segunda-feira, 29 de agosto de 2011

GRAVAÇÃO PARA A HISTÓRIA.







Há alguns dias encontrei algumas relíquias, gravadas em fitas K7, guardadas e que me trouxeram imensas recordações de tempos passados.

Numa dessas fitinhas o grande amigo GERALDO CARDOSO DECOURT envia uma mensagem gravada, onde coloca o Hino do Botonista, cantado por ele e suas filhas. A seguir, faz um depoimento maravilhoso, contando as histórias das lutas na sua São Paulo e enaltecendo os feitos de seu Botunice (Botonistas Unidos de Campos Elíseos). Acrescenta um depoimento de viva voz de ANTONIOMMARIA DELLA TORRE e finaliza falando de seu livro, em vias de ser terminado. A parte emocionante e valorosa dessa fitinha é a conservação da voz desses amigos que estão habitando o plano espiritual há algum tempo. A emoção é sempre redobrada ao escutar essas vozes que fizeram parte de muitas lutas em comum.

Outra fita K7 foi enviada da Bahia pelo meu irmão OLDEMAR SEIXAS. Aproveitou o Oldemar a festa de entrega de troféus referentes ao campeonato baiano e colheu as vozes de diversos amigos. O primeiro foi o campeão brasileiro de 1976, em Jaguarão (RS), GIOVANI PEREIRA MOSCOVITZ, o qual dizia que gostaria de me conhecer e jogar uma partida comigo. Na sequência o entrevistado foi o maravilhoso NELSON CARVALHO, organizador das tabelas de campeonatos, representante do São Paulo e um primoroso botonista. WEBBER SEIXAS, o administrador do Zoológico baiano,( em certa ocasião, na casa de Ademar,ao ser apresentado a um amigo brusquense que me acompanhava em viagem, o Webber apresentou-se como administrador do Zoológico. Meu amigo ficou impressionado e passou a fazer perguntas, sendo informado pelo Ademar que o Webber recolhia JOGO DO BICHO),o Palmeiras baiano, sempre rindo dizia de sua saudade e me convidava para voltar à Salvador. ADEMAR CARVALHO, o representante do Vitória, relembrando a sua vinda a Caxias do Sul, quando, junto com Oldemar fomos visitar um amigo de meu ex-sogro, em uma colônia e lá bebemos grappa com aniz e fizemos uma sapecada de pinhão. Lembrava com detalhes dessa passagem gostosa em nossa vida, sempre tirando sarro do Oldemar que só bebia guaraná, enquanto nós tomávamos todas as bebidas que nos eram oferecidas. O entrevistado seguinte foi ROBERTO DARTANHÃ COSTA MELLO, campeão brasileiro de 1971, em Recife. Dartanhã contou a história de sua participação no Brasileiro em Jaguarão, quando se deslocou de Salvador com onze pessoas em seu carro. Que havia chegado junto com a delegação baiana, que saiu alguns dias após, fazendo a viagem de avião, sendo que de Porto Alegre a Jaguarão foram de ônibus. A coincidência foi à chegada ao mesmo tempo na cidade. Finalizou o JOMAR ANTONIO DE JESUS MOURA, então presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, dizendo que confiava que eu realizasse em Santa Catarina um excelente trabalho, projetando o futebol de mesa e com certeza, patrocinando até um brasileiro. Isso foi feito, não só o brasileiro de 1981, como o 1º Centro Sul, em 1979, que na ocasião chamamos de Sul Brasileiro. O importante disso tudo, conservado com carinho, foi escutar as vozes de Nelson Carvalho, Webber Seixas, Ademar Carvalho e Jomar Moura, todos eles já desfrutando da companhia de Geraldo Décourt e Antonio Maria Della Torre. Estão imortalizados em minhas fitinhas que vou tentar colocar em CDs, pois estão ficando em desuso os aparelhos que reproduziam as fitas K7.

Outra fita narra as festividades da inauguração da sede própria da Associação Brusquense de Futebol de Mesa, gravadas pela Rádio Araguaia, de Brusque, e que na época foram distribuídas a diversos líderes do botonismo nacional. Essa fita inicia-se com a benção realizada pelo PADRE PEDRO PALOSKY, um discurso vibrante do presidente da CITUR, órgão do Turismo Catarinense, e ex- prefeito de Brusque, o saudoso CYRO GEVAERD. Falou também o Dr. ENIO BRANCO, chefe da Casa Civil do governador Jorge Bornhausen. A fita contém na íntegra a entrevista que o repórter da Rádio Araguaia realiza com o presidente da Associação Brusquense de Futebol de Mesa, o grande amigo OSCAR BERNARDI. A data dessa fita: 21 de maio de 1982.

Outra fita contém a narração feita por Oldemar Seixas sobre um jogador que foi indicado por nós e que acabou sendo campeão pelo E. C. Bahia. O nome do jogador era Lico, e sua posição: lateral direito. Na sua estréia, jogando contra o C. R. Flamengo, realizou o seu maior sonho, pois era torcedor rubro-negro, de conhecer Zico, Junior, Andrade, Raul, etc. O Bahia ganhou o jogo e Lico foi enaltecido por ter se destacado. Depois Oldemar conta parte da história de sua vida particular e do movimento do futebol de mesa na Bahia, que estava a todo vapor, somando-se dois campeonatos brasileiros conquistados em 1976 e 1978.

Escutar essas preciosidades fez que meu pensamento se transferisse para outras épocas e pude reviver momentos de muita alegria e felicidade que passei em companhia de todos os mencionados. Com alguns ainda poderei manter contato, mas a grande maioria já partiu para a grande viagem e fica a saudade imensa de cada um deles.

Como afirma o meu querido amigo Marcos Zeni, “recordar é viver”, estou vivendo momentos de saudade e lembrando tantos amigos queridos que nos deixaram prematuramente. Devo dizer que, horas antes de Ademar Carvalho fazer a sua cirurgia do coração, tive a ventura de telefonar e conversar com ele. Ele ficou feliz e disse que assim que saísse do Hospital seria para mim a primeira ligação, dizendo que estava tudo em ordem. Infelizmente, para nós, a ligação foi de sua esposa, a Margarida, informando que não houve coagulação e com hemorragias o nosso amigo não havia resistido. Da mesma forma, foi a Dona Neusa que me informou do passamento do meu amigão Antonio Maria Della Torre, que recém iniciava a sua merecida aposentadoria, mas o coração não permitiu que se prolongasse sua permanência entre nós. Saudades, mas uma saudade gostosa, pois foram amigos que permanecem vivos em meu coração para todo o sempre.

Até a semana que vem, se Deus permitir.

Sambaquy.



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O IDEAL DE OURO - Coluna de 10 de março de 2008(Sargento Garcia).


Pessoas passam pela nossa vida e nos marcam para sempre. Confesso que conheci o amigo que escreveu essa coluna citada no título, dois dias após ter escrito essa homenagem a uma das maiores figuras que conheci dentro do futebol de mesa.

Falava da força, da paixão, do empreendorismo, da vontade férrea e, sobretudo do sentido de amizade que Claudio Schemes empregava em cada uma de suas façanhas. Escrevi um comentário, parabenizando-o pela felicidade em demonstrar em palavras a grande obra que hoje nos encanta e nos une fiel ao seu lema: Reunir amigos ao redor de uma mesa de botão. Realmente a herança de Claudio Schemes ainda está latente em nossos corações, reunindo os amantes do esporte dos técnicos em eventos que causam tanta alegria e felicidade.

Continuei lendo suas colunas e cada uma me motivava mais a escrever, contando um pouco daquilo que eu vivera em nosso esporte. Na Ousadia de mudar, abordou com maestria a diferença entre as duas modalidades desenvolvidas no Rio Grande do Sul. No final dessa coluna fazia uma homenagem a Nilson Leviens Mews, prematuramente falecido. Senti a força de seu coração fazendo justiça a um amigo que nos deixava.

Abordou Sob a Ótica das Mulheres e descreveu toda a série de preparativos que acontecem antes dos jogos. Misturou a incredulidade de nossas esposas a fatos épicos que surgem diante de nossos olhos em cada participação, com atitudes inusitadas de botonistas que acabam formando a história de nosso esporte. Ao final dessa coluna, dedica-a à Paulo Roberto Schemes, pois foi quem lhe estendeu a mão, que o recolocou no meio de seus amigos. Mostrava a gratidão que jamais deve ser esquecida e que ele valorizava com uma sutileza fabulosa.

Então, continuando a ler sua obra encontro o Fora-de-série. Não é necessário dizer que ele estava descrevendo a vida de uma pessoa que encanta a todos que tem a felicidade de conhecê-lo. Descreve em detalhes os feitos de Robson Betemps Bauer, dizendo que o destino roubou-lhe um anjo e que Deus havia lhe presenteado com mais um filho...

Confesso que estou escrevendo essa coluna na véspera da comemoração do Dia dos Pais. De quando em quando tenho de parar de escrever e enxugar as lágrimas que teimam em correr, inundando as lentes de meus óculos. Essa pessoa que hoje eu desejo homenagear, esse PAI AMOROSO, esse amigo PAI, esse botonista PAI, entrou em minha vida através de suas colunas e foi moldado como o maior exemplo de AMOR PATERNO que eu já recebi.

Nunca nos enfrentamos nas mesas, nunca havíamos nos encontrado pessoalmente, mas conversávamos muito pela Internet. Conheci sua história, a infelicidade de perder um filhinho num acidente doméstico. A reconstrução que teve de construir gradativamente de tudo quanto havia ruído ao seu redor. De haver vencido, pois é um vencedor nato. Senti seu coração à distância, pois a emissão dos eflúvios positivos que consegue transferir aos seus amigos é notório. Dele recebi um presente maravilhoso, que jamais poderei pagar, pois preencheu todo o meu anseio em guardar os meus velhos botões. Uma maleta maravilhosa, feita conforme eu havia imaginado e que é guardada com carinho em minha estante e em meu coração.

Em junho desse ano, por ocasião do XXIX Centro Sul Brasileiro, realizado em Caxias do Sul, tive a felicidade imensa de poder abraçar e agradecer, do fundo do coração, o presente que havia recebido desse campeão de todas as competições que participou, dessa pessoa que soube vencer as dificuldades que a vida colocou em seu caminho, que conseguiu dar a volta por cima e continuar a servir de exemplo a todos os que estão surgindo em nosso esporte.

Dedico esse DIA DOS PAIS a esse amigo querido GUIDO GARCIA, que em suas colunas assinava SARGENTO GARCIA, por ser esse exemplo, essa pessoa autentica, genuína, que tal qual um centenário carvalho, jamais se vergará ou quebrará diante das intempéries que o assolarem.

GUIDO STEIN GARCIA é desses botonistas que escreveram seu nome na história e serão imortalizados, não só pelos seus parentes, mas por todos os botonistas que receberam de Deus o presente de conhecê-lo e conviver com ele, mesmo que seja apenas por dois dias.

São suas as palavras que escreveu em sua primeira coluna: “Claro que nos orgulhamos das conquistas. Mas, o que mais nos orgulha são os amigos que cultivamos ao longo dessa caminhada. Os títulos ficam nas anotações daqueles que se dedicam a escrever a história. Os troféus ficam nos armários e prateleiras – esquecidos...

Mas os amigos ficam todos no fundo de nosso coração. E essa é a maior conquista que podemos ter em qualquer modalidade esportiva.”

Guido, amigo que eu guardo em um lugar especial de meu coração, você conseguiu motivar a coluna que escrevo, pois, foi depois de ler suas brilhantes Colunas do Sargento Garcia, que tive coragem de colocar as minhas experiências no papel.

Que possamos nos encontrar muitas vezes ainda. Um grande abraço de um Pai a outro Pai.

Até a semana que vem.

Sambaquy.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

1º ANIVERSÁRIO DA COLUNA, NO BLOG DA AFM CAXIAS DO SUL.

Foto: Farah (Presidente da CBFM) e Sambaquy.

Amanhã, dia 16 de agosto, estaremos comemorando o primeiro aniversário de nossa coluna. Um convite que o então presidente, Daniel Maciel, numa espécie de provocação à minha aposentadoria, mas, também a certeza de que fatos importantes do futebol de mesa estariam aflorando e reavivando a memória de todos nós, foi por mim aceito. Não imaginei que pudesse chegar a tanto, ou melhor, a tantas colunas escritas semanalmente.
Mas, o importante é que chegaram e foram ressuscitando momentos que deverão ser preservados em nossas memórias. Depois de escritos, sempre haverá alguém que os guardará, e com isso, as histórias que foram vividas por alguns de nós, farão parte desse folclore botonistico gaucho e brasileiro.

Hoje eu vou falar em algo que tirou meu sono na noite passada. Uma única regra. Seria possível? Seria viável? Existiria?

Depois de muito imaginar a possibilidade de todos jogarem da mesma maneira, adormeci. E adormeci com a consciência tranqüila, pois se isso tivesse sido possível, eu tinha feito muitos esforços para tentar conseguir. Só que, desde a década de oitenta eu tenho a certeza de que jamais haverá uma só regra de futebol de mesa.

A minha conclusão é óbvia. Assim como cada um de nós tem sua própria família, obedece a uma religião, tem simpatia por um partido político e torce fervorosamente por um time de futebol, tem a sua regra preferida e ela é a melhor do mundo, insubstituível. Afinal, é nela que nos realizamos e sentimos a alegria de jogar futebol de mesa.

A unanimidade jamais poderá existir. Vejamos a Regra Brasileira, ou de um toque. Foi criada com a união de duas regras (gaúcha e baiana). Nem mesmo ela é unânime em sua prática. Com o tempo, abriu-se uma brecha, pois foram usados botões lisos em sua origem, e com o tempo, adotados os botões cavados, os quais caíram no gosto dos gaúchos e cariocas. Por isso, tendo em vista a diferença do desenvolvimento do jogo nas duas espécies, foi criado em 1991 a primeira edição do campeonato brasileiro nas duas modalidades, o qual perdura até os dias de hoje.

Como falei na década de oitenta, ainda como presidente da Associação Brasileira, que administrava a regra Brasileira, fiz a aproximação com o pessoal paulista (Regra de 12 toques), brasiliense e carioca (Regra de 3 toques), paranaense (Regra Paranaense), onde demonstrava todo o nosso esforço, as realizações de nossos Campeonatos Brasileiros e os convidava a participar conosco em torneios e campeonatos. No Campeonato Brasileiro, realizado em Brusque (SC), dois participantes da Regra de 3 toques estiveram competindo. De São Paulo conseguimos uma equipe que jogava da mesma forma que nós. Mas, foram tiros no escuro, pois não tiveram resultados proveitosos. O saldo positivo disso tudo foi o início de campeonatos brasileiros em suas regras. Sentiram que não seria impossível conseguir reunir os praticantes de suas regras, e organizar seus próprios campeonatos nacionais. Uma grande vitória, entretanto, foi conseguida dessa união, pois, independente de regras, acaba sendo criada a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, sendo em seguida envidados esforços junto ao C.N.D. no sentido de reconhecimento do FUTEBOL DE MESA como um esporte, dando assim direito de conseguirmos verbas públicas a título de incentivo e patrocínio, com a obrigação de divulgação entre a juventude e principalmente nas escolas. Essa foi à grande vitória da união dos botonistas brasileiros.

Com a divulgação, através da Internet, de diversos blogs informativos de agremiações e entidades ligadas ao futebol de mesa, acabamos encontrando uma infinidade de regras, algumas regionais e outras de maior alcance, praticadas com afinco e volúpia por botonistas apaixonados. A tradicional regra gaúcha está ganhando forças e ressurgindo através de abnegados esportistas que jamais a abandonaram. Há também a Regra Unificada, de autoria do botonista Enio Seibert, de Porto Alegre e também dessa cidade a Federação Ipanema de Botão, chefiada por Marcelo Minuzzi, que pratica a Regra Toque-Toque. Tudo isso só no estado do Rio Grande do Sul. Em Pernambuco, conforme o meu amigo Armando Pordeus disputam-se jogos na Regra Brasileira, na Regra Pernambucana, Regra Fogo Tebei, 12 toques e Dadinho. O Armando ainda joga na Regra Paraibana. No Pará a Regra é Celotex com campeonatos disputadíssimos. O dadinho está ganhando espaços enormes e fazendo uma força incrível para ser reconhecido como oficial.

Agora está entrando no Brasil a Regra Sectorball, húngara, que foi descoberta pelos paulistas, que foram até a Hungria, para disputar o Mundial de Futebol de Mesa, levando consigo a Regra de 12 toques, que está sendo jogada por lá. Como a recíproca é verdadeira, trouxeram o Sectorball e está sendo desenvolvido um Campeonato Brasileiro da modalidade, no Rio de Janeiro, onde o Vasco da Gama assumiu a paternidade, visto que, nesse tradicional clube carioca joga-se todo tipo de futebol de mesa do país.

Em face disso tudo, tenho certeza absoluta de que jamais teremos uma Regra única de futebol de mesa. Assim como somos fiéis à nossa família, à nossa Igreja, ao nosso Partido Político, ao nosso clube do coração, somos fiéis ao nosso modo de jogar o nosso amado futebol de mesa. Podemos sim, jogar diversas regras e até jogar bem cada uma delas, mas sempre teremos a nossa preferida.

Eu próprio, por estar em um estado onde, na atualidade joga-se a Regra de 12 Toques, estou praticando-a, mas continuo preferindo a minha Regra Brasileira, apesar de não ter onde jogar a muito tempo.

Por isso, queridos amigos botonistas, ao comemorar um ano de colunas escritas, abordo um assunto que todos nós conhecemos e sabemos ser real, irremediavelmente correto e eterno.

E que possamos continuar a escrever por muito mais tempo.

Um abraço e até a semana que vem.

Sambaquy

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

DELESSON ORENGO – UM BOTONISTA ADVOGADO.


A história vivida no futebol de mesa registra grandes personalidades que conviveram comigo, jogando e brigando muito. Por essa razão, hoje, as lembranças recaem na figura de um amigo de longa data, colega de ginásio e um dos primeiros adversários que enfrentei e muitas vezes brigamos, pois não conseguíamos uma regra que fosse similar. Em determinados jogos valiam determinadas coisas, e no seguinte já não valiam mais. Eram dois turrões a se defrontarem continuamente.

Ao termino das aulas, seguíamos para a sua casa e jogávamos a tarde inteira. O Delesson tinha uma caixa com diversos times guardados. Um deles lembro ainda, era o São Cristóvão, tradicional clube carioca, clube dos cadetes e que não ganhava de ninguém. Acredito que em todos esses anos de futebol de mesa foi o único time do São Cristóvão que eu encontrei.

Após termos terminado o ginásio, na Escola Normal Duque de Caxias, continuamos a estudar juntos, pois concluímos o curso de Técnico em Contabilidade, no Colégio do Carmo. Depois ele foi cursar Direito, e eu Ciências Econômicas. Ele foi trabalhar no Banrisul, eu no Banco do Brasil. Foi então que nos encontramos novamente, pois os campeonatos bancários de futebol de mesa, jogados, agora em uma regra única, a gaúcha, fez com que deixássemos de brigar.

O Delesson jogava muito bem e era aplicado. Foi um dos fundadores da Liga Caxiense de Futebol de Mesa e participava ativamente tanto do campeonato bancário, quanto do caxiense. No primeiro campeonato bancário, o pessoal do Banrisul dominava amplamente o esporte e nós da AABB éramos apenas coadjuvantes. Tanto é que Marcos Lisboa foi o campeão e na segunda colocação ficaram empatados o Delesson e o Renato Muller, todos do Banrisul.

No ano seguinte o Delesson ficou em quarto lugar, pois começaram a surgir os nomes dos botonistas abebeanos. Marcos Lisboa foi o campeão, Sergio Calegari (AABB) foi o vice-campeão, ficando Roberto Grazziotin (AABB) com o terceiro lugar.

No ano seguinte, 1965, a sua participação foi determinante para a fundação da Liga Caxiense. Foi eleito tesoureiro da agremiação e desempenhou com satisfação o seu cargo.

No campeonato da cidade, nesse ano, já envolvido com seu curso de Direito, seu desempenho não foi das melhores e acabou em 9º lugar. Repetiu a mesma colocação em 1966. Nessas alturas da vida a sua preocupação eram seus estudos e por essa razão não conseguia desenvolver com plenitude seu jogo.

Foi o último campeonato que disputou, pois não conseguiu adaptar-se à Regra Brasileira, que em 1967 foi adotada pela Liga Caxiense.
Mesmo assim continua a jogar na sua regra, em seu escritório de advocacia. Joga com seu sócio e lá os dois disputam partidas ferozes.

Nas festividades dos 45 anos da Associação de Futebol de Mesa de Caxias do Sul, esteve presente e matamos a saudade. Foi um momento de muita alegria rever um antigo companheiro de lutas. Registramos em foto o nosso encontro.

Ficou de voltar, mas acredito que não é a regra que ele gosta de praticar, mais afeito à Regra Gaúcha, preferiu ficar com seus jogos em seu escritório, onde guarda a sua mesa.

Oficialmente jogamos seis partidas entre os anos de 1963 a 1966. Duas vitórias do Delesson, uma vitória minha e três empates são as nossas marcas.

A sua importância foi muito grande nos primeiros anos de lutas. Lembro ainda das gozações que ele fazia quando jogávamos contra os meninos do Guarany e éramos vencidos por eles. Em uma ocasião, jogando contra o Airton Dalla Rosa, eu elogiava os chutes que ele dava e o Delesson aproveitou para uma revanche comigo, dizendo: que essa era a categoria que eu tinha de disputar, a de juvenil, pois assim eu aprenderia a jogar direitinho.

A minha homenagem a esse grande nome do botonismo caxiense e gaúcho.

Até a semana que vêm se Deus permitir.

Sambaquy.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

NELSON PREZZI - O GRANDE MESTRE DE CERIMÔNIAS.


Para quem participa das atividades desenvolvidas pela AFM, como o aniversário de 45 anos da entidade e no último XXIX Centro Sul, aquele esforçado observador, pai de dois botonistas atuantes é apenas o Mestre de Cerimônias, aquele que, por sua imponência tem a capacidade de manifestar-se em público.

Por essa razão vou, nessa crônica, apresentar a verdadeira faceta dessa pessoa extraordinária, que pertence ao movimento botonistico desde que o mesmo saiu do esconderijo. O Nelsinho fazia parte do grupo que jogava no Recreio Guarany. Quando criamos o campeonato caxiense, jogava na segunda categoria, pois sua idade permitia apenas usufruir a condição de juvenil.

Seu time era o Penharol. Iniciou jogando na Regra Gaúcha, disputando os campeonatos com a meninada do Guarany. Foi ali que conheceu a sua esposa: Sirlei, irmã do Airton Dalla Rosa. Ele aproveitava o futebol de mesa e namorava ao mesmo tempo.

Com o advento da Regra Brasileira, mandou confeccionar um Penharol nas cores preto e amarelo e transformou-se num grande e imbatível botonista. Participou ativamente nos primeiros anos, pois, em virtude de seus estudos na área de odontologia, transferiu-se para Porto Alegre. Quando voltava, em suas folgas, não tinha tempo para o futebol de mesa, pois a namorada era muito mais importante.

Mesmo assim, seguidamente estava com o cunhado jogando em torneios. O primeiro campeonato na Regra Brasileira, disputado no Recreio Guarany, em 1967, acabou com a vitória de Ivan Puerari, seguido por Airton Dalla Rosa, Nelson Prezzi, Angelo Slomp, Vitório Menegotto, Almir Manfredini e Jorge Compagnoni. No campeonato caxiense de 1968, no qual o seu cunhado Airton Dalla Rosa conquistou o título, Nelsinho ficou em quarto lugar. Boby Ghizzoni ficou com o segundo e Vanderlei Duarte em terceiro.

Nesse campeonato seu ataque foi o segundo, só sendo superado pelo ataque cruzeirista do seu cunhado. O botão goleador desse campeonato foi o Tostão (Cruzeiro) com 27 gols, sendo que Rocha (Penharol) com 23 gols foi o segundo.

No ano de 1969, a Liga Caxiense visando um grande entrosamento entre os diversos clubes que participavam do campeonato, resolveu designar o grupo do Recreio Guarany para organizar o certame. Ficaram responsáveis pela realização os botonistas Sergio Silva, Nelson Prezzi, Airton Dalla Rosa, Jorge Compagnoni e Ariovaldo Sebben. Os jogos seriam realizados nas sedes do Recreio Guarany e do Vasco da Gama.

Em primeiro de agosto de 1969, a Folha da Tarde Esportiva estampou uma foto do Nelsinho e Airton, fazendo um chamamento para a realização do campeonato que seria desenvolvido dentro de poucos dias.

Em dezembro desse mesmo ano, no Gigante da Beira Rio foi disputado um Torneio, patrocinado pelo S. C. Internacional, na Regra Brasileira, onde Boby Ghizzoni, Airton Dalla Rosa e Nelson Prezzi abiscoitaram os três primeiros lugares, trazendo para Caxias, três magníficos troféus.
Contra o Nelsinho joguei sete vezes. Equilíbrio enorme, com três vitórias para cada um e um empate. Realmente, seus filhos Alexandre e Rogério tiveram a quem copiar, pois seu pai foi um grande botonista.

Várias vezes ele esteve acompanhando seus amigos Airton e Pizzamiglio, em visita à Brusque. Jogávamos torneios e ele sempre conseguia bons resultados. Num dos últimos torneios em que participou, lembro que perdeu alguns jogos por WO, pois ficou fotografando os beija-flores que eu alimentava, com água adocicada. Ficou uma manhã inteira fotografando os bichinhos, extasiado, esquecendo de seus jogos.

Hoje é uma figura constante em todas as promoções da AFM, além de ser o churrasqueiro oficial da entidade. Muitas fotos de seus churrascos estão guardadas entre os documentos dos botonistas caxienses, que se reúnem em sua magnífica mansão, em confraternizações maravilhosas.

Ele pode não ser um botonista atuante, mas é um ex-botonista entusiasta, que consegue agradar a todos aqueles que têm a ventura de com ele conviver. Seu nome está gravado na história do botonismo caxiense, fazendo com que o seu exemplo seja à tônica que seus dois filhos seguem na atualidade.

A alegria de estar com pessoas como o Nelsinho é um dos motivos de saber que meu deslocamento para a distante Caxias será sempre recordado com alegria e felicidade.

Um abraço nesse amigo querido, que tanto ajudou ao futebol de mesa chegar aonde chegou nessa querida cidade.

Até a semana que vem.

Sambaquy.



Foto: Sambaquy, Mário Ruaro, Kuhn e Nelson Prezzi.