segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE FINAL DE ANO.


Muitas vezes eu tenho perguntado a mim mesmo, o porquê de não existir ainda um despertador que nos faça acordar em determinada época de nossa vida. Afinal, a evolução tecnológica está desafiando diariamente nosso conhecimento, trazendo sempre novidades maravilhosas que ficam à nossa disposição. Seria tão tranqüilo ajustar o despertador para o ano que desejássemos e acordar naquele tempo de nossas vidas. Quanta coisa poderia ser feita diferentemente daquilo que foi feito. Poderíamos e teríamos as chances de nos despedir dos amigos que se foram prematuramente, fazer ou não fazer aquela jogada que determinou a nossa derrota naquela partida decisiva, conheceríamos as pessoas que vestiam pele de cordeiro, mas que eram lobos famintos, evitando-as. Enfim, seria uma maneira de reescrever a história...

Mas, o trabalho de DEUS é perfeito e isso jamais poderá acontecer. A história foi escrita com acertos e erros que irão permanecer indefinidamente em nossa memória. Encontramos milhares de amigos maravilhosos, numa proporção de talvez 95% deles. Mas, também tivemos de manter contato com esses 5% que tanto mal nos fizeram, direta ou indiretamente. A vida é assim mesmo. Não podemos escolher quem vai cruzar nosso caminho. A nossa missão é saber selecionar quem vai permanecer junto a nós, afastando os demais. Li, certa ocasião e achei corretíssima a mensagem que dizia: Deus quer que amemos até nossos inimigos. Podemos fazê-lo, sem que tenhamos de nos envolver com eles. Basta apenas não ficar feliz quando o mal os atingir. Acredito plenamente nisso e acho que cada um de nós tem a sua missão. Muitas são por demais espinhosas, fazendo com que tenhamos de sofrer bastante para cumpri-las. Outros, a nosso ver têm a missão facilitada. Mas, ninguém pode avaliar o quanto representa a missão de cada um e quais os sacrifícios deverá fazer para cumprir de acordo com as leis divinas.

Há ainda os que se despedem com rapidez. Têm pressa em encontrar o nosso Pai Celestial e lá criar o nosso clube de futebol de mesa. E os iguais se atraem. Sei que Decourt, por ser o mais antigo, já convocou o Getúlio Reis de Faria, Antonio Maria Della Torre, Cláudio Schemes, Ademar Dias de Carvalho, Almir Manfredini, Ângelo Slomp, Deodato Maggi, Edson Appel, Enio Chaulet, Fernando Contreiras, Flávio Chaves, Ivan Lima, Jomar Moura, Lenine Macedo de Souza, Luiz Carlos Moritz, Marcio Muller, Marcos Antonio Cruz, Marcos Lisboa, Nelson Carvalho, Pedro Massignani, Raul Machado Ferraz de Campos, Renato Toni, Rubem Bergmann, Sergio Antunes Moreira Neto, Sylvio Puccinelli, Walmir Merisio, Walter Morgado e Webber Seixas, todos que um dia estiveram no outro lado de minha mesa para aguardarem a minha chegada. Sei também que os trabalhos de divulgação estarão entregues ao Adelar dos Santos Neves e ao Marcolino Pereira, o nosso querido Tico. Eles sempre estiveram divulgando por aqui o que acontecia em nossos campeonatos, com certeza lá, no plano espiritual estarão fazendo à mesma coisa.

Por sorte, gozo de boa saúde, pois morando na praia aproveito para exercitar meu velho corpo, caminhando oito quilômetros por dia. Mas, sei por noticias recebidas que outros tantos não têm a mesma sorte e enfrentam dificuldades de saúde. Sérgio Calegari e Sérgio Salomon são dois deles. Nas festividades dos 45 anos da AFM tentaram levar o Calegari, mas não foi possível. Ficou a lacuna. Como dizia um velho sábio: o Tempo é o nosso melhor professor, só que acaba matando todos os seus alunos...

Por isso, meus amigos, ao limiar de um novo ano, repensem as suas atitudes. A vida é muito bonita e agradável, desde que nós permitamos que assim seja. Vamos procurar ser leais, amigos, companheiros, com o coração feliz por estarmos juntos e podermos desfrutar da felicidade de nos encontrarmos, ajudando-nos mutuamente e, sobretudo, jogando o nosso amado futebol de mesa.

Como dizia Érico Veríssimo: Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.

Feliz Ano Novo. Que os sonhos de cada botonista sejam realizados e que as vitórias sejam sempre maiores do que as derrotas, observando as palavras de Raymundo Antonio Rotta Vasques: Nem sempre quem ganha a partida é o legitimo vencedor...

Feliz 2011 e que possamos nos encontrar ainda muitas vezes.

Sambaquy.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

GRANDES TORNEIOS E CAMPEONATOS – BRASILEIRO DE BRUSQUE.


Depois do campeonato Brasileiro, realizado em Vitória, nesse ano fomos premiados com grandes Torneios. Em 14 e 15 de abril de 1979, pelas mãos competentes de Cláudio Schemes, foi realizado no Gigantinho o Torneio dos 70 anos do Internacional. Maravilhosa organização, com direito a presença do então presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, professor Antonio Carlos Martins. De Brusque foi uma delegação composta por Sergio Walendowsky, José Ari Merico, Edson Appel e Adauto Celso Sambaquy. De Caxias do Sul, a dupla dinâmica Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa. Lá estavam pessoas que escreveram seus nomes na história do futebol de mesa nacional, tais como Cláudio Schemes Filho e Aldyr Rosenthal Schlee. Particularmente tive a felicidade e jogar contra os dois e também contra o presidente da Associação. O Campeão desse grandioso torneio foi o caxiense Luiz Ernesto Pizzamiglio, que estava jogando demais.

Na metade do ano, por sugestão do Antonio Carlos Martins, e tendo como exemplo o Nordestão que era disputado pelos estados nordestinos, criamos o Sul Brasileiro. Era o coroamento do esforço que o pessoal de Brusque estava realizando. Conseguimos o Ginásio de Esportes da Sociedade Esportiva Bandeirante e lá realizamos o primeiro campeonato reunindo os estados sulistas. Nessa primeira edição, no sentido de abrilhantar mais a competição fizemos convites especiais ao Rio de Janeiro e Sergipe. Antonio Carlos Martins e Antonio Azevedo estavam conosco, disputando partidas empolgantes. O Antonio Azevedo era exímio fabricante de botões de palaton e a arte de seu time trazia a foto dele em todos os botões. Era a marca registrada que todo botonista desejava ter. Nesse Torneio estiveram representados os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, além dos dois estados convidados e um representante estrangeiro, vindo de Rivera (Uruguai), trazido pela mão do colossal Dirnei Bottino Custódio.

As partidas foram emocionantes e a final reuniu o próprio Dirnei contra o Antonio Azevedo. Jogo empatado em seu tempo normal, empatado na prorrogação teve de ser definido por pênaltis à distância. Foi então que a classe do nosso gaúcho Dirnei se evidenciou. Campeão, entrevistado por um reporter da Rádio Araguaia de Brusque, saiu-se com essa: - Quem foi que disse que para ser campeão precisa estar em forma física? Diga-se de passagem, que o Dirnei estava muito acima de seu peso normal.

Isso tudo nos incentivava cada vez mais para a realização do Brasileiro. Seria o ano de 1981 que mostraríamos ao restante do Brasil que Brusque jogava futebol de mesa. Em dezembro de 1980, estive em Brasília, realizando um curso pelo Banco do Brasil e mantive contato com os botonistas de lá. Fiz-lhe o convite para participarem do Brasileiro. Mostrei os botões utilizados por nós e joguei com José Ricardo Caldas e Almeida, seu irmão Antonio Carlos e Sérgio Netto. Ficou acertado que viriam os dois irmãos.

De 16 a 19 de Janeiro de 1981, realizamos nas dependências da Sociedade Esportiva Bandeirante o sétimo campeonato brasileiro de futebol de mesa. Para facilitar aos botonistas que vieram do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Brasília, conseguimos alojamento no Seminário de Azambuja. Era época de férias e alojamos todos os disputantes que desejassem evitar gastar dinheiro em alojamento. A comida era sempre oferecida no Restaurante do clube e foi um sucesso, pois se tratava de uma cozinha maravilhosa, com pratos suculentos. Dava gosto ver os sergipanos com seus pratos se deliciando com a comida da região alemã.

Nesse campeonato aconteceu um fato, até então inédito no futebol de mesa. Jogavam Hosaná Sanches da Bahia e Airton Dalla Rosa do Rio Grande do Sul, quando o baiano teve uma subida queda de temperatura e desmaiou. A sorte dele foi jogar contra um perfeito cavalheiro do futebol de mesa. Socorrido, a partida foi suspensa. Se não fosse o Airton, que se prontificou a jogar novamente, desde o início, visto o Hosaná não estar em seu estado normal quando o jogo havia iniciado, pois denotava perturbação, teria seu adversário exigido à vitória por WO. Mas o Airton era o Airton e novo jogo foi realizado.

Para que todos pudessem acompanhar os resultados, foi criado um painel onde os jogos eram anotados tão logo terminassem. Foi um sucesso e até um filme foi produzido em 16 mm, cujo rolo está em poder da AFM Caxias do Sul. Talvez, com a técnica atual, alguém pudesse reproduzir em DVD e repassar para os interessados. Eu seria um deles.

Os jogos vão transcorrendo e chegando às finais. Hosaná pela Bahia e Antonio Hernane DÁvila de Sergipe eram os protagonistas da partida mais importante do Campeonato. O terceiro colocado foi o Claudio Luiz Schemes, ficando Carlos Alberto Zorzella em quarto, ambos honrando a terra farroupilha.

Para a realização da partida final a mesa foi colocada ao lado da arquibancada. Na pista, três pessoas estavam colocadas: os dois degladiantes e o árbitro e ninguém mais. Com a autoridade de presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, não permiti que ninguém ficasse ao redor dos dois. Todos conseguiram assistir um jogo maravilhoso, no qual o Hosaná conseguiu impor seu jogo e conseguiu o título de campeão brasileiro.

À noite, nos salões de festa da Sociedade Esportiva Bandeirante foi realizado o jantar de encerramento, com a entrega dos prêmios. Foi então que o Hosaná quase desmaiou novamente, pois o troféu de campeão tinha apenas um metro e meio de altura. Ele não conseguiria levar no retorno via aérea. Tivemos de enviá-lo por uma transportadora.

Era a segunda vez que os gaúchos conseguiam o terceiro e quarto lugar em um brasileiro. Mostrava que estávamos progredindo a olhos vistos. Houvera o vice campeonato de 1978, quando Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa deixara escapar de suas mãos a primeira grande conquista gaúcha na modalidade.

Cada participante, além de receber uma medalha de participação, recebeu um certificado assinado pelos presidentes da Associação Brusquense de Futebol de Mesa, Oscar Bernardi, e o presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, esse amigo que escreve essas linhas.

Todos nós imaginávamos que só teríamos campeonatos que valorizassem os botonistas e que tudo seria muito bem organizado, sem usar nenhum tipo de malandragem para se sagrar campeão. O exemplo havia sido dado em Brusque.

Nem tudo que aconteceu foram rosas. Houve problemas extra campo, mas que foram superados graças à boa vontade de integrantes da Associação Brusquense de Futebol de Mesa. Mas isso faz parte do passado e não deve ser remexido.

Foi a minha última intervenção, pois eu sabia de antemão que não iria participar do campeonato seguinte que seria realizado em Itapetinga, na Bahia. Foi premonição.

Mas, a história continua e vamos continuar jogando as nossas partidas.

Até a semana que vem, com o meu abraço.

Sambaquy.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PARTICIPAÇÃO EM BRASILEIROS.


Para começo de conversa, de 1963 até 1973, quando fui transferido para Brusque, joguei futebol de mesa sempre representando a Liga Caxiense e consequentemente o Rio Grande do Sul. De 1974 a 1982, morando em solo catarinense, representava a Associação Brusquense, que também nascera como Liga, mas logo em seguida seu nome foi modificado e o estado de Santa Catarina, que me abriga, desde então. Os campeonatos Brasileiros de 1970, realizado em Salvador, em 1971 em Recife, participei jogando. O de 1972, realizado na AABB, em Caxias do Sul, fui o organizador e presidente da Comissão que o realizou. Esse campeonato teve o apoio total do Conselho Municipal de Esportes, cujo presidente Mário de Sá Mourão, pessoa de confiança do prefeito Victorio Três, nos permitiu uma grande festa. Nele, todos os participantes receberam um troféu de participação. Ninguém saiu de mãos abanando, e, tenho certeza todos ficaram muito felizes. Nossos representantes nesse campeonato foram Marcos Fúlvio Barbosa e Vanderlei Duarte.

Após esse terceiro campeonato em anos seguidos, houve uma interrupção de quatro anos. Ninguém se predispunha a realizar campeonatos, pois a situação econômica não ajudava a ninguém. Enfrentávamos uma inflação e isso assustava a quem tivesse desejo de reunir os botonistas de nosso país. Até que, em 1976, Jaguarão (RS) realizou um grande campeonato brasileiro, ocasião em que foi fundada a Associação Brasileira de Futebol de Mesa, entidade que coordenaria o futebol de mesa da Regra Brasileira. Esse campeonato teve como vencedor o baiano Giovani Pereira Moscovits, seguido por Hozaná Sanches, também baiano, o gaúcho Luiz Felipe da Rocha Figueira foi o terceiro e em quarto lugar o extraordinário gaúcho Aldyr Rosenthal Schlee. A Associação Brasileira foi entregue ao Jomar Antonio de Jesus Moura (BA), tendo como vices presidentes, Oldemar Seixas (BA), José Nunes Orcelli (RS), Getúlio Reis de Faria (RJ), Ivan Lima (PE) e Manoel Nerivaldo Lopes (PB). Diretor Administrativo foi escolhido Ademar Dias de Carvalho, o Financeiro entregue a Roberto Dartanhã Costa Mello e o Técnico a Nelson Menezes de Carvalho, todos baianos. Como Conselheiros principais, foram escolhidos Adauto Celso Sambaquy (SC), Marcos Antonio Zeni (RS) e Paulo Carvalho (PE). Na suplência Zophesamin Campos de Lima (AL), José Gomes de Almeida (SE) e Vanderlei R. Ávila (RS). A cabeça pensante dessa Associação ficava no nordeste brasileiro, local onde se concentrava a maioria dos disputantes da modalidade. Por motivo de trabalho não me foi possível estar presente nessa ocasião.

Dois anos depois, em 1978, o Rio de Janeiro promovia o quinto campeonato brasileiro. Novamente a minha situação, por estar em uma agência menor e com o número reduzido de funcionários não tive a felicidade de comparecer ao evento. Foi nessa ocasião que houve a abertura aos botões cavados. Havia uma pressão grande por parte dos cariocas e alguns gaúchos no sentido de legalizarem esse tipo de botão. Por maioria foi aprovado a sua inclusão e os campeonatos passariam a ter botões lisos e cavados disputando o título de campeão. Nessa ocasião Jomar Moura consegue o título maior, ficando o caxiense Marcos Fúlvio Barbosa com o vice campeonato. Uacy Norberto Joazeiro de Farias Costa, de Alagoas e Júlio César Albuquerque Nogueira do Rio, ficaram com o terceiro e quarto lugares da competição. Já estávamos com muitas frentes no Brasil, todas praticando a Regra Brasileira. Ficava mais plausível a disputa anual de campeonatos. E a próxima sede seria uma afiliada carioca, a Associação Capixaba.

Vitória seria a sede do sexto campeonato brasileiro. Foi então que eu consegui uma licença para representar Santa Catarina na disputa. Foram destinadas duas vagas ao estado e, por determinação da Associação Brusquense, o campeão e o vice representariam o estado. Nessa época iniciava uma Associação em Florianópolis, comandada por Joel Dutra, que se reunia na Avenida Mauro Ramos e disputava seus campeonatos. Saímos de Brusque com dois carros. Um do Edson Appel, que transportava o Márcio José Jorge (vice campeão), José Ari Merico, Roberto Zen e o Edson Appel. O outro era meu (campeão brusquense) e nele iam a minha esposa Janete e o casal Décio Belli. De Florianópolis, Joel Dutra e sua esposa, carregam Eduardo Tonon Narciso da Rocha e vão assistir aos jogos. Fomos todos alojados no Hotel da Ilha do Boi, que ainda não fora inaugurado, mas que estava com capacidade de atender a demanda, alojando a todas as delegações que compareceram. A minha campanha foi razoável e os meus jogos foram contra Manoel Gomes (ES) com vitória, Uacy Norberto Joazeiro de Farias Costa de Alagoas que me derrotou, Luiz Ernesto Pizzamiglio (RS) a quem derrotei e Roberto Dartanhã Costa Mello (BA) com um empate em 0x0. Com isso me classifiquei para o mata-mata. Meu adversário seria Wilson Marques do Rio Grande do Norte, que estava barbarizando. Vitória por 2 x 1 com um gol sensacional de Paulo Cesar Carpegiani em uma virada maravilhosa. Estava nas semifinais e teria de enfrentar a fera que fora campeã em 1970, Átila Lisa, de Sergipe. No jogo eu tive mais oportunidades e a trave e o goleiro salvaram o Átila. Quase no final ele arriscou um chute com seu zagueiro e esse veio carregando tudo, inclusive o goleiro e marcou o gol que lhe deu a vitória. Eu estava fora das finais. O campeão foi o José Inácio dos Santos (Se), o mesmo com quem eu havia empatado em Salvador no primeiro brasileiro. O Átila ficou com o vice campeonato e Vilno de Araujo de Oliveira (BA) e Antonio Carlos Martins (RJ) completaram o pódio.

O sétimo campeonato seria em Pelotas. Talvez tenha sido o ano em que mais se jogou futebol de mesa em Brusque. Todos ficaram entusiasmados com a minha campanha e queriam estar presentes nesse campeonato. Resultado desse entusiasmo foi que um ônibus foi alugado e os associados, com suas esposas o lotaram. No caminho apanhamos o Eduardo e o pessoal de Florianópolis. Até hoje foi a maior delegação que compareceu a um brasileiro de futebol de mesa. Já se podia sentir a diferença que existia em jogar lisos contra cavados. Fui eliminado na primeira fase da competição. Joguei contra Carlos Zorzella (RS), com botões cavados e quase não tive oportunidades de chutar a gol, por mais que tentasse, pois ele foi perfeito na cobertura e com a facilidade de realizar cerquinhas. Minha segunda partida foi contra Jomar Moura e o primeiro tempo terminou 0 x 0. Já estava com nervos à flor da pele pela maneira de jogar do Zorzella. O Jomar conseguiu acabar com o restinho de calma. Ele gastava o tempo todo, testando a minha resistência. Mandava ele colocar o goleiro e ficava no aguardo. Quando estava para chutar ele simplesmente dizia: espere, vou mudar o goleiro. E o árbitro nada dizia. Foi a gota d água. Acabei desistindo do jogo e só não retirei o time da mesa por respeito aos organizadores. Meu último jogo foi contra o jovem Augusto, um carioca boa praça e o venci, apesar de seus botões cavados. Nesse dia eu jurei que não voltaria mais a jogar campeonatos nacionais na regra brasileira. Foi muita coisa acumulada nessa ocasião. Havia sido lançado o meu nome para a presidência da Associação. Na ocasião, quando realizamos o Primeiro Sul Brasileiro em Brusque, o Antonio Carlos Martins, então presidente da Associação fez o lançamento oficial nas dependências do Clube Bandeirante, em Brusque, lançando meu nome e o do Eduardo para vice. Dias antes da nossa ida para Pelotas eu recebo um telefonema de um dirigente pelotense, dizendo que eles estariam vetando o nome do Eduardo. Solicitei que eles comunicassem ao Eduardo pessoalmente, acreditando que assim estaria resolvido o caso. Só que foi criada uma nova chapa, colocando o presidente da Associação Brusquense no lugar do Eduardo, e isso ficou parecendo que a coisa fora feita por nós, brusquenses. Acabei sendo eleito e desenvolvi o meu trabalho no sentido de fazer a aproximação com as demais regras, visando sempre uma união, coisa que estava abalada dentro da nossa Regra Brasileira. Em Pelotas o campeão foi Julio César Albuquerque Nogueira (RJ), Jomar Moura (BA) em segundo, Luiz Antonio Dias Guimarães (RJ) em terceiro e Leomar P. Barreto (ES) em quarto lugar.

O próximo campeonato seria realizado em Brusque e estaria em minhas mãos a sua realização.

Foi a minha derradeira participação efetiva em campeonatos.

Mas, isso fica para a próxima coluna.

Até, com o meu abraço.

Sambaquy.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

UM TORNEIO INTERESTADUAL NA BAHIA EM 1973.


Minha gente, como todos nós sabemos, campeonatos nacionais foram realizados em 1970, em Salvador, em 1971, em Recife,em 1972, em Caxias do Sul. Após a realização dessas três competições a dificuldade em realizar o quarto campeonato ficou evidenciada, pois eram muitas as queixas quanto à falta de recursos para os deslocamentos, os gastos da entidade promotora, as despesas que cada competidor teria de arcar, pois nos anos setenta não havia patrocínio algum. Quem se arriscasse a promover uma competição tinha a obrigação de alimentar, alojar e premiar os competidores e isso representava uma pequena fortuna.

A Bahia, por ser o berço da Regra Brasileira, pelo potencial que possuía, pois em cada bairro existia uma entidade forte disputando seus campeonatos internos, geridos pela Liga Baiana de Futebol de Mesa, continuava como sendo uma espécie de Confederação. Mas, as coisas por lá não estavam correndo muito tranqüilas. Oldemar Seixas, um dos maiores entusiastas do Brasil, e um dos pais da regra, tivera um desentendimento com alguns caciques e se afastara da Liga Baiana. Criou então um novo clube. E para a inauguração desse novo clube convidou os caxienses para um torneio de inauguração. Convite feito, convite aceito.

Em Caxias do Sul estávamos jogando muito e nosso campeonato estava quase no final. O presidente do Conselho Municipal de Desportos de Caxias, o Mário de Sá Mourão, que patrocinara o terceiro campeonato brasileiro ganhou um Botafogo do Dr. Orlando Nunes e estava jogando razoavelmente. Ao tomar conhecimento do convite foi o primeiro a se colocar à disposição para visitar a Boa Terra. O outro que teria de ir seria o então presidente, Sérgio Calegari, aquele que nunca tinha saído de Caxias e que em sua primeira saída quase se perdera no caminho para Canguçú. Os outros dois foram escolhidos a dedo: Airton Dalla Rosa e Adaljano Tadeu Cruz Barreto, que comigo formariam a equipe caxiense.

A primeira providência foi adquirir as passagens. O escritório da VARIG ficava na Julio de Castilhos, em frente à Praça Ruy Barbosa, onde hoje existe o calçadão. Escolhemos os lugares mais à frente e fizemos a compra. O duro seria sair de Caxias no inverno (mês de agosto) e ter de enfrentar um verão em Salvador. Mas valia a pena porque seria um reencontro com os bons amigos baianos. Para mim seria a quarta viagem à Bahia.

Saímos de Caxias dia 12 de agosto de 1973, com a temperatura beirando zero grau, rumo ao Salgado Filho, em Porto Alegre. Depois de deixarmos o automóvel em um estacionamento, rumamos para o aeroporto. Despachamos as malas e como chegamos ao meio da manhã e nosso vôo seria logo às 13 horas, fomos para o restaurante. A turma estava feliz, mas o Calegari apreensivo, pois seria o seu primeiro vôo. Depois de algumas cervejas, pastéis e sanduíches, o Calegari consegue a proeza de derramar seu copo cheio de cerveja e molhar a mesa todinha. Um garçom veio executar a limpeza, e, olhando para o Calegari perguntou: O senhor deve ser gremista...

A gargalhada rolou solta, pois o Calegari jogava com o Grêmio e meio gordinho, as listras da camisa faziam uma curva acentuada mostrando a sua barriguinha. Após esse pequeno incidente e nos preparando para embarcar restava pagar a conta. Foi então que surgiu a brincadeira que mostrou uma vez mais a ingenuidade do Caligula. Passei o meu cartão e disse solenemente que essa despesa seria minha, mas a do avião seria por conta do presidente da Liga. Embarcamos, com escala em São Paulo e no Rio de Janeiro, para então chegar a Salvador. Naquela época ainda serviam garrafinhas de uísque, Campari e cerveja, com o almoço e os demais lanches e nós não nos fizemos de rogados. Pedíamos tudo que tínhamos direito e o Calegari ficava somando nos dedos em quanto ficaria a sua despesa. Ele ficou a viagem toda só na água mineral e quanto muito num copinho de suco de laranja. Ao chegarmos a Salvador, antes de desembarcar ele chamou a aeromoça e perguntou em quanto ficara a nossa despesa, pois queria pagar a conta. Como ela dissesse a ele que aquilo tudo fazia parte do serviço de bordo, ele ficou com uma cara de bobo enquanto todos nós nos desmanchávamos de tanto rir. Nessa altura todos nós estávamos com paletós, sobretudos, jaquetas, na mão, pois o calor, mesmo sendo noite, era insuportável.

Na Bahia estavam à nossa espera e fomos colocados em um hotel, tipo pensão, que o Oldemar havia contratado em troca de publicidade em seu programa Bahia Campeão dos Campeões.

Na manhã seguinte, o Jomar Moura nos apanhou para mostrar Salvador. Seguiu pela orla e perto do meio dia falou que iríamos até a oficina do José de Souza Pinto, o fundador e eterno presidente, presidente de honra da entidade baiana. O Zé Pinto era um baianinho pequeno, com menos de 1,60 de altura, magrinho, metido a macho como ele só. Ao chegarmos ao local de trabalho do Zé, eu me escondi em uma das portas laterais, enquanto o Jomar gritava: ZÉ PINTO VENHA CÁ, VENHA VER OS GAÚCHOS QUE QUEREM LHE CONHECER.....

O Zé Pinto saiu pela porta, sem me ver e olhando para a turma, perguntou: E SAMBAQUY, SAMBAQUY NÃO VEIO? COMO É QUE PODE?

Foi então que eu me aproximei por trás e o peguei no colo, dizendo: ESTOU AQUI MEU VELHINHO PREFERIDO.... venha comigo que vou apresentar os meus conterrâneos.

Descemos a escada e o primeiro a ser apresentado foi o Airton. O Zé disse: esse é o Delarosa?Campeão, depois foi a vez do Adaljano, do presidente Calegari e por último o Sá Mourão. O Sá Mourão, desde a nossa saída de Caxias estava aprontando todas. Alegrava o grupo de uma maneira única. O Zé estende a mão para cumprimentar o Sá Mourão, quando esse segura à cabeça do Zé e tasca-lhe um beijo na face. Foi a gota d´água para marcar o dia. O Zé vira-se para mim, parecendo um galinho garnisé, coloca as duas mãos na cintura e pergunta: - SAMBAQUY, O QUE VOCÊ TROUXE AI????????????????????? Todos nós rimos e cada vez que eu me lembro dessa cena dou risadas sozinho.

Após conversar bastante com o Zé, fomos almoçar no Buraco do Tião. Um restaurante de praia, onde o peixe era servido em terrinas individuais de barro e era tão quente que a gente suava só de estar perto delas, e para combater tanto calor a cerveja era geladíssima. Na metade do almoço chega o Oldemar, depois de ter apresentado seu programa radiofônico. O Sá Mourão, depois da experiência com o Zé, fez a mesma coisa no Oldemar. Este quase caiu da cadeira e só dizia: O que eu vou dizer em casa, sendo beijado em público por outro homem....

À noite no Hotel/Pensão o Sá Mourão esperava o Calegari dormir para acordá-lo. Quando o Caligula acordava e perguntava o que havia, ele, simplesmente dizia: com a cara de santo: O Adaljano queria te acordar e eu não deixei.....

Na manhã seguinte iríamos para a praia. Todos tinham trajes de banho, menos o Calegari. Então passamos em uma Loja que vendia trajes de banho e pedimos uma sunga. Escolhemos a mais apertada e o Calegari foi enfiado nela. Foi hilário, pois o Calegari, gordinho sobrava e a sunga dele deu origem ao fio dental da atualidade....

À noite fomos jogar. Cada um de nós estava com a camisa do clube que representava na Liga. Adaljano (Santos), Airton (Cruzeiro), Sá Mourão (Botafogo), Calegari (Grêmio) e eu (Flamengo de Caxias). Eles nos olharam, como pensando: Esses caras não tem um uniforme na Liga deles? Foi então que colocamos as camisas da Liga, que haviam sido providencias pelo Sá Mourão. E o Sá Mourão ainda distribuiu camisas de Caxias do Sul para os integrantes da Associação Baiana. Estávamos acostumados com as nossas mesas e as que deveríamos jogar eram especiais para quem joga com a unha. Não conseguíamos deixar nossos botões na mesa, pois todos jogávamos com palheta (ficha, pois naquele tempo não existiam réguas) e a força fazia os botões deslizarem demasiadamente. Resultado acabamos sendo goleados, pois o pessoal que estava junto com o Oldemar era de primeira linha, a saber: José Ataíde (famoso locutor esportivo de Salvador) Dr. Gantois, Dr.Orlando Nunes, Vital Albuquerque, Dr. Valter Motta, Geraldo Holtz (que havia sido campeão baiano diversas vezes) Guilherme José e Luiz Alberto Magalhães que indiscutivelmente era um dos principais botonistas que eu já vi jogar. Perfeito no jogo e o primeiro a criar arte em seus botões. Em todos os seus botões, cujo nome do time era Milionários, estava estampado a marca Adidas. O resultado foi que os baianos ficaram com o troféu.

De 13 a 18 de agosto, além dessa participação interestadual, fizemos várias visitas a clubes baianos. Liga da Pituba, Liga de Brotas, Liga do Barbalho, onde éramos sempre bem recepcionados. Na Pituba, na residência do Dr. Gantois rolou solto o uísque e canapés. Na despedida, o Sá Mourão, com a maior cara de pau, pegando um litro de whisky, quase cheio, perguntou ao anfitrião: - Era para nós tomarmos todos esse whisky? Sim, respondeu educadamente nosso hospedeiro. Então eu vou levar para nós terminarmos no hotel..... e colocou o litro dentro da bolsa que carregava consigo.

No dia 18, terminava a nossa estadia em Salvador e retornamos para Porto Alegre. No avião, para nossa surpresa, foi distribuído o Jornal A Tarde, de Salvador e, na sessão de esportes, em meia página as nossas fotografias com a reportagem: GAÚCHOS VIRAM O QUE A BAHIA TEM...

Ficamos felizes com aquilo e fomos reconhecidos por aqueles que sentavam perto de nós. Saímos de Salvador, bronzeados, em mangas de camisa, esquecidos que nos esperava o frio do Rio Grande do Sul. Ao chegarmos a Porto Alegre, perto do meio dia, tivemos a sorte de não estar muito frio, o que depois de apanharmos nossas malas procurar dentro delas os abrigos para o restante da viagem.

De tudo o que passamos nessa viagem o que mais me alegrou foi à oportunidade que demos ao Calegari de ter saído, pela primeira vez de nossa cidade e conhecido Salvador, ter passado pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Tenho certeza que esses momentos ficaram marcados em sua vida para sempre, ele que havia sido um dos fundadores da Liga Caxiense de Futebol de Mesa.

E com isso estava aproximando-se a minha despedida da Liga Caxiense, pois no final de novembro eu seria transferido para Brusque, em Santa Catarina.

Na semana que vem tem mais uma história para vocês.

Sambaquy.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O SEGUNDO CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL DE MESA – RECIFE PE.


A participação no segundo campeonato brasileiro de futebol de mesa foi mais fácil do que a primeira. A divulgação dos feitos de nossa primeira incursão no campo nacional atraia mais pessoas para a disputa. Na época, além do campeonato caxiense, diversas agremiações estavam disputando ativamente seus campeonatos. AABB, Guarany, Vasco da Gama, Noroeste e Juventus atraiam as atenções dos botonistas caxienses.

O convite partiu da Liga Pernambucana de Futebol de Mesa, presidida pelo inesquecível radialista Ivan Lima. O evento se daria de 13 a 17 de agosto de 1971, na cidade de Recife.

Ficou definido que não haveria Livro de Ouro e não iríamos solicitar ajuda de ninguém. Quem quisesse participar teria de arcar com as suas despesas, uma vez que as despesas da participação anterior haviam dado um pequeno prejuízo ao redator dessa coluna. Novamente a peregrinação entre as agremiações, e, poucos foram os que se dispuseram a nos seguir. Encontramos receptividade com o grupo do Vasco da Gama. Mário Ruaro Demeneghi, Rudy Antonio Vieira e Marcolino Pereira (Tico) se prontificaram a nos acompanhar, uma vez que Walmor Medeiros e eu já havíamos confirmado as nossas participações.

O Tico, antigo jogador do Flamengo e Juventude e que ainda batia uma bolinha no Vasco, tinha uma agência chamada MARCOS PUBLICIDADE, no Edifício Adelaide, sala 3, sub-loja, e conseguiu com a Festa da Uva que se realizaria no próximo ano uma verba para as camisas, desde que fizéssemos propaganda. Nossas camisas, nas costas, promoviam a Festa da Uva. Coisas de publicitário.

No dia 11 de agosto, partimos de Porto Alegre rumo a Recife, num vôo Varig. Saímos do nosso tradicional frio para o calor maravilhoso. Chegamos à noite na capital pernambucana. Por indicação das aeromoças, de quem ficamos amigos, foi-nos indicado o Grande Hotel, na Praia de Boa Viagem. Rumamos para lá e nos hospedamos. Naquele tempo era o hotel das celebridades e nele encontrei o famoso Ademir Marques de Menezes, o popular Queixada, goleador da Copa de cinqüenta no Maracanã. Encontrei também o goleiro Manga, que alguns anos depois seria o arqueiro do S. C. Internacional no famoso bi-campeonato brasileiro.

Nem bem havíamos nos instalado aparece o Ivan Lima e nos carrega para a noite boêmia. O homem era um ícone naquela terra. Conhecidíssimo, pois mantinha um programa de tv na TV Rádio Clube de Recife, aos poucos fomos conhecendo as belezas da noite pernambucana.

No dia seguinte nos retirou do Hotel e nos alojou no Ginásio Geraldo Magalhães, o Geraldão. Nesse ginásio, construído especialmente para grandes eventos haviam dependências para delegações esportivas e culturais. Ficamos na mesma ala em que estavam hospedados os integrantes do grupo teatral que apresentava em Recife a peça HAIR. Fizemos amizade com eles e, posteriormente com as mulatas do Sargentelli. Isso, para os antigos deve ser um prato cheio. E por ser o estado mais distante a comparecer, o tratamento dado a nós foi excepcional.

Logo após alojados, o Ivan nos carregou para a TV Rádio Clube para uma entrevista ao vivo. Foi maravilhoso, pois nenhuma outra delegação teve tal privilégio.

A equipe de recepcionistas do Geraldão era composta de meninas maravilhosas, esculturais, lindas e afáveis. Lembro com saudade de Maria Cléia Pinto de Souza, com a qual troquei correspondência por alguns anos. Gostaria de revê-la, mas depois de tantos anos acredito que seja quase impossível.

Na noite do dia 12 foi realizado o Congresso de Abertura do 2º Brasileiro. No dia seguinte iniciaram-se os jogos. Nesse campeonato eu senti que o clima de rivalidade entre pernambucanos e baianos era quase insuportável. Explico melhor. Jogava contra Oldemar Seixas, baiano, e o resultado era um 2 x 1 para ele, mas eu estava atacando bem posicionado, quando toca o relógio encerrando o jogo. Era a vez de Oldemar jogar e ele erra, ficando meu botão pronto para o arremate. Como todos os jogos se encerravam no relógio estendi a mão para cumprimentar o Oldemar, quando para nossa surpresa o juiz pernambucano falou que o jogo ainda não havia acabado. Pedi ao gol e vi os olhos do Oldemar se arregalarem. Senti a maldade que o árbitro estava usando contra ele, pois baianos e pernambucanos lutavam ponto a ponto para a conquista do título por equipes. Estava em minhas mãos completar ou não a maldade. Chutei para fora a bolinha, para alivio de todos. Para mim valia muito mais a amizade, que um empate conseguido de maneira não convincente.

Esse clima perdurou até o final. Mas os pernambucanos conseguiram, com méritos, chegar ao título por equipes, enquanto que no individual, dois baianos disputaram a final. Roberto Dartanhã Costa Mello e Cesar Aureliano Zama, dois jogadores maravilhosos que protagonizaram um jogo inesquecível. Fui escolhido para arbitrar essa partida final do Torneio. Dartanhã venceu por 1 x 0 na única falha do Cesar Zama. Seu botão travou em uma cobertura e Dartanhã arrematou com êxito, sagrando-se campeão brasileiro.

Com o final do campeonato as delegações foram se retirando. Mas nós ficamos, pois havíamos sido convidados pela administração do Geraldão para o show do Sargentelli e suas mulatas. Foi maravilhoso, com uma mesa diante do palco nos deliciamos com um espetáculo que só havíamos visto na TV, em branco e preto. E tudo ao vivo e a cores.

No dia seguinte, para nossa surpresa, a Prefeitura de Recife nos convidou para um almoço de despedida. Nos levaram a um clube maravilhoso e foi-nos servido um almoço inesquecível, com toda sorte de frutos do mar e com as frutas deliciosas da região tropical.

Nosso regresso teve uma parada na Bahia. Oldemar Seixas havia nos convidado para visitarmos a Boa Terra. Junto conosco estava o Antonio Carlos Martins, carioca que havia ficado em Recife para aproveitar as mordomias que estavam sendo oferecidas aos seus amigos gaúchos. No desembarque na Bahia os botonistas que haviam estado em Recife estavam nos esperando e nos levaram a um Hotel beira mar. Ficamos dois dias nos deliciando com os passeios proporcionados pela boa gente baiana.

Regressamos para o Rio Grande e voltamos a enfrentar o frio, até então esquecido. Do aeroporto até uma garagem em Porto Alegre onde o Mário havia deixado seu carro.

Todos com saudade, mas felizes, pois o tratamento recebido foi atencioso por parte dos pernambucanos e fez com que nos esforçássemos no sentido de preparar o terceiro campeonato brasileiro, que deveria ser realizado em Caxias do Sul.

Mas, isso é outro assunto e voltaremos a ele na próxima semana.

Até um grande abraço a todos vocês.

Sambaquy.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

CURIOSIDADES ACONTECIDAS.


Quando apresentei a vocês, a fábula sobre o mais nobre dos esportes, falei que muitos acontecimentos poderiam ser considerados fábulas.

Cada vez que nos reunimos, muita coisa do passado surge em meio às conversas. Lembro que, quando realizamos o nosso Torneio em comemoração ao primeiro aniversário, recebemos visitas de dois baianos. Oldemar Seixas e Ademar Carvalho. Não foi por maldade, mas a criação da Liga Caxiense de Futebol de Mesa foi em pleno inverno caxiense. Logicamente a comemoração deveria ser feita na mesma época. Os dois baianos saíram de uma Salvador com quase 40º para chegar em Caxias com uma temperatura baixíssima.

De dia tudo ia bem. Ademar, logo acostumou-se ao clima, mas Oldemar passou a sofrer demasiadamente. Nos dias que precederam ao torneio, visitávamos as agremiações que praticavam o futebol de mesa. Sempre rolava uma bebida mais forte para ajudar a enfrentar o frio. Só que o Oldemar só bebia guaraná. Ademar, ao contrário, acompanhava o pessoal de Caxias em tudo. Se bebíamos vinho, ele estava junto, se fosse whisky, o Ademar era companheiro e com isso suportava mais fortemente o frio. Oldemar era municiado de casacos, luvas, mantas, umas quatro a cinco camisas e vivia se queixando.

Como eles ficariam alguns dias entre nós, consegui um local para dormirem, ao lado de minha casa. Era um apartamento de uma tia de minha ex-esposa.

À noite, com o abatimento do Oldemar, essa resolveu entregar a ele uma bolsa com água quente, pois esquentando os pés, conseguiria dormir mais facilmente. Mas, parece que nada estava a favor do baiano chorão. A bolsa de tanto ser apertada entre os pés, acabou estourando e molhando toda a cama.

No dia seguinte, a despeito de toda a boa vontade em acomodá-los, foram de mala e cuia para o Alfred Hotel.

Quando estivemos no Guarany, onde eles mostravam sua técnica, cheguei a fazer uma aposta com eles, dizendo que não estava tão frio assim, pois eu até ficaria sem camisa. Acabei tirando o paletó e a camisa e o Oldemar quase desmaiou quando me viu de peito nu. Dizia que os gaúchos eram todos loucos e que moravam em uma geladeira.

Levei ambos para uma colônia, de propriedade de um amigo. Lá fizemos uma queimada de pinhão, coisa que o Ademar jamais esqueceu. Chamava de castanha os pinhões. Perto da fogueira com galhos de pinheiro o Oldemar conseguia até sorrir. Nesse local, foi-nos servida uma graspa com erva doce, que era fabricada pelo meu amigo. Ao experimentar a dita cuja o Oldemar quase vomitou. O Ademar, pelo contrário gostou.

No dia do torneio, dentro da AABB, com um dia de sol de inverno foi tudo bem. Ficamos até quase à noite, quando o pessoal começou a se dispersar. Muitos iriam viajar para as suas cidades e os dois iriam para o Hotel, onde o ar quente do quarto os protegia.

No dia seguinte iriam para o Uruguai, pois quando saíram de Salvador tinham como meta conhecer o vizinho país. Os levamos até Porto Alegre, onde iriam voar para Montevidéu. Só que jamais imaginaram que por lá o frio é ainda maior. Por aqui ainda estávamos acima de zero.

Ao chegarem em Montevidéu, desembarcaram sob frio intenso e o que mais chamou a atenção foi a manchete de um jornal. Dizia ela: ESTAMOS HELANDO. HOY -6 GRADOS.

Os dois foram diretamente para o Hotel. Ligaram o ar quente e ficaram até o dia seguinte, quando apanharam o avião e voltaram ao Brasil, mais precisamente para a Bahia. Chegando na Bahia, o Oldemar soltou-se e a primeira coisa que fez foi pegar o telefone e ligar para dizer que finalmente estava vivo e feliz. O sol estava com quase 40º e ele havia resistido à geladeira sulista.

Depois de alguns dias recebi, pelo correio, um pequeno bloco com as armas uruguaias em sua face e com a dedicatória: Para o irmão, uma lembrança do Uruguai. Tenho guardado até hoje, entre os meus troféus, pois mesmo naquela situação, lembrou-se o meu irmão de comprar algo, que mostrasse a sua aventura em terras geladas.

Lembrar disso tudo reaviva os momentos de alegria e de muita descontração que marcou a nossa amizade. Pena o Ademar ter partido tão cedo. E, para a minha alegria, fui talvez o último amigo a conversar com ele, antes de sua cirurgia. Ademar prometeu que ligaria para mim tão logo recebesse alta, e, fosse para casa. Com o passar dos dias, sem esse retorno tão esperado, liguei para a Margarida e fui informado que ele não havia resistido à cirurgia do coração, a qual se submetera. Ela me agradeceu por ter falado na noite anterior à cirurgia, pois ele havia ficado muito feliz. Senti-me recompensado, mas imensamente triste pela perda de um amigo querido. Hoje, quando escuto as fitas gravadas daquela época, não consigo reter as lágrimas que teimam em escorrer pelo meu rosto.

Oldemar, por ser consumidor de guaraná, está forte, no alto de seus setenta e quatro anos. Conversamos todas as semanas via telefone. Seu programa radiofônico ”Bahia Campeão dos Campeões” já soma trinta e quatro anos no ar. É uma referência esportiva na Bahia.

Bem, essa é uma história acontecida, uma das inúmeras que ainda pretendo contar.

Uma semana feliz para todos vocês.

Sambaquy.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

...E OS BAIANOS JOGAVAM COM A UNHA...


Uma das coisas que mais nos impressionaram, quando recebemos a visita dos baianos Oldemar D. Seixas e Ademar Dias de Carvalho foi o fato de eles não utilizarem fichas, palhetas ou as réguas atuais. Eles impulsionavam os botões com suas unhas do dedo indicador. E o faziam com uma precisão matemática que mostrava a beleza de jogadas feitas com precisão.

Na minha primeira incursão à Bahia, fiquei impressionado com a quantidade de praticantes que agiam da mesma maneira. Joguei em Salvador, Mataripe e Santo Amaro com grandes botonistas, os quais ficaram gravados em minha história: Jomar Maia, Roberto Dartanhã, Geraldo Lemus, Norival Factum, Fernando Contreiras, Armando Passos, Mariano Salmeron Neto, Amauri Alves, Álvaro Cesar, Cesar Costa ( que jogava sempre com um charutinho na boca), Dr. Elias Morgado, Luiz Raimundo, Marcio Gomes, Geraldo Holtz, Carlos Alberto Magalhães, José Mascarenhas, Milton Silva, Webber Seixas, Nelson Carvalho, Oldemar e Ademar, todos impulsionando seus craques com a unha, sempre com a mesma precisão.

Eu havia recebido o primeiro time de botões baianos que aportou o Rio Grande do Sul. Uma seleção brasileira, que apelidei imediatamente como a seleção de 1958, embora eu, nem de longe pudesse ser comparado ao Vicente Feola, que nos deu o primeiro título mundial. Esses botões fazem parte de meu acervo e estão comigo há mais de quarenta e quatro anos. E neles está o segredo de poder jogar com a unha. Eu mesmo consegui realizar algumas partidas jogando com a unha, e fazendo até gols bonitos. Mas, o desgaste sempre foi marcante, e as unhas acabam por se romper, pelo esforço continuado. Era preferível jogar com a palhetas.

O mago dos botões, o meu amigo José Aurélio, que morava à rua J.E.Lisboa, antiga e atual Estrada da Rainha, pois o nome não consegui se firmar,(visto que todos conheciam aquela tradicional rua de Salvador como Estrada da Rainha), conseguia fazer com que fosse possível jogar com a unha. E o segredo dessa confecção era guardado a sete chaves. Jamais ele deixou que víssemos trabalhando em seus botões. Mostrava tudo, menos a fabricação. Lembro ainda de um time que ele havia fabricado para uma encomenda, com os distintivos do Real Madrid embutidos. Um time lindo e cheio de detalhes que, para nós era uma tremenda novidade.

O segredo disso tudo estava no grau da quina dos botões. Os botões para jogar com a unha tinham uma quina arredondada o que facilitava a impulsão dos botões. Nós, gaúchos, usávamos uma quina viva, que permitia que a palheta determinasse a direção do botão em direção à bolinha. O Zé Aurélio, diante de nossas necessidades, teve de adaptar sua fabricação ao gosto dos gaúchos, pois, após a implantação no Rio Grande do Sul, as encomendas aumentaram consideravelmente.

A nossa adaptação demorou mais tempo em virtude das espécies dos botões que os baianos trouxeram em sua bagagem, e, venderam todos no Rio Grande do Sul. Todos foram confeccionados para serem impulsionados com a unha. Quando nós, gaúchos, apoiávamos a palheta em cima do botão, o deslize era imediato devido a inclinação da quina dos botões. E isso prejudicava o nosso desempenho. Custamos algum tempo a nos aperceber dessa artimanha própria dos baianos. O primeiro a descobrir essa diferença foi o Vicente Sacco Netto, que solicitou um São Paulo, com dimensões diferenciadas e com a rebarba mais pronunciada, sem a ondulação baiana . Logo em seguida o Raimundo Antonio Rotta Vasquez solicitou um Vitoriense, idêntico ao do Vicente. A partir daí mudou o sistema de solicitações de botões e o Zé Aurélio passou a fabricar botões especiais aos gaúchos.

Mesmo assim, quando fomos participar do primeiro brasileiro, deve-se ressaltar que os botões ainda eram influenciados pela fabricação baiana, com ângulos adaptados para serem impulsionados com a unha.

Nós ainda tínhamos muito a aprender, e, com certeza, aprendemos com o passar dos anos.

Na época, haviam apenas dois fabricantes de botões de acrílico e um de palaton. Os de acrílico eram o José Aurélio e José Castro Sturaro, e, o de palaton o Milton Silva, o grande botonista Miltinho.

Pagamos o preço do aprendizado. Afinal nós é quem estávamos mudando o nosso sistema tradicional de botões puxadores, fabricados na rua Paulino Teixeira, 51, em Porto Alegre para os botões padronizados, fabricados por baianos e que vinham para nós através da VARIG. Estávamos avançando na escala botonística brasileira e deveríamos pagar o alto preço de sofrer, até podermos abiscoitar os grandes prêmios. Era questão de tempo. E o tempo passou e hoje estamos no mesmo patamar, com um detalhe, os baianos passaram a usar palhetas e réguas para jogarem. Os antigos praticantes da unha estão rareando e desaparecendo. Já não se vê Oldemar Seixas, Webber, Ademar, Miltinho, Jomar Maia, Cesar Zama, José Ataide, Dr. Gantois, Orlando Nunes, Vital Albuquerque, Dr. Valter Motta, Geraldo Holtz, Guilherme José, Luiz Alberto Magalhães (um técnico notável que jogava futebol de mesa com a maestria do xadrez), Roberto Dartanhã, José Santoro Bouças,o Pépe, Dr. Jaime, Ubaldo e tantos outros que encontramos na terra linda da Bahia.

Mas, o que foi mais importante em tudo isso foi a união que aconteceu, pois hoje nos encontramos em qualquer parte do país e podemos nos abraçar com saudade, pois nossos encontros já se realizaram em outros pontos do país, e, por isso, somos velhos amigos, adversários nas mesas, mas amigos do coração.

Que o diga o meu irmão Oldemar Seixas, que da distante Salvador conversa comigo muitas vezes por mês, via telefone. Há quase cinqüenta anos jamais imaginaríamos que isso pudesse acontecer. Só que o futebol de mesa consegue fazer esse milagre. Amigos são verdadeiramente o nosso maior troféu. São guardados em uma galeria especial que está em nosso coração.

Até a semana que vem, se Deus permitir.

Sambaquy.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

PRIMEIRO BRASILEIRO DE FUTEBOL DE MESA REALIZADO NO BRASIL.



Hoje vamos tratar de algo muito sério, que motivou a grande caminhada do futebol de mesa da atualidade.

De 8 a 22 de janeiro de 1967, Gilberto Ghizi e eu ficamos na Bahia, jogando e trocando idéias para a concretização do grande sonho que possuíamos: uma regra nacional para possibilitar a realização de campeonatos brasileiros. Tudo foi motivado por uma reportagem feita por Oldemar D. Seixas, na antiga e extinta Revista do Esporte. Tomamos conhecimento de grupos organizados no nordeste brasileiro e entramos em contato. A história já foi narrada em colunas anteriores. Ghizi, então presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa e eu, presidente da Liga Caxiense de Futebol de Mesa, rumamos a Salvador. Lá, entre as rodadas para a concretização da regra, éramos constantemente convidados a jogar em diversas sedes, não só em Salvador, como também em Santo Amaro e Mataripe.

Tudo acertado, voltamos ao Rio Grande amado, trazendo exemplares da nova Regra.

Era necessário impulsionar o maior centro praticante do futebol de mesa, que na época era a Bahia. Lá eram feitos botões, goleiros, mesas maravilhosas e em cada bairro existia uma agremiação que praticava o nosso esporte de forma organizada e responsável. Além disso, os componentes da Liga Baiana eram pessoas que encaravam o futebol de mesa com uma seriedade impressionante. Seu presidente, José de Souza Pinto, o único que não jogava botão, tinha metas e um tremendo carisma entre os baianos. Já estava com idade avançada, mas acompanhava o pessoal com o entusiasmo de um campeão. Dele partiu a idéia de realizar o primeiro brasileiro. E essa idéia foi ganhando força e sendo incrementada por todos os praticantes da Boa Terra.

Em fevereiro de 1969, Miguel Silva, nos visitou em Caxias, trazendo as noticias sobre a possível realização no ano seguinte do tão ambicionado campeonato.

Em novembro de 1969, para a nossa alegria, chega o tão almejado convite. A Liga Baiana destinava cinco vagas para o Rio Grande do Sul, mais precisamente para a Liga Caxiense. Seriam três a disputar o torneio por equipes e dois participariam do individual.

Infelizmente, nem todos comungavam do mesmo entusiasmo que iluminava os meus sonhos. Com o convite em mãos, reunida toda a comunidade botonista da Liga, somente o Walmor da Silva Medeiros, meu colega de Banco do Brasil mostrou interesse em participar. Ninguém mais tinha vontade ou desejo de jogar um campeonato brasileiro. Bastava o caxiense.

Com três vagas para serem preenchidas, a solução estava na garotada do Guarany. Compareci à sede do Recreio Guarany e conversei com os meninos. Eram meninos mesmo. A responsabilidade seria imensa, pois teriam de viajar, caso fosse permitido, com autorização de seus pais. Os três escolhidos foram Airton Dalla Rosa, Jorge Compagnoni e Ângelo Slomp. Com as devidas autorizações paternas, passamos para a fase seguinte. Vamos viajar de que maneira? E como faremos para dar cobertura aos gastos que serão necessários para hospedagem, alimentação, viagem? Como sempre, com boa vontade e muito trabalho, pois naquela época não tínhamos apoio algum, começamos a nos movimentar. Requisitei os três e atribui-lhes tarefas. Em primeiro lugar teremos de comprar um livro de ouro e passar na indústria e comércio de Caxias, explicando que estaremos representando o Estado do Rio Grande do Sul e a nossa cidade em uma competição à nível nacional. Não paramos mais de percorrer, diariamente as diversas empresas locais. A receptividade foi muito boa e conseguimos reunir o dinheiro suficiente para as despesas dos três, já que o Walmor e eu pagaríamos as nossas.

Faltava algo muito importante. O fardamento para nos apresentar nas competições. Teríamos de voltar a pedir auxilio as empresas? Foi quando me ocorreu solicitar à Confecção Sebben, fabricante de camisas, que nos socorresse. Ganhamos cinco camisas sociais, meia manga, na cor azul claro. Providenciamos escudos da Liga, bordados e costuramos nos bolsos. Em princípio, os problemas estavam quase todos resolvidos.

Compramos as passagens. O roteiro eu já conhecia, pois há três anos havia feito a mesma viagem. Sairíamos de Caxias rumo ao Rio de Janeiro. Teríamos de pernoitar no Rio e na noite seguinte seguir viagem rumo à Salvador.

Dia 2 de janeiro de 1970 partimos. Esse primeiro trecho era novidade para os meninos, que nunca haviam saído de Caxias. No Rio de Janeiro, tendo o dia livre, fomos visitar o Getúlio Reis de Faria, em Vila Isabel. Os filhos do Getúlio levaram os três gaúchos para conhecerem a praia. Estavam todos em estado de graça.

Naquela noite embarcamos rumo à Salvador. Na primeira parada, para jantar, pedi uma dose de whisky. A moça que nos atendia trouxe um copo liso, cheio de bebida. Já que eu estava pagando, bebi tudo. Resultado, dormi até perto de Salvador. No restaurante, o Ângelo, que era gordinho, um pouco guloso, comprou algumas barras de chocolate e colocou no bolso de sua calça. A viagem, pela noite à dentro era cansativa e o sono bateu em todos. O Ângelo dormiu esquecendo os chocolates no bolso. Com o calor do verão, mesmo à noite, ônibus fechado, derreteu tudo e foi incrível ver a cara de vitima do Ângelo. Não sabemos até hoje se era por ter derretido os chocolates, se era por ter transformado o bolso da calça em um bolo marrom, ou por ter de fazer o restante da viagem cheirando a chocolate. Ao chegar em Salvador teve de mandar a calça para a lavanderia. Ninguém agüentava ficar por perto. Chocolate nunca mais.

Em Salvador, formos recepcionados por um pessoal maravilhoso. Nos levaram ao consultório de dois dentistas que trabalhavam no Edifício Sulacap. Os dois tinham seus consultórios contíguos, separados por uma sala de estar que servia a ambos. Ao chegarmos lá, pararam de trabalhar, fecharam a sala e colocaram uma mesa para jogar. Os doutores Kleber e Próculo foram incansáveis e até um time deram ao Airton.

O campeonato seria realizado no dia 10 de janeiro de 1970, na Sociedade Espanhola.O local muito bonito e cheio de novidades para todos nós. Na noite anterior foi realizado o Congresso, onde foram detalhados os procedimentos e sorteados os jogos. A equipe seria formada pelo Walmor, o Angelo e eu. O Airton e o Jorge jogariam o individual.

A minha campanha foi razoável. Meu primeiro jogo foi contra José Ignácio, (Sergipe – que seria campeão de 1979, no Espírito Santo) que terminou empatado. Depois, joguei contra Marcelo Tavares, de Pernambuco e o venci. A seguir enfrentei a fera baiana: Miltinho e fui goleado. Ele não errava um chute a gol. Foi o primeiro fabricante de botões de palaton. Meu último jogo foi contra Adélcio Albuquerque, do Rio de Janeiro e devolvi a goleada. Um fato que nos impeliu ao quarto lugar foi o primeiro jogo do Ângelo. Jogava contra um baiano. Esse mandou colocar o goleiro e o Ângelo o colocou de forma que uma das extremidades do goleiro ficou meio milímetro dentro da linha de gol. Da forma que o baiano chutaria não conseguiria marcar. Foi dado o chute que bateu na cara do goleiro e voltou ao meio do campo. Então veio a surpresa: o juiz, outro baiano chamado Diogenes validou o gol, pois disse que o goleiro estava irregular. O Ângelo, menino ainda, ficou nervoso e começou a chorar. Não conseguiu mais dominar seus nervos e acabou perdendo os seus jogos. O Walmor também não foi muito feliz, mas teve alguns resultados positivos. Mesmo assim ficamos em quarto lugar, perdendo para três fortes adversários nordestinos, acostumados a jogar naquele sistema: Bahia, Sergipe, Pernambuco.

No campeonato individual, nossos meninos Jorge e Airton, não tomaram conhecimento dos baianos e pernambucanos, alagoanos, paraibanos e cariocas e chegaram a beliscar. Jorge Alberto Compagnoni ficou com o terceiro lugar e Airton Dalla Rosa com o quarto, dando mostras daquilo que estava sendo desenvolvido em Caxias do Sul. Os dois campeões foram dois baianos que residiam em Sergipe: Atila de Menezes Lisa (que cogitou, anos depois em morar em Caxias, pois trabalhava na Policia Federal) e José Marcelo Freire Farias.

Estava sacramentado o primeiro campeonato brasileiro da modalidade. E dele dois caxienses emprestaram seus nomes para figurarem no site da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa. Cumprimos com o nosso dever.

Na semana que vem voltaremos a nos encontrar.

Até lá com o meu abração.

Sambaquy.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A FÁBULA DO FUTEBOL DE BOTÃO.


Tenho falado muito em fatos concretos, desde que iniciou-se a publicação da coluna. Muitos desses fatos poderiam ser transformados em fábulas, mas foram realidades.

Existem histórias tremendamente engraçadas sobre participação de botonistas, em situações que poderiam fazer nossos leitores darem boas risadas. Deixarei para uma próxima coluna algumas dessas histórias engraçadas. Hoje vou transcrever uma fábula que recebi no dia 24 de março de 2008, e, que mostra o respeito que envolve o futebol de mesa entre as pessoas que escrevem, que produzem artigos e que exploram a opinião pública com assuntos envolventes.

A fábula tem o título: O MAIS NOBRE DOS ESPORTES.

Conta-se que o homem mais rico do mundo desejava saber qual era o mais nobre dos esportes, e, para isso chamou três sábios: um da China, porque a China é o berço da sabedoria; outro da França, porque a França é o berço da ciência e outro dos Estados Unidos, que não são o berço de coisa nenhuma, mas ganham muitas medalhas nas Olimpíadas.

Logo que os três sábios chegaram à casa do magno magnata, este lhes perguntou: - “Senhores, qual o mais nobre dos esportes? Aquele que me convencer disso, receberá, como prêmio, um pote de ouro”.

Então o chinês disse: - Honorável senhor, em todