segunda-feira, 25 de outubro de 2010

HOMENAGEM A UM LIDER.


Talvez eu devesse fazer uma homenagem a cada um dos líderes que existem em cada cidade de nosso país. Em cada uma delas existem pessoas que fazem o futebol de mesa existir, crescer, desenvolver-se e criar novos adeptos.

Hoje, entretanto, estarei falando apenas de um. E não vou me ater à regra que ele disputa e sim, somente ao seu trabalho.

O conheci de forma totalmente diferente das usualmente utilizadas, para conhecer pessoas. Foi através da Internet, através de meu computador, em minha sala, que tomei conhecimento desse valoroso OSWALDO FABENI DE OLIVEIRA.

Quando o fiz, foi no sentido de auxiliar a outro amigo que me telefonara para me convocar para falar sobre o futebol de mesa. Como eu não estava disposto a reiniciar, protelei esse encontro e, por um desses momentos inesperados, ao ler o Futebol de Mesa News, de São Paulo encontro uma nota sobre um grupo que estava jogando em Balneário Camboriú, minha cidade. Na nota estava o endereço eletrônico do presidente do grupo. Mandei-lhe uma mensagem. Não demorou muito e a resposta estava em meu computador. Forneci-lhe meu telefone e ele ligou prontamente. Voz calma, pausada, cheia de personalidade e carisma.

Conversamos longamente e expliquei-lhe o desejo do Bartolomeu de jogar futebol de mesa. Disse que ele era gaúcho, como eu mesmo, e que jogava na regra gaúcha. Ele disse que entraria em contato com o Bartô. Mas, continuou a conversar comigo. Contei-lhe de minha participação em tempos idos, quando havíamos participado ativamente do movimento que conseguiu fazer do futebol de mesa a realidade atual. Ele solicitou meu endereço e perguntou se eu me incomodaria se ele fizesse uma visita, com a finalidade de me conhecer pessoalmente. Disse que seria um prazer trocar idéia com mais um abnegado esportista.

No dia seguinte, dois de julho de 2007, o Oswaldinho estava me procurando. Conversamos. Mostrei-lhe os botões utilizados na Regra Brasileira. As bolinhas. Falei de tudo quanto foi feito no sentido de uma unificação em torno de uma só regra, o que infelizmente jamais poderá acontecer. Mostrei-lhe os diplomas, os troféus que guardo com carinho, fotografias antigas e senti que ele estava embevecido com tudo aquilo que se deparava em sua frente. Perguntou se eu responderia um questionário para ser publicado no site futebol de mesa news. Respondi que faria com muito gosto. Após mais de duas horas de conversas ele partiu.

No dia seguinte, por e-mail ele enviava o questionário que me apressei a responder, e que foi publicado no site em nove de julho. A partir daí começou o assédio para o meu retorno. Eu havia mostrado a ele, alguns times que eu ganhara nos anos 80, para a prática na regra de doze toques. Só que os botões haviam evoluído muito. Nos anos oitenta os botões estavam começando a ser fabricados, conforme nós já utilizávamos na regra brasileira desde os anos sessenta. Antes, a regra de 12 toques usava botões tampa de relógio, dos quais ainda guardo alguns times. Hoje, eles estão fazendo defensores maiores do que os atacantes, ângulos diferenciados, enfim, estavam incorporando a técnica aos botões para que, cada vez mais o jogo ficasse bonito e agradasse aos olhos.

Convidava-me, o Oswaldo a todos os torneios que realizava em seu salão de festas. Até que, num sábado, com uma fitinha gravada por Geraldo Decourt, cantando o hino do botonista, fui ao seu encontro. Conheci muitas pessoas que estavam participando. Ivo, Guilherme, Fernando, Rubão, Bartô, Joel e Renan. Fiquei algum tempo observando eles jogarem.

A seguir, o Oswaldinho conseguiu duas salas na empresa do Guilherme e para lá transferiram a sede e os jogos. O Oswaldinho, com a sua maneira de ser me convenceu a associar-me ao grupo. Como sabia que poderia ajudar, sendo mais um contribuinte, aceitei.

