segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ANOS OITENTA – O INÍCIO DA UNIFICAÇÃO.


No início dos anos oitenta tivemos o campeonato brasileiro realizado na cidade de Pelotas (RS). Nessa oportunidade fui eleito presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa. Confesso que não foi agradável essa missão, pelo seu início tumultuado. No final dos anos setenta havíamos promovido o primeiro Sul Brasileiro em Brusque. Na ocasião, ANTONIO CARLOS MARTINS, do Rio de Janeiro havia lançado meu nome e o de Eduardo Tonon Narciso da Rocha, para a presidência e vice-presidência da ABFM. Até hoje, não sei por qual motivo, o nome do Eduardo foi vetado e, de última hora, foi colocado o nome do presidente da Associação Brusquense, Oscar Bernardi, para a vice-presidência. Isso causou um mal estar entre os criciumenses, pois julgaram que tivesse sido algo organizado pela A. Brusquense. Solicitei, que como tratava-se de objeção por parte de alguns “Cartolas”, que eles se reportassem ao Eduardo, coisa que nunca foi feita.

Passado o primeiro incidente de minha gestão, seguimos a vida, procurando realizar alguma coisa útil para o nosso esporte, sofrendo as agressões daqueles que foram alijados da chapa eleita.

Em fevereiro de 1980 uma nova entidade passa a praticar o futebol de mesa em Brusque. Trata-se de uma agremiação tradicional, cujo nome Guarany, nos fazia recordar o nosso primeiro lar em Caxias. Realizaram um grande torneio, juntando praticantes da Associação Brusquense e do Clube Guarany, num denominado Torneio de Verão. Fui feliz e abiscoitei o troféu de campeão, e, defesa menos vazada.

O campeão desse ano na Brusquense foi o Vascão do Marinho Vieira. A festa de encerramento do campeonato foi realizada na Fazenda do Edson Appel, e contamos com as presenças dos casais Luiz Ernesto Pizzamiglio, com o seu pequeno Daniel, Airton Dalla Rosa e Nelson Prezzi, este com a sua linda Sheila. Por ser muito pequeno o filhinho Rogério foi obrigado a ficar em Caxias.

No decorrer do ano fiz várias viagens pelo Brasil. Em São Paulo, onde realizava um curso pelo Banco do Brasil, e permaneci por quase um mês, tive a oportunidade de visitar todos os clubes que praticavam o futebol de mesa. Lá tive a felicidade de conhecer GERALDO CARDOSO DECOURT, ANTONIO MARIA DELLA TORRE (presidente de Federação Paulista de Futebol de Mesa), PROF. DE FRANCO, ATIENZA, LITO, BISCASSE, MURADIAM, SÉRGIO SOTTO, MESQUITA e tantos outros excelentes Botonistas. Fui também à Brasília, em outro curso, e mantive contato com JOSÉ RICARDOS CALDAS E ALMEIDA, ANTONIO CARLOS ALMEIDA e SERGIO NETTO. Todos esses amigos puderam sentir que haveria a necessidade de nos aproximarmos, e, juntos, pleitearmos fazer com que o futebol de mesa fosse reconhecido como esporte, pois até então era considerado como uma diversão.

Eu acredito que foi o pontapé inicial para hoje sermos reconhecidos pelo CND de forma definitiva. E isso se deve muito ao ANTONIO MARIA DELLA TORRE, abnegado e dinâmico presidente da Federação Paulista.

Em 1981, Brusque sediou o Sétimo Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa. Até então somente a Regra Brasileira promovia campeonatos nacionais, pois o primeiro Campeonato Brasileiro na regra paulista foi realizado em 11 de outubro de 1982 na cidade de São José dos Campos, patrocinado pela Prefeitura Municipal e Associação Esportiva São José. O Prefeito de São José dos Campos era José Luiz de Almeida, e o presidente de Associação Esportiva São José se chamava Mauricio Peneluppi.

Em agosto de 1981, A AFUMEPA realizou uma integração contra os brusquenses. Os jogos foram realizados na sede da grande associação porto-alegrense nos dias 15 e 16.

Em setembro de 1982, ainda envolvido na divulgação e aproximação entre as diversas entidades, fomos convidados para um Torneio Integração entre São Paulo, Paraná e Santa Catarina, jogando na regra Paranaense. Os jogos foram realizados no Clube Militar de Curitiba. O presidente da Federação Paranaense de Futebol de Mesa era Agacir José Eggers. Essa ocasião marcou a ultima participação de DECOURT como praticante do futebol de mesa. Ao final do Torneio, onde Oscar Bernardi e eu representamos Santa Catarina, trouxemos à Brusque a figura maiúscula de Decourt, para o homenagearmos em nossa sede recém construída. Decourt, com sua estimada esposa Edda ficaram alguns dias em Brusque, aproveitando a acolhida que os Botonistas lhe ofereceram.

Em 1983 estive novamente em São Paulo, desta feita, acompanhado pelo Della Torre, para visitar o Decourt, cujo estado de saúde se agravava bastante.

Em 1984, numa participação com dois paranaenses: Roberto Beltrami e Geraldo Galindo, jogamos um torneio em dois turnos. O primeiro turno na Regra Paranaense e o segundo na Regra Brasileira. Na Regra Paranaense empatei com o Beltrami e venci o Galindo e na Regra Brasileira venci os dois. Foi a minha derradeira participação em torneios.

Nesse mesmo ano estive em Cataguases (Minas Gerais) e Rio de Janeiro. Joguei contra André Carvalho Tartaglia em Minas, e, Helio Nogueira e João Paulo Mury, no Rio. Nessa ocasião existia informalmente uma Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, fundada por cariocas e brasilienses que jogavam na regra de três toques. Mury era o presidente e José Ricardo Caldas e Almeida seu vice. No regresso, passando por São Paulo, joguei contra Antonio Maria Della Torre e Paulo Edson.

As minhas participações em campeonatos brusquenses ficaram prejudicadas pelos compromissos assumidos com outras entidades e acabei abandonando o esporte. sem contudo jamais me afastar definitivamente dele.

Em toda a década de noventa eu só joguei uma única partida. Foi em dois de setembro de 1994, em Salvador (Bahia), quando fiz uma amistosa com Oldemar Seixas.

Na semana que vem vamos mudar de século.

Até lá, com o meu abraço.

Sambaquy.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

FUTEBOL DE MESA EM BRUSQUE II – SANTA CATARINA.

Os primeiros jogos realizados em Brusque reuniram funcionários do Banco do Brasil. Em abril de 1974, várias foram as partidas realizadas, com o pessoal se adaptando à regra, aos botões, ao tamanho da mesa. Os primeiros interessados foram: Ivo Holetz, Irineu Rabitz, Roberto Zen, Osni de Oliveira Filho, Célio Emílio Krieger, Renato Antunes, Clóvis Zucco, Walter Zen, Gustavo Gums, Walmir Merísio, Sérgio Walendoswsky, Norberto Souza, Ricardo Szpoganicz, Hamilton Livramento da Silva, Edson Cavalca, Gustavo Lauth, Márcio José Jorge, Gláusio Bueno Telles , Marinho Vieira e Eder Cavalca.

Com o auxílio do Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa, fomos ensinando a cada um deles. E todos, logo estavam praticando um futebol de mesa bem aceitável. Realizamos o primeiro campeonato, com todos esses enumerados participando. Fui o campeão, sem dificuldade, pois estava com muito mais tempo de treinamento do que eles. Devo dizer que muitos dos participantes praticavam o futebol de mesa em outras regras, sendo que o Gláusio Bueno Telles, gaúcho, conhecia todos os atalhos para chegar ao gol. Foi ele o vice-campeão.

Em novembro de 1974, O Marcos Zeni e o Adaljano Tadeu Cruz Barreto foram à Brusque, e na bagagem, o Marcos, criador do Torneio Proclamação da Republica carregava os troféus da segunda edição. Eu lutaria pelo bi-campeonato, uma vez que havia vencido o primeiro, ainda em Caxias. Participaram os dois caxienses e o Renato Antunes e eu. Fiquei com o vice, pois empatei com o Zeni e com o Adaljano, vencendo o Renato. O meu primo Adaljano foi mais feliz e conseguiu abiscoitar o troféu de campeão, e, dessa forma entrar para a história do Torneio.

Em 1975, já um pouco mais afastado de Caxias e dos queridos amigos botonistas, meu jogo foi decaindo, e os botonistas locais melhorando consideravelmente o seu. O campeão desse ano foi o Corinthians do Walmir Merísio. Aquele mesmo que construiu a nossa primeira mesa e que zoava com o Sérgio e o Walter... O Merísio jogava muito e sempre que a dupla caxiense chegava, prontificava-se a jogar contra eles. O Pizza o chamava de “Véio” e o apelido pegou.

Mudamos para sede do Paisandú em 1976, e lá disputamos o campeonato, tendo sido bi-campeão brusquense. Começavam a jogar o Luiz Carlos Moritz, Flávio Tomazzoni, Lazar Halfon, Sérgio Moresco, Carlos Roberto Kempt, José Jaime Correia, Fausto Tomazzoni, Oscar Bernardi, Edson Appel, Eugênio Tarcisio Vieira, Alfredo Koehler, Marcos Schmidt, Mário César Zucco, José Moacir Merico, Edson Gartner, Valdir Erbs, Décio Belli, Ermenegildo Leoni, Harry Clóvis Muller, João Ari Merico, Euclides da Silva Junior. Nesse ano o campeão foi o Moto Clube de Márcio José Jorge, funcionário do Banco do Brasil e jogador do Carlos Renaux (clube mais antigo de Santa Catarina).

Em 1978, começamos a manter contato com Joel Dutra, botonista de Florianópolis. O Joel tinha uma sede na Avenida Mauro Ramos, e promoveu a Primeira Taça Cidade de Florianópolis.

Participaram, além dos Florianopolitanos, as entidades de Brusque e Criciúma. Era o mês de dezembro e nós havíamos terminado o nosso campeonato, onde eu conseguira o tri-campeonato brusquense. O Márcio José Jorge havia sido o vice campeão, e estávamos aptos a participar do V Campeonato Brasileiro a ser realizado em Vitória (ES) em 19, 20 e 21 de janeiro de 1979.

Acredito que foi a minha melhor participação em Brasileiros, pois consegui chegar as semifinais. Venci Manoel Gomes (Espírito Santo), perdi para Uacy Costa (Alagoas), venci Pizzamiglio (R.Grande do Sul), empatei com o Roberto Dartanhã (Bahia), venci o Wilson Marques(Rio Grande do Norte) e na semi final perdi para o Átila Lisa (Sergipe) por 1 x 0, depois de chutar bola na trave e na quina do goleiro umas três vezes. Ele conseguiu um gol marcado por zagueiro, empurrando goleiro e a bolinha para dentro de meu gol. Fiquei com sétimo lugar pelo critério de gols marcados.

Para seguirmos à Vitória, a viagem foi feita com dois carros, seguindo no meu, minha esposa e o casal Décio Belli. No carro do Edson Appel foram o Ari Merico, o Beto Zen, o Márcio Jorge e o motorista Edson Appel, que esqueceu em casa a carta de motorista e o estepe. Por sorte nossa ele não foi parado em local algum, e nem teve pneu furado.

O grande acontecimento nesse campeonato foi à presença do governador Elcio Álvares, no ginásio onde se disputavam os jogos. Começaram a entrar soldados, oficiais e por fim o governador. Cumprimentado por todos, gentilmente permitia que fossemos fotografados com ele. Mas o mais importante foi quando ele abriu a pastinha que tinha consigo e tirou seu time, convocando o então presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, Jomar Moura para uma partida. Foi algo inusitado e todos nós ficamos apreciando as belas jogadas que o governador fazia contra um dos baluartes brasileiros. Ele bem que poderia estar disputando o brasileiro.

O campeonato foi vencido por José Inácio dos Santos, de Sergipe, com quem eu havia jogado em 10 de janeiro de 1970, no primeiro Campeonato em Salvador e empatado em 1 x 1. O vice foi o meu carrasco Átila Lisa.

Em março de 1979 tivemos a alegria de receber em Brusque o grande e inesquecível Cláudio Schemes. Dia 14 de março, ele visitou, pela primeira vez a sede da Associação Brusquense. Iniciava-se uma grande amizade e muita confraternização.

Em abril de 1979 fomos convidados e participamos dos 70 anos do Internacional, em um Torneio que reuniu os principais Botonistas brasileiros no Gigantinho. Joguei com a camisa rubra do Inter, que o Schemes havia me dado de presente. Esse Torneio foi vencido pelo Luiz Ernesto Pizzamiglio, brilhantemente.

O campeonato Brusquense de 1979 foi vencido pelo Independiente do Sérgio Moresco.

Para a semana que vem trataremos dos acontecimentos dos anos oitenta.

Sambaquy.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

FUTEBOL DE MESA EM BRUSQUE – SANTA CATARINA.


Transferido para a agência do Banco do Brasil, na cidade de Brusque, mudei meu modo de vida, que por sinal estava muito agitado, no final de 1973. Depois de todas as providências no sentido de colocar um rumo em minha vida, comecei a pensar no futebol de mesa. Havia deixado para trás a minha Liga, meus amigos, minhas partidas acirradas...

Em Brusque, cidade de tradição germânica, ninguém falava em futebol de mesa. Então, o que eu tinha de fazer era ir até Caxias do Sul (500 quilômetros ida, e mais 500 quilômetros para voltar) para disputar as minhas partidas restantes do campeonato de 1973. Fazia isso de quinze em quinze dias. E quando chegava em Caxias, tinha de jogar uma boa quantidade de partidas, o que me deixava em estado deplorável, pois cada partida era desgastante e os adversários muito competitivos.

Um dia, recebo pelo correio, uma carta da Liga Brasil de Futebol de Mesa, da Bahia, na qual me conferiam uma medalha, como um dos dez mais destacados do futebol de mesa brasileiro. Na ocasião, eu estava trabalhando na função de caixa executivo. Abri o envelope e observei a medalha. Logo, colegas acorreram e vieram ver o que se tratava. Lembro então que o Renato Antunes, olhando a medalha e lendo o que nela estava gravado, perguntou solenemente:

-Você joga botão? Respondi que sim. Foi o inicio do futebol de mesa na cidade.

Solicitei ao Marcos Zeni que me enviasse uma mesa. Haviam algumas sobrando na Liga e prontamente o Marcos a remeteu.

Eu morava no centro da cidade, num apartamento enorme, que antes servira como sede ao Banco, e, hoje estava alugado para minha família. A mesa chegou e coloquei em um dos quartos. Em seguida, entrei em contato com José Castro Sturaro, que fabricava botões na Bahia e fiz diversas encomendas. O que ele tivesse pronto podia mandar. Vieram times que não eram conhecidos no sul, como Paisandu e Clube do Remo, do Pará, Moto Clube, Bahia, etc. E todos foram comprados, pois o futebol de mesa acabou tornando-se uma coqueluche na cidade. Além dos bancários, do Banco do Brasil, parentes deles começaram a se interessar pelo esporte. O Roberto Zen, que era menor estagiário, trouxe seu irmão Valter, e esse o seu cunhado Sergio Walendowsky. Os dois ficaram encantados com o novo esporte que estava sendo apresentado. Mediram a mesa que estava em meu apartamento e mandaram confeccionar uma igual, em madeira de lei, pois a que estava em minha casa era de pinho. O encarregado de confeccionar a mesa foi o Walmir Merísio, antigo jogador de futebol, profissional, uma vez que havia sido campeão catarinense com o Carlos Renaux (clube mais antigo de Santa Catarina). O Merísio não entendeu a razão de fazer um campo de futebol de madeira para dois marmanjos... Ficou zoando com eles... Dois barbados vão jogar botãozinho??? Hahahahahaha???

Dias depois, a mesa ficou pronta e o Sérgio levou para a casa dele, que ficava ao lado da marcenaria. Lá, devidamente colocada, com os cavaletes ajustados, colocaram os dois times na mesa, e começaram uma partida de reconhecimento, diante de um Merísio de boca aberta...

Não demorou muito e o Merísio pediu para jogar um pouquinho, queria experimentar a sensação de jogar botão. Foi o primeiro caso de amor à primeira vista em Brusque, pois daquele momento em diante, trocavam aos adversários, pois o Merisio era o dono de um dos lados do campo. Nunca mais parou de jogar. Me procurou e encomendou um Juventus (time de Rio do Sul). Depois disso comprou um Corinthians. E foi, sem dúvida alguma, um dos maiores jogadores que Brusque conseguiu ver em ação.

A fundação da Liga Brusquense foi feita na sede da AABB. Logo em seguida, nos ofereceram duas salas em um prédio antigo da cidade, quase em frente ao apartamento em que eu morava. Fomos para lá de mala e cuia. E foi lá que jogamos o primeiro e segundo campeonatos brusquenses. E lá também foi realizado o segundo Torneio Proclamação da República, com a participação de dois caxienses: Marcos Zeni e Adaljano Tadeu Cruz Barreto.

A procura pelo futebol de mesa era tanta que tivemos de organizar e promover um campeonato infantil. Os filhos dos funcionários do Banco e a maioria dos irmãos menores dos sócios da Liga estavam disputando partidas com um tremendo vigor. E todos iram uniformizados, com seus times padronizados, lutando por troféus que representavam muito em suas vidas.

No terceiro ano, como fossem reformar as salas, pois uma rede de farmácias estava interessada em colocar uma loja no local, nos pediram as salas. Então surgiu o C.S. Paisandú, cujo presidente era o pai de nosso associado Marinho Vieira. Nos transferimos para a sede do Paisandú, com a presença da crônica esportiva brusquense (jornais e rádio) e lá fizemos a inauguração do espaço do futebol de mesa. Numa de nossas rodadas, fomos interrompidos pela presença de Doalcey Bueno de Camargo, locutor carioca, que levado pelos dirigentes esportivos da cidade foram nos visitar. Na ocasião, o Vasco da Gama estava em Brusque para uma partida amistosa.

Em 1979, com o crescimento dos adeptos, alçamos vôos mais altos. Realizamos, nas dependências da S.E.Bandeirante, tradicional clube social/esportivo da cidade, o primeiro Campeonato SULBRASILEIRO de futebol de mesa. Nesse campeonato, além dos estados sulistas, tivemos convidados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e um representante do Uruguai.

O campeão foi o Dirnei Bottino Custódio, de Santana do Livramento, que ao final do campeonato, em entrevista a um jornal local disse solenemente: "FUTEBOL DE MESA NÃO EXIGE FORMA FÍSICA". Era devido a sua imensa barriga, que ele orgulhosamente ostentava e dela se orgulhava.

Essa história ainda tem muitas facetas a serem narradas, a grande maioria vivida por expoentes da Liga Caxiense, que frequentemente nos visitavam, como Luiz Ernesto Pizzamiglio, Airton Dalla Rosa, Nelson Prezzi e o inesquecível Claudio Schemes, fundador da Afumepa.

Mas, isso é história para a sequência dessa coluna.

Um abraço e que Deus cuide de cada um de nós.

Sambaquy

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FUTEBOL DE MESA NO VASCO DA GAMA.


Antes de falar da minha experiência em Brusque, quando conseguimos realizar grandes conquistas no futebol de mesa, como a realização do primeiro Sul Brasileiro em 1979 e o Sétimo Campeonato Brasileiro em 1981, além da construção de nossa sede própria, hoje abandonada, infelizmente, vou contar sobre o futebol de mesa no Vasco.

Fui convidado pelo Mário Ruaro, para chefiar o Departamento de Futebol de Mesa do Vasco da Gama F.C.. Na ocasião o clube funcionava no mesmo quarteirão onde eu morava e isso facilitou as coisas.

Ao chegar à sede social, a mesa era própria para a regra gaúcha. Nós estávamos em fevereiro de 1967, e já estávamos jogando a Regra Brasileira, a todo vapor. Foi mandado confeccionar uma mesa oficial, e a primeira demonstração foi feita com êxito total.

Em 24 de fevereiro de 1967, Boby Ghizzoni, Mário Ruaro, Nelson Ruaro e Neuri Fedrizzi arriscaram as primeiras paletadas na mesa oficial. Os demais associados só ficavam dando palpites e observando. Aos poucos foram criando coragem e aderindo ao Internacional do Boby, ao Botafogo do Mário, ao Santos do Nelson e Grêmio do Neuri. Apareceu o Bangú do Rudy Vieira, o Boca Juniors do Augusto Peletti, Corinthians do Aldemiro Ernesto Ulian, o Pelotas do Jonas Rissi e o Corinthians do Jorge Resende. O Jonas Rissi trocou o Pelotas pelo São Paulo, o Sérgio Salomon adotou o Gremio e o Jone Almeida jogava com o Vasco.

Vários torneios foram realizados, e contávamos com a participação do Sérgio Calegari, Nelson Prezzi, Raymundo Antonio Rotta Vasques, Vanderlei Duarte, josé Machado e Vicente Sacco Netto que faziam visitas freqüentes ao clube, ajudando na adaptação de tudo, ao moderno futebol de mesa brasileiro.

Para evitar confusão nas tabelas, o Jorge Resende passou a jogar com o Atlético Mineiro, pois o Aldemiro Ernesto Ulian tinha o direito adquirido de jogar com o Corinthians.

Apesar do entusiasmo inicial, o futebol de mesa no Vasco durou até o ano de 1969.

Foram realizados dois campeonatos, e, neles, o Internacional do Boby Ghizzoni foi imbatível. O Boby jogava muito futebol de mesa, e suas partidas eram apreciadas pela grande maioria dos participantes, pois era teatralizada cada jogada que fazia. Se conseguisse marcar um gol, ficava empolgante, e muito mais se o gol fosse feito pelo seu goleador Bráulio.

Era incrível a demonstração de euforia, pois ele conseguia dar umas duas a três voltas ao redor da mesa, soltando foguetes com a boca e gritando:
GOL DE BRÁULIOOOOOOOOOOOOOO!!! DE BRÁULIOOOOOOOOOO!!! GOL DE BRÁULIOOOOOOOOOOO!!!

Hoje, com saudade, lembramos dessas noitadas de diversão maravilhosa, reunindo amigos que jamais serão esquecidos.

Há uma das historinhas que nunca esqueci, e que se passou numa daquelas rodadas.

Cada vez que eu ia jogar, minha filha Virginia, com três anos de idade, ia junto comigo. E sempre ficava grudada em minha perna, não me largando em momento algum. As vezes, ela se distraia com alguma coisa, e assim eu podia jogar mais tranqüilo, sem ter o cuidado de não pisar nos pezinhos dela. Numa dessas ocasiões, ela distraída, não viu que eu fui fazer uma jogada no campo de meu adversário, saindo do meu campo de defesa.... Então, o Rudy, sempre forte, com pernas parecidas com as minhas, que apitava o jogo, foi olhar a jogada, ficando no local onde eu deveria estar. A Virginia não teve dúvidas. Abraçou a perna do Rudy e ficou enlaçada nele. Todos viram que ela havia se enganado e ninguém falou nada..... O Rudy olhava para mim, como perguntando.... – O que eu faço? Fiz sinal de silêncio, colocando o dedo na boca e ficamos todos observando a reação dela.... Foi hilária a reação, pois envergonhada, fugiu para casa, ao constatar que havia errado a perna. Todo mundo ria a valer. Para mim foi um santo remédio, pois, após o incidente, podia jogar tranqüilo, sem ter alguém grudada em minha perna.

Até hoje, quando eu falo do incidente, ela fica encabulada. Já contei para as minhas netas Helena e Vitória, filhas da Virginia, e elas dão risadas da situação cômica/trágica da mãe delas.

Quando a AFM Caxias do Sul mudou sua sede para o Ginásio do Vasco, muita coisa aflorou à minha mente. A sementinha plantada em fevereiro de 1967, abriu uma flor, abrigando os queridos botonistas da atualidade. Realizando aquilo que gostamos com amor e carinho, o futuro sempre nos reserva uma safra promissora. Fiquei feliz em saber da acolhida de nossa entidade pelo gigante Vasco da Gama, proporcionando o constante crescimento de nosso esporte.

A sessão de saudade, dessa semana, chegou ao final.

Semana que vem, começo a falar sobre como foi o inicio em Brusque (SC).

Um abraço com votos de muitos gols.

Sambaquy