MUNDIALITO DE SELEÇÕES NA REGRA DE 12 TOQUES.


Meus amigos, no mesmo dia em que a AFM Caxias do Sul, com a colaboração do SMEL (Secretaria Municipal de Esportes e Lazer) o Marcílio Dias, de Itajaí realizava a IV edição do Mundialito de Seleções. Cada integrante escolhia sua seleção e ia para a disputa defender com unhas e dentes as cores nacionais daquele país que ficava sob sua responsabilidade.
Em Itajaí, já foram disputadas três edições dessa Copa. Em 2008, a Holanda, defendida pelo nosso campeão Ivo de Castro Junior sagrou-se campeão. Em 2009, Ivo consegue o bicampeonato, sempre com a Holanda. Em 2010, a Holanda foi consolidada como a maior vencedora desse torneio, dando ao Ivo o tricampeonato. Nesse ano, ele resolveu mudar e passou-se para a Hungria de Grosicz, Buzansky e Lantos, Boszik, Lorant e Zakarias, M.Toht, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Czibor. Era algo que ele, por ser admirador das fábricas de fazer gols, sempre almejara.
O sorteio das chaves o colocou na mais difícil, pois contava com a Croácia (André), Suécia (Sambaquy), Holanda (Renan), Brasil (Sione) e Cote D’ Ivoire (André). Na outra chave, a Inglaterra (Oswaldo), Luxemburgo (Rubão), Polônia (Ricardo), Itália (Sérgio) e Camarões (Marco Aurélio).
Na primeira fase a supremacia absoluta foi da Hungria e da Inglaterra com 100% e aproveitamento. Classificaram-se ainda a Croácia, o Brasil e a Suécia pela chave A e pela B, a Inglaterra, Luxemburgo, Itália e Polônia.
O primeiro colocado jogaria com o quarto, o segundo com o terceiro e assim por diante.
Então aconteceu a primeira zebra. A imbatível Inglaterra é batida pela Suécia, de Ibrahimovic. Luxemburgo vence o Brasil, Hungria vence a Itália e a Croácia esmaga a Polônia.
Nas semifinais, a Croácia bate a Suécia e a Hungria sofre, mas vence Luxemburgo.
Decisão do terceiro lugar, vitória de Luxemburgo sobre a Suécia. Todos os olhares se voltam para a final: Hungria e Croácia.
Meus amigos do futebol de mesa,  façamos uma retrospectiva ao campeonato mundial de 1954 na Suíça. Hungria e Alemanha, quando jogaram na fase de classificação, teve a vitória húngara por 8 x 3. Uma derrota esmagadora. Na final, a Alemanha acordou e venceu o jogo por 3 x2, tirando do time de Puskas o gostinho de levantar a Jules Rumet, então em disputa.
Pois, aqui, aconteceu a mesma coisa. Na classificação, a Hungria esmagou a Croácia por 5 x 1. Na final, a Croácia, que estreava em campeonatos no Marcílio, superou a equipe magiar por 5 x 4, valendo-se de seus arremates de longa distância, surpreendendo o então tricampeão da modalidade.
A artilharia final apresentou a demolidora Hungria como a maior marcadora, tendo balançado as redes adversárias por 39 vezes, sendo merecedora de uma medalha artilheira.
Ao meio dia, o pessoal organizou um churrasco na sede social e um ambiente de confraternização foi a tônica. Uma experiência que deu certo, pois sempre sobrava um, devido à chave B estar com um a menos, o que a obrigava sempre ter um sobrando nas rodadas.  Foi um sábado muito alegre e divertido em que a confraternização imperou em todos os momentos.
A premiação foi feita após a finalização do Mundialito, tendo sido destinada uma medalha a cada participante conforme a sua colocação, a saber:
11º Cote d’ Ivoire,
10º Camarões,
9º Holanda,
8º Inglaterra,
7º Brasil,
6º Itália,
5º Polônia,
4º Suécia,
3º Luxemburgo,
2º Hungria e
1º Croácia.
Foi uma grande festa de botonistas da regra de doze toques, cujos jogadores se preparam para a disputa do 2º turno do Campeonato do clube, que leva o nome de Adauto Celso Sambaquy. É a terceira vez que sou homenageado por esses amigos que me trouxeram novamente ao mundo do futebol de mesa.
Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy.




segunda-feira, 17 de outubro de 2011

... PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE...

Como seria bom se só existissem, aqui em nosso Planeta, homens de boa vontade. Com certeza, a nossa vida seria muito melhor e bem mais rica.
Hoje, desfrutamos de estradas que nos levam aos mais distantes recantos de nosso país. Temos uma rede aeronáutica que em pouco tempo nos faz engolir distâncias. Nem sempre foi assim, pois houve aqueles que tiveram a iniciativa de abrir terrenos e formar estradas e pessoas que, juntas, pensaram em dar comodidade em deslocamentos, criando empresas de aviação. Esses tiveram o trabalho duro e brutal, muitas vezes com risco de suas vidas para, hoje, termos as facilidades que encontramos.
No nosso esporte, que por muito tempo foi considerado diversão, hobby, entretenimento também foi necessário um trabalho gigantesco. Reuniões foram realizadas. Viagens feitas e uma concordância de abrir mãos de muitos privilégios, como o de dizer que a minha regra é a melhor de todas. Teve de haver humildade e gestos fraternos para que a união se manifestasse e o C. N. D. nos distinguisse com a categoria de esporte. A nossa participação na regulamentação disso tudo foi de 1/3, cabendo os outros 2/3 aos dirigentes das regras de três e doze toques.
Essa é razão, pela qual, fico estarrecido com as notícias que recebi de meu amigo Ítalo, sendo impedido de usar o uniforme de sua agremiação num torneio a ser realizado em uma regra que ombreou conosco nesse trabalho que tanto benefício está trazendo às Associações de Futebol  de Mesa de todo o Brasil.
Os regimentos internos de cada associação devem ser atualizados, impedindo, dessa forma, que se cometam atos ofensivos a quem, duramente, acompanhou os dirigentes da Associação Brasileira de Futebol de Mesa no trabalho de convencer os poderosos da entidade maior do esporte a nos incluírem como esporte.
Não estou pedindo que abram suas portas e coloquem mesas diferentes das suas. Não estou pedindo que joguem uma regra diferente da que estão praticando. Estou apenas pedindo que respeitem as escolhas de quem não joga como nós jogamos. Cada um sente a beleza do futebol de mesa que pratica e o vive intensamente da forma como escolheu. Tentar menosprezar outra modalidade é o mesmo que ridicularizar o seu esporte preferido.
Dentro de nossa modalidade temos divergências: lisos e cavados. Eu nunca joguei cavado, mas defendo até a morte a sobrevivência dele, pois a nossa história é rica em conquistas maravilhosas por parte de excelentes botonistas que, muitas vezes, com enormes dificuldades levantaram troféus em nome do nosso estado natal. Não há um melhor do que o outro, o que existe é a adaptação a uma modalidade de jogar.
O Ítalo, quando esteve residindo em Brusque (SC) e desejando jogar, encontrou o pessoal que pratica futebol de mesa na regra de doze toques. Eles jogam em Itajaí (SC) e defendem as cores do Marcílio Dias. Ele foi acolhido com muito carinho por todos os botonistas catarinenses e gostou daquilo que viu. E, gostando da modalidade, encontrou pessoas que a praticam na vizinha cidade de Rio Grande. Se não houvesse ficado um pouco daquilo de bom que ele encontrou na regra de doze toques, ao voltar para a sua cidade, retornaria à sua Regra Brasileira e riscaria a página escrita em Santa Catarina. O que é importante é que cada regra tem a sua beleza, a sua plástica, a sua elasticidade, os seus segredos e, por isso, torna-se uma paixão em nosso coração.
Ai mesmo no Rio Grande já são várias as agremiações que jogam a regra gaúcha e a regra brasileira. E vivem em paz, em harmonia e gostam daquilo que fazem.
Poderíamos viver em paz e em boa vontade e praticar o nosso esporte sem desfazer o de nosso vizinho que é diferente do nosso, mas é o que ele sabe fazer e gosta de fazê-lo.
Rezo para isso acontecer, pois só assim estaremos valorizando o trabalho daqueles que, com sacrifício, suores, dissabores, conseguiram essa vitória que saboreamos hoje e que encontramos prontinha, sem ter de lutar por ela. Lembrem-se disso antes de discriminar outra modalidade de futebol de mesa. Nós não somos donos da verdade e nossa participação nessa verdade é igual em partes, a dos botonistas amigos, que jogam os três e os doze toques.
O respeito é bom e deve ser conservado sempre, para que todos possamos ser homens de boa vontade...
Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PRECONCEITO E DESRESPEITO NO FUTEBOL DE MESA.



Ainda não havia pensado em escrever sobre as situações desagradáveis que acabamos assistindo em campeonatos e torneios, por esse imenso Brasil. Foi então que o meu amigo Ítalo Petrecheli, em seu Blog GOL A GOL levantou a questão, que teve ampla repercussão entre os botonistas gaúchos.
Já havia escrito a razão de minha desistência, por mais de vinte anos, em praticar o futebol de mesa. Foi exatamente pelo comportamento anti-desportivo de uma grande figura do nosso esporte que me obriguei a deixar, pois não encontrava mais alegria naquilo que fazia.
Já havia constatado situações que geravam mal estar entre participantes. Gritos, berros, manifestações das mais variadas, na conquista de um gol. Reconheço que é um momento de euforia e de grandeza, na conquista daquilo que se almeja, mas, sabendo sempre que na outra extremidade da mesa está um companheiro, um amigo, um amante do mesmo esporte que praticamos. Para muitos pode parecer que essa atitude não influi na concentração e no objetivo. Mas, eu discordo. Por mais sangue frio que uma pessoa possa possuir, um grito alucinante, uma demonstração brutal de conquista, abala o sistema nervoso de qualquer um.
Apreciei muitas comemorações que culminavam na conquista de um gol. Falei seguidamente de um botonista caxiense chamado Boby Ghizzoni, filho do grande craque Ghizzoni que jogou pelo Internacional, e encerrou a carreira no G. E. Flamengo, de Caxias do Sul. A comemoração dele era feita somente quando o gol era do Bráulio (número 8) de seu time. Ele soltava foguetes e girava a mesa narrando o gol. Em seguida abraçava o seu adversário numa demonstração de respeito, como pedindo desculpas pela sua vibração. Acredito que em Caxias do Sul ninguém use dessa vibração exagerada e desrespeitosa. Afinal, todos estão disputando um jogo com um amigo e não com um inimigo, alguém que tenham de humilhar.
Acredito também na maldade no tocante ao tempo gasto para arrumar o goleiro, ficar arrumando, olhando de onde vai ser chutado, voltar a arrumar o goleiro, retornar ao ponto de onde sairá o botão de encontro à bolinha. Isso vai minando a tranqüilidade de quem vai jogar.
Eu sempre procurei manter a calma e nunca comemorei um gol de maneira estridente. Muitas vezes ao conseguir marcar um gol lindo, sentia vontade de enaltecê-lo, mas em respeito ao meu adversário, só fazia um breve comentário. Muitas vezes atribuindo ao fator sorte essa conquista. Quem já jogou comigo sabe muito bem disso.
Outro assunto bastante delicado é o preconceito contra uma regra que não seja a nossa. Perdoem-me os meus amigos, mas futebol de mesa é aquele que a gente joga, aquele que a gente ama e domina. Seja ele, na regra gaúcha, brasileira, doze toques, três toques, regra pernambucana, fogo tebei, paraibana, paraense (Celotex), sector Ball, leva-leva, toque-toque, dadinho. O que importa é a diversão que temos em jogar, em estar entre amigos, em poder conversar e ver as pessoas se confraternizando. Desfazer outra modalidade é simplesmente uma idiotice. Estabeleçamos que o futebol de mesa, por ser um esporte, tem várias modalidades em disputa. No atletismo não é assim? E na natação?
Se somos considerados um esporte, procedamos como verdadeiros desportistas.
Aqui em Santa Catarina, mais precisamente no litoral, a prática do futebol de mesa é na regra de 12 toques. Eu tenho acompanhado muitos gaúchos que aqui chegam, com seus botões puxadores, e que acabam amando a modalidade que podem praticar.  Tornam-se grandes botonistas e conseguem vencer campeonatos, jogando na modalidade de 12 toques, bem diferente daquela que praticavam no sul do Brasil. Nem por isso deixam de ser botonistas.
Menosprezar uma modalidade, comparando-a com outra é mostrar desconhecimento.
É só saber fazer aquilo que aprendeu e não querer entender que há outras maneiras de praticar o esporte que arrebata muitos brasileiros.
Eu já cheguei a pensar na possibilidade de praticarmos uma única regra. Mas, em contato com pessoas das demais modalidades, cheguei à conclusão que devemos viver em harmonia, sem querer meter o dedo na diversão alheia. Jamais conseguiremos isso. Nem mesmo na nossa regra Brasileira temos a unanimidade. Ela foi criada para os botões lisos, mas por pedidos de diversos interessados, os botões cavados foram permitidos. Chegaram a ser disputados campeonatos com lisos e cavados juntos, mas chegou o dia em que tiveram de separar as categorias. Lembro ainda de um botonista da cidade de Brusque que foi fazer um curso de tecelagem no Rio de Janeiro. Lá começou a jogar contra os cariocas e conheceu os botões cavados. Quando voltou dizia abertamente que se alguém quisesse ser campeão teria de jogar com botões cavados. Ele conseguia cobrir todas as jogadas que fazíamos. Chutava raramente ao gol, mas não permitia que chutássemos. Com a introdução dos cavados, a maioria dos botonistas de Brusque acabou deixando de jogar. Perdera a graça a criação, pois a destruição era muito mais fácil.
Por isso o desabafo do amigo Ítalo, que tive a imensa satisfação de conhecer em Itajaí, acordou todo mundo. Que exista o respeito entre os participantes, pois ninguém joga contra inimigos.
Até a semana que vem se Deus assim permitir.
Sambaquy.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

MINHA PRIMEIRA PARTIDA DE FUTEBOL DE MESA EM CAMPEONATOS BRASILEIROS.


Não é necessário dizer que ela foi jogada durante o primeiro campeonato brasileiro realizado em Salvador, na Bahia.  Partimos de Caxias rumo ao Rio de Janeiro, onde fizemos uma visita ao inesquecível amigo Getúlio Reis de Faria. No dia 4 de janeiro de 1970 realizamos uma partida amistosa e consegui vencer o Getúlio por 2 x0. No dia seguinte reiniciamos a nossa viagem rumo à linda Salvador. Fomos recepcionados pelos amigos baianos e jogamos na sede dos doutores Próculo e Kleber. A sede era a sala de espera entre os dois consultórios, visto que ambos eram dentistas e tinham em comum uma sala de bom tamanho. Ao encerrarem o expediente, cerravam a porta e colocavam a mesa para os jogos. Joguei na noite de 6 de janeiro contra o Andaraí, de Antonio Carlos Martins e o venci por 1 x 0. Após enfrentei o Dr. Próculo e ficamos num 0 x 0. No dia seguinte voltamos a nos preparar para a grande efeméride que seria realizada no dia 10.
Nesse dia 7 joguei quatro partidas, sempre procurando aprender com os grandes botonistas baianos que não iriam participar do Campeonato, pois não haviam se classificado. O primeiro adversário foi o incrível Cesar Aureliano Zama. Um botonista incrível que conseguia desarmar a nossa defesa rapidamente. Perdi por 3 x 1. Voltei a jogar contra o Dr. Próculo e novamente fui derrotado, desta vez por 1 x 0. Voltei a jogar dessa vez contra outra fera, várias vezes campeão baiano e o primeiro campeão do Nordestão. Webber Seixas, um dos mais completos jogadores de unha que vi jogar. Aprendi muito com sua malícia e seu jogo bem concatenado. Outra derrota e dessa vez por 4 x 1. O desafiei a me enfrentar novamente e fui mais feliz dessa feita, pois o nosso jogo terminou empatado em um gol.
Após, desfrutamos daquelas praias maravilhosas. Passeamos por locais históricos e visitamos museus maravilhosos. Estávamos num processo de aliviar a mente para não deixar o nervosismo tomar conta de cada um de nós, uma vez que era a nossa primeira experiência “a valer” contra adversários que desconhecíamos completamente. Até então havíamos jogado contra adversários que não estavam classificados para o brasileiro. Os baianos escondiam o jogo completamente, pois nenhum dos classificados mostrou sua cara a nós. Conversávamos, brincávamos, mas nada de jogar conosco. Não imaginávamos o que nos esperava. Além deles havia os sergipanos, os pernambucanos, o paraibano e os cariocas. Desses últimos só conhecíamos o Antonio Carlos Martins que freqüentava a casa de Getúlio, na Vila Izabel, no Rio de Janeiro.
No dia anterior, dia 9 de janeiro de 1970, foi realizado o Congresso de Abertura do Campeonato, no mesmo local onde os jogos seriam realizados. Os grandes líderes da época estavam reunidos e pudemos abraçar Ivan Lima (Pernambuco), João Paulo Mury (Rio de Janeiro), José Gomes (Sergipe), Nivaldo Pereira (Paraíba) e Ademar Carvalho (presidente da Associação Baiana de Futebol de Mesa). Através deles conhecemos os demais praticantes que foram sendo apresentados.

Dia 10 de janeiro de 1970 – data que deve ser eternizada por todos os botonistas – pois foi quando se iniciaram os campeonatos que uniram os praticantes do norte ao sul do Brasil.
Sorteada a mesa, meu adversário era José Inácio dos Santos, de Sergipe. Um tremendo jogador de botão, com uma técnica invejável, provada em 1979 quando, em Vitória (ES) tornou-se campeão brasileiro. O nosso jogo teve um início nervoso de minha parte. Afinal, era esse o meu sonho desde que fundamos a Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Estava, naquele instante, representando o meu estado natal em uma disputa a nível nacional. Foi um jogo, após acalmar, de grandes lances, com reais oportunidades para ambos os adversários. O resultado final acusou um empate em um tento. Meu gol foi marcado por Paulo Cesar Carpeggiani, número 10.
Para mim, essa partida foi a mais emocionante de todas. Fizemos um jogo limpo e ficamos ambos satisfeitos com o resultado final.
Depois joguei contra Marcelo Tavares, representante de Pernambuco e venci por 2 x 1, com gols dos botões 9 e 10. Meu terceiro jogo foi um desastre, pois meu adversário era nada mais, nada menos do que o campeão baiano Milton Silva, o Miltinho. Levei uma sonora goleada de 7 x 1, tendo o meu único gol sido marcado pelo botão número 7. Apesar dessa goleada, fiquei satisfeito, pois o Miltinho chutou nove bolas em meu gol, durante todo o jogo. Tinha uma pontaria mortífera. Meu último jogo foi contra Adélcio Albuquerque, do Rio de Janeiro. Uma vitória que redimiu um pouco a goleada sofrida. Venci por 4 x 1, com gols dos botões 10, 10, 9 e 8.
Como eu jogava o campeonato por equipes, ficamos em quarto lugar, pois Bahia, Pernambuco e Sergipe, por terem muito mais tempo jogando entre si, conseguiram nos ultrapassar. Atrás de nós ficaram Rio de Janeiro e Paraíba.
 Dois dias após ainda joguei mais algumas partidas, sempre no intuito de aprender um pouco mais, visto que tínhamos apenas três anos jogando nessa regra e dentro de casa. Nunca havíamos saído de nossas fronteiras. Os jogos que realizei foram contra José Santana, vencendo por 1 x 0, Webber Seixas, com derrota por 2 x 0 e Laureano Correa, também com derrota por 2 x 1. Todos eles eram grandes botonistas da Associação Baiana de Futebol de Mesa.
A foto que ilustra essa coluna é do meu primeiro jogo oficial em Campeonato Brasileiro, tirada em 10 de janeiro de 1970, com José Inácio e o juiz baiano. Muita saudade dessa epopéia botonistica de minha vida. Mas, confesso, faria tudo novamente se pudesse voltar no tempo.
Até a semana que vem.
Sambaquy.