Em 25 de agosto o grupo promoveu a V etapa do Campeonato Catarinense, na Casa Hall Shopping. Fui até lá para assistir, pois o Oswaldinho insistia em me fazer apresentar para os demais integrantes catarinenses. Na premiação pediram para que eu entregasse o troféu de vice-campeão Máster ao Rubão.

A partir desse evento, o Oswaldinho vinha me buscar e me trazia de volta depois de cada torneio ou reunião que houvesse. Comecei a tomar conhecimento da nova regra de doze toques, pois houveram muitas modificações desde aquela praticada nos anos oitenta. Mas meus botões não correspondiam, pois os de defesa eram iguais aos de ataque e isso dava a oportunidade de espaços aos adversários. Foi então que o meu amigo me entregou o meu time do Barcelona, que ele havia comprado em sua participação no ultimo brasileiro que havia participado. Como eu só jogava partidas amistosas, o Oswaldinho instituiu a Taça Adauto Celso Sambaquy que foi disputada por todos os associados da entidade Por influência dele, mais adeptos foram aparecendo: Marcelo Índio, Marcelo Heusi, o presidente da Federação Alexandre Castelli, que com o Rubens Olinguer (RUBÃO) que vinham de Blumenau jogar aos sábados.

O Oswaldo compra uma casa em Itajaí e com isso conseguem alugar uma sede muito legal, junto a clube de snooker. A afluência aumenta consideravelmente e vão aparecendo o Arruda (gaúcho), Mauricio (gaúcho), Jefferson, o Thiago, o Sydnei, Janos, Alberto e a primeira menina a praticar o futebol de mesa entre os marmanjos Aninha.

Em 2008 o Oswaldo realiza o segundo Torneio Adauto Celso Sambaquy. Começo a jogar torneios, mas pela dificuldade em estar presente com todos eles, pois eu resido em Balneário, sou premiado com alguns WO. Foi uma época bastante difícil, pois minha filha havia perdido seu neném e isso me abalou profundamente.

O Oswaldinho sempre ativo e incentivador, foi o único catarinense que participou de todos os brasileiros, tanto individual como por equipes. Vai a todos, sejam onde forem realizados. Isso é sempre um incentivo aos demais. Através do futebol de mesa ela já conheceu quase todo o Brasil.

Gostaria de dizer a todos vocês que ele é um dos melhores botonistas que tenho encontrado em minha longa jornada. Só que, devido a um problema físico, que não o impede de ser o voluntarioso, e eficiente botonista, depois de duas ou três partidas, seu rendimento cai um pouco e ele sofre muito. Eu sinto a dificuldade de fazer vários jogos e sei que ele sente da mesma forma, mas, se deixarem, ele fica jogando o dia inteiro. Se todas as cidades possuíssem um Oswaldinho entre seus adeptos, tenho certeza de que o futebol de mesa seria hoje o esporte mais praticado em todo o país.

Por isso, hoje, eu rendo as minhas homenagens a essa pessoa maravilhosa, que me fez voltar aos gramados de madeira e dar minhas palhetadas. E isso depois de vinte e seis anos ausente do esporte. Como nota final, depois de todo esse tempo, eu fui vice-campeão do torneio Primeiro Turno de nosso campeonato e a pessoa mais feliz, quando eu recebia o meu troféu foi o Oswaldinho (foto). A ele rendo as minhas alegrias e o meu agradecimento por estar de volta a esse meio que sempre fez parte de minha vida.

Até a semana que vem. Abração a todos.

Sambaquy.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

OS QUARENTA E CINCO ANOS DA AFM – CAXIAS DO SUL.


No inicio desse ano eu recebi a agradável visita do presidente da AFM, juntamente com a sua família, e que trazia um convite amável, para prestigiar as festividades dos 45 anos de fundação da então Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Foi um convite todo especial, pois não foi por telefone, por carta ou mesmo por e-mail. Foi pessoal, cara-a-cara. Fiquei muito feliz, pois sempre tive um apreço muito grande pelo Daniel Maciel, e, essa era a sua segunda visita em meu lar. Com ele, os seus familiares e sua amada Flavinha. Não podia dizer que não poderia, diante de tanta gentileza.

O ano foi passando vagarosamente. Como falei na coluna anterior, com algumas passagens entre os praticantes de Itajaí. Até que, no inicio de junho foi promovido em Itajaí o campeonato brasileiro por equipes, na regra de doze toques. Insistiram pela minha participação. Foi um treinamento para o que estava reservado para mim em Caxias. Na abertura do campeonato, o presidente da Confederação Brasileira, Jorge Farah, solicitou que fosse dada uma salva de palmas ao “velhinho aqui”, por tudo quanto havia feito em prol de nosso esporte. Depois, me chamou para uma foto que ficará para a história de sua gestão.

Eu já estava ficando ansioso, pois estava recebendo a programação das festividades e pela bondade desses grandes amigos, a citação de meu nome ganhava destaque sem que para isso fosse o merecedor, pois muita gente batalhou ombro a ombro comigo.

Meu afilhado Rogério enviava e-mails, perguntando quem eram os fundadores, e quais ainda estavam vivos. Não imaginava que ele e o Nelsinho estavam programando a cerimônia que iria complementar o grande torneio. No dia 14 de junho fui até a cidade de Brusque, onde sempre comprei minhas passagens aéreas. Na Brucatur, adquiri pelo vôo da Gol uma passagem que me dava o direito de passear de Florianópolis até São Paulo (Congonhas) e de lá até Caxias do Sul. Sai com chuva de Balneário e encontrei um dia lindo em São Paulo. Mas, em Caxias tudo é diferente e confesso que senti medo quando estávamos chegando, pois ficamos dentro de nuvens até poder enxergar a pista. Estava chegando. Agora a coisa iria pegar fogo mesmo.

Depois de apanhar minha mala, encontro o presidente Daniel, me esperando. A programação estava recém sendo iniciada. Primeira parada: Comprar o abrigo da AFM para o visitante. As emoções estavam apenas começando. Após uma passagem rápida pela sede onde seriam os jogos, o almoço tradicional da cidade que melhor prepara o galeto em todo o país. Depois voltamos ao Vasco da Gama para conhecer as dependências. Maravilhosas salas com várias mesas dispostas para acolher os aficcionados que estariam disputando os quatro belíssimos troféus.

O coração estava começando a bater mais descompassada mente. Então começam a chegar às pessoas que eu conhecia por fotos e de uma passagem rápida pela antiga sede. Cada um era mais um amigo a se incorporar no saguão de meu coração. Algumas horas depois o Daniel, sempre solicito, me levou até Ana Rech, residência de meu genro e minha filha. Descansei um pouco, e, lá estava o Daniel para me levar ao encontro das demais feras que me esperavam na sede. Como é agradável abraçar velhos amigos, pessoas que fizeram parte de minha vida e que estavam ali me esperando: Marcos Zeni, Luiz Ernesto Pizzamiglio (que viajaria no dia seguinte para Maceió), Ednei Torresini, Rogério Prezzi, Alexandre Prezzi, Daniel Pizzamiglio, Luciano Carraro, Fernando Casara, Daniel Crosa, Mário Jr., Walter, Rodrigo, enfim a nata do futebol de mesa da Caxias. Bati uma bolinha com dois expoentes e senti o quanto havia perdido no toque, na força, na sensibilidade. Estava parado há muito tempo e não teria chance alguma. Seria apenas um assistente do Torneio. Foi então que nos carregaram para o estúdio da Rádio Caxias. Mais entrevistas, com um programa de grande audiência. O futebol de mesa havia ganho espaços preciosos em minha terra natal. Ao final da reportagem um telefonema de um colega de Banco do Brasil: Osni Freitas de Oliveira. Na saída nova confraternização e fomos levar o Pizzamiglio para casa, pois no dia seguinte estaria atravessando o país para visitar sua filha.

Dia seguinte, cedo o Rogério e o Alexandre foram me buscar. Com eles o meu abrigo e camisa da AFM. No caminho, uma passada na casa de um ícone do futebol de mesa: Airton Dalla Rosa. As emoções estavam se acumulando. Ao chegar, mais surpresas. Gente importante estava nos aguardando: André Marques, Diretor Técnico da Confederação Brasileira, Robson Bauer, Carlos Kuhn, o famoso Breno, o grande Sérgio Oliveira, velho conhecido de nosso tempo de integrações Brusque x Afumepa, o parceiro Vanderlei Duarte, Enio Durante, e as agradáveis presenças de Delesson Pavão Orengo (um dos fundadores), Mario Ruaro de Meneghi, Mário de Sá Mourão, Uldemiro Ernesto Ulian, que com o Nelsinho Prezzi nos fizeram fazer uma viagem pelo tempo passado e reviver momentos muito felizes.

A pressão estava sendo acumulada. No sábado eu estive quase o tempo todo fornecendo elementos para as pessoas que queriam saber da longevidade da agremiação. Como os compêndios de futebol de mesa que eu havia doado à AFM estavam à mão, ficou sempre muito fácil mostrar a longa caminhada realizada. O secretário de Esportes e Lazer, Sr. Felipe Gremelmaier, grande patrocinador do Torneio, destacou duas pessoas maravilhosas para o representarem nas solenidades: Prof. Leda Tavares Marramarco e Prof. Rosmari Della Vecchia que ficaram o tempo todo do torneio embelezando o ambiente.

As partidas eram desenvolvidas e a grande final reuniu dois grandes botonistas: Carlos Kuhn e André Marques. Foram eles que chegaram, como poderiam ter sido vários outros, pois o nível dos jogos foi extraordinário.

A festa chega ao seu momento culminante. Em primeiro lugar a entrega dos premios aos vencedores. Maravilhosa a manifestação de todos os presentes, com aplausos e ovações para enaltecer as vitórias. Aos vencedores, as glórias sempre. A seguir, o Mestre de Cerimônias, Nelson Prezzi fez a leitura do histórico dos 45 anos da AFM, que nasceu Liga Caxiense.

Homenagens são feitas àqueles que elevaram o nome da Associação ao ponto mais alto, tanto em nível nacional como estadual. A emoção já beirava em cada rosto, afinal estavam acendendo uma chama que nunca fora apagada e que agora refulgia com intensidade.

Daniel Maciel usa a palavra como presidente da AFM, agradecendo e emocionado divide com todos, a glória do momento impar que Deus concedeu a esse grupo de jovens.

A representante Rosi do Secretário Municipal de Esportes e Lazer usa da palavra reafirmando a confiança que foi depositada nesse grupo e dizendo que serão parceiros em muitas outras oportunidades.

Então, para finalizar, aquele que primeiro usou a palavra, há quarenta e cinco anos passados foi convidado a renovar sua fé no esporte que nos uniu para sempre. Confesso que não sei o que consegui dizer, pois a emoção foi tomando conta de minha cabeça. A memória, graças a Deus ainda é boa e consegui relatar os atos e fatos de nossa jornada. Ressaltei o trabalho de todos os que estiveram defendendo as cores de nosso estandarte. Assinalei cada ponto de afirmação que existiu entre cada um de nós. Mas, ao olhar as pessoas mencionadas, sentia que nós não iríamos conseguir manter a calma. O Airton e o Vanderlei esboçavam marcas visíveis de emoção. Terminei agradecendo a todos pela honra de que me distinguiram com um maravilhoso cartão de prata, o qual está em local de destaque em minha galeria. Foi então que os dois: Airton e Vanderlei se abraçaram comigo e choramos por tudo que passamos, para um dia conseguir ter a alegria de ver triunfar a AFM Caxias do Sul, como triunfou.

Tenho certeza que se fosse necessário, contando com essas pessoas que viveram comigo essa aventura, faríamos tudo de novo, pois a alegria e a emoção de ver algo que criamos permanecer ativa e incólume durante quase meio século não tem preço.

Agora é esperar pelos cinqüenta anos. Se Deus me permitir, quero estar lá novamente, pois se o coração não resistir, morrerei feliz entre amigos e pessoas que eu amo e praticando aquilo que eu sempre adorei praticar, o futebol de mesa.

Por hoje já me emocionei demais.

Até a semana que vem.

Sambaquy.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

UMA VOLTA SEM MUITA CONVICÇÃO.


Bem, como diz o ditado: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Os convites eram semanais. Todo o final de semana o telefone avisava que haveriam jogos na casa do Oswaldo. Até que no dia 1º de agosto de 2007, para não ser indelicado eu fui até lá. Estavam o Bartô (o Bartolomeu, o porto-alegrense que havia me descoberto aqui em Balneário) e o dono da casa, o Oswaldo. Eu havia recebido alguns times de amigos de São Paulo. Só que estavam em desacordo com a evolução do futebol de mesa usado na regra de 12 toques.Eram menores que os atuais. Mesmo assim fui praticando e voltando aos poucos sentindo a emoção de estar dominando meus craques. Meus adversários eram feras que estavam jogando há bem mais tempo, inclusive treinando regularmente sempre que possível.

Sem pressa fui voltando a jogar. As feras que praticavam o futebol de mesa, na regra de 12 toques eram incríveis. Ivo Castro era insuperável, Marcelo Índio era um estrategista, Joel, Oswaldo e Bartolomeu, junto com Guilherme Mello (gaúcho e gremista), Fernando Castro, Renan, Marcelo Heusi, Rubens Olinger eram as presenças constantes na então Atlântico Sul Futebol de Mesa, que sucedeu a Beira Mar, pois a alusão ao nome ligava ao famigerado bandido/traficante brasileiro. Foi então que apareceu um gaúcho marrento chamado Luiz R. Arruda, que jogava na regra Gaúcha. Pediram que eu fosse o adversário nessa primeira partida, a qual foi a única que consegui ganhar dele.

Logo, logo estava jogando como se fosse praticante há muitos anos da regra. Joga com a Seleção Brasileira, e seu goleador é o Zé. Lembrou-me o Boby Guizzoni, pois passa a partida inteira narrando o jogo, e quando marca um gol é um espetáculo, pois grita: é do Zé, é do Zé, é do Zé... Isso sempre me ajudou com a convicção que os gaúchos sabem jogar futebol de mesa por intuição, pois acostumam-se a qualquer regra com facilidade.

Em janeiro de 2008, com a colaboração da Prefeitura de Itajaí, já que estávamos jogando naquela cidade, em uma sede maravilhosa, alugada em um clube de snooker, realizamos os Jogos de Verão, com a participação de várias entidades brasileiras. As cidades catarinenses que atenderam ao chamamento do Atlântico Sul foram: Blumenau, Gaspar, Joinville, São Bento do Sul, Brusque e Itajai. Representantes do Rio Grande do Sul (Willian) e São Paulo (Izo e Michilin) traziam sua experiência e mostravam como se deveria jogar nessa regra tão disputada. Nessa ocasião aparecia na sede um rapaz, gremista fanático, professor, chamado Maurício, também gaúcho de nascimento e que jogava muito futebol de mesa. Começavam também a jogar constantemente, Jeferson, André Pinheiro, Thiago. Foi um torneio bem interessante e mostrou a força que o Atlântico Sul estava adquirindo. Surge também o Sidney, um corintiano de quatro costados que passa a jogar constantemente e se tornar um grande nome entre os itajaienses.

Em maio de 2008 tive mais uma parada com o futebol de mesa. Minha filha, com oito meses de gestação, acabou perdendo seu primeiro filho. Seria um menino e eu já havia comprado um time para meu neto. Pela forma do acontecido não tive condições de voltar a jogar por muito tempo. Os amigos, que jogavam comigo, me confortavam da melhor maneira possível, mas a dor era muito grande e não conseguia encontrar forças para me divertir.

A maneira de fazer voltar foi realizarem um campeonato com o meu nome. Já haviam realizado em 2007 e voltavam a fazer em 2008. Com isso me fizeram comparecer para entregar os troféus aos vencedores. Já estávamos em novembro de 2008, quando estive entre eles para essa homenagem. Concederam-me um troféu como homenagem.

Depois disso tive esporádicas passagens entre eles. Em fevereiro de 2009, voltando somente em outubro do mesmo ano.

Em 2010, agora amparados pelo Marcilio Dias, tradicional clube de futebol de Santa Catarina, conseguiram me fazer retornar ao clube. Participei em março da primeira rodada do primeiro turno da série B, Foi desastrosa a participação, com quatro derrotas e um empate. Em abril, os jogos foram mais equilibrados, com três vitórias e duas derrotas. Em maio, as coisas começaram a tomar rumo: cinco vitórias e uma derrota. Em agosto, quatro vitórias e uma derrota que me deram o vice-campeonato e o meu primeiro troféu conquistado na mesa, após 26 anos sem jogar para valer.

Em junho, o segundo clube de futebol de mesa da cidade, o Itajai Futebol de Mesa, realizou nas dependências do Pavilhão da Marejada, o campeonato Brasileiro por equipes, reunindo mais de 200 praticantes. O pessoal do Marcilio me fez participar da equipe, mais como um talismã do que um jogador, pois estou muito longe dos bons tempos em que podia enfrentar qualquer adversário. Joguei duas partidas, contra representantes do C. R. Flamengo, do Rio de Janeiro, e perdi as duas. O que mais me alegrou foi reencontrar amigos de longa data e poder abraçá-los novamente. Estavam por lá o José Jorge Farah Neto(Presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa), o Huratian Muradian eterno presidente do Clube Maria Zélia. Só isso valeu muito para mim, pois considero o futebol de mesa pelas amizades conquistadas. Encontrei o Élvio José de Souza, o Paulo Michilin, e tantos outros personagens que fazem nosso esporte ser o que é na atualidade.

Estava preparando o meu coração para participar das festividades dos 45 anos da minha amada AFM Caxias do Sul. Sabia que a coisa iria pegar em Caxias e para isso tinha de estar forte e com o coração em dia para poder agüentar o tranco. Afinal, era comemorado quarenta e cinco anos de nossa atitude corajosa de criar uma entidade para coordenar o futebol de mesa de minha cidade natal.

Mas, isso fica para a semana que vem.

Por agora, meu abraço a todos vocês que gostam das histórias do futebol de mesa.

Sambaquy.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A GRANDE PARADA COM O FUTEBOL DE MESA.


Como havia escrito na semana anterior, nos anos noventa parei completamente de jogar. A única vez que coloquei o meu time em campo foi na Bahia, em casa de Valério Souza, quando enfrentei ao Oldemar Seixas em jogo exibição.

Foi o período em que me dediquei a minha outra paixão: a Maçonaria. Em 1980 fui iniciado e me dediquei, com o mesmo empenho que havia utilizado durante a minha vida botonística. Galguei todos os degraus da Ordem Maçônica. Ocupei cargos mais variados, sempre com o maior empenho e dedicação. Sou grato a ela, por ter me ensinado a ser tolerante, a escutar antes de falar, a perdoar e amar àqueles que me feriram em alguma ocasião. Enfim, posso classificar a minha vida em antes e depois de haver sido iniciado nos mistérios maçônicos.

Mas, aqui o assunto é futebol de mesa. Voltemos ao que interessa. Uma vez por ano eu ia a Caxias. E, quando o fazia, encontrava antigos companheiros botonistas. Em novembro de 2002, quando a sede da AFM Caxias do Sul era na rua Garibaldi, o Vanderlei, Pizzamiglio e o Airton me levaram para conhecer as dependências ocupadas. E lá, depois de muita conversa me colocaram na mesa, entregando-me um time muito bonito com as cores do meu G. E. Flamengo. Até a escalação era daquele time campeão de 1947. Ari, Detânico e Chibarro, Chicão, Machado e Ariosto, Pavãozinho, Alemãozinho, Letti, Sady e Lady. Eu tinha de jogar e o meu adversário era o magnífico Fernando Casara, defensor da SER Caxias. Foi um jogo, com a tentativa de superar todos os anos de ostracismo. No final, com um gol de Sady Costamilan, o G. E. Flamengo logrou mais uma vitória para os seus anais.

Só voltei a jogar em janeiro de 2004. A sede ainda continuava no mesmo local, e, dessa vez eu teria a honra de jogar com a mais nova promessa que surgia na AFM: Daniel Alves Maciel. Era o dia 21 de janeiro e o resultado ficou como começou. Um zero a zero muito honroso para um aposentado do botão. Depois, ainda enfrentei o Vanderlei Duarte e outro zero a zero me fez permanecer invicto.

Foi uma parada tremenda, pois de 08 de dezembro de 1986 até 21 de janeiro de 2004, meu time entrou em campo apenas quatro vezes. Uma derrota, uma vitória e dois empates.

Já estava acomodado, sem pensar em voltar a praticar o meu esporte preferido. Mesmo porque, depois de 1985 a Associação Brusquense de Futebol de Mesa estava entregue aos meninos que havíamos formado. Eles realizaram campeonatos em 1985 (Decio Belli – Guarany de Campinas), 1986 (Toni Nicolas Bado – Santos F.C.), 1991 (Carlos Bernadi – Botafogo), 1992 (Marcelo Bianchini – Bahia), 1993 (Ricardo Zendron – Brusque), 1994 (Marcio Muller – Fluzão) e 1997 (Carlos Bernardi – Botafogo). Depois disso nenhum campeonato se realizou, ficando a sede abandonada, entregue a uma pessoa que explorava um bar na parte térrea. Até hoje não sei como está à situação do imóvel. Em resumo, foram realizados dezoito campeonatos ao longo dos anos e o Internacional (Adauto C. Sambaquy) conseguiu três campeonatos, O Santa Cruz (Edson Cavalca) venceu por duas vezes, assim como o Botafogo (Carlos Bernadi). Os demais campeões foram Walmir Merísio, Márcio José Jorge, Sérgio Moresco, Marinho Vieira, Edson Appel, Roberto Zen, Décio Belli, Toni Nicola Bado, Marcelo Bianchini, Ricardo Zendron e Márcio Muller.

Como as coisas acontecem sem que a gente consiga explicar, no início de julho de 2007, recebo um telefonema de um porto-alegrense que estava residindo em Balneário. Ele jogava botão e estava interessado em começar um movimento. Fiquei de passar em sua Loja que ficava perto de meu apartamento, mas fui protelando, pois não queria mais me envolver, tendo de iniciar tudo novamente.

Foi então que surge uma noticia num jornal local, dizendo que havia um grupo de botonistas em Balneário Camboriú. Senti que poderia haver a possibilidade do porto-alegrense voltar a jogar e acessei o endereço eletrônico da nota do jornal. Fui atendido por um rapaz muito atencioso e expliquei-lhe o desejo do Bartolomeu Dorneles. Ao explicar um pouco do que havia feito pelo futebol de mesa, o interesse passou a ser em cima de mim. O Oswaldo Fabeni solicitou meu endereço, pois pretendia me fazer uma visita. Forneci e no dia seguinte batia à minha porta um novo amigo. Mostrei-lhe o que restava de meu acervo, uma vez que por motivo de mudança havia transferido para Caxias a maior parte dele. Serviu para encantar o presidente da Beira-Mar Futebol de Mesa. Ficamos conversando por mais de duas horas e a conversa continuou por troca de e-mails. Fiquei sabendo da existência da Federação Catarinense de Futebol de Mesa, com sede em Blumenau. Recebi então um questionário para responder. Respondi e alguns dias depois estava noticiado no site FuteboldeMesaNews, de São Paulo. E a noticia dizia: Descoberta histórica na beira da praia. O homem é uma lenda viva e jogou com feras como Decourt e Della Torre. Um verdadeiro Dinossauro do botão.

Indiquei o Bartolomeu para jogar com eles, mas não quis me envolver. Mas os convites começaram a chegar. Em 10 de julho, o Oswaldo me enviou um convite para prestigiar um torneio festivo alusivo a fundação do clube, que seria realizado no salão de festas do prédio onde ele residia, na Avenida Brasil, esquina com a rua 1651. Fui lá para sentir o entusiasmo e acabei ficando entusiasmado. O vírus que estava adormecido ressurgiu com força. Mas eu ainda conseguiria resistir por mais algum tempo.

Na semana que vem falarei de minhas participações esporádicas na regra de 12 toques.

Até lá e espero que tenham votado bem, escolhendo os melhores candidatos para que nos ajudem com o nosso esporte. Precisamos pensar na continuidade de tudo isso. Um dia, gerações futuras nos agradecerão pelo esforço realizado.

Sambaquy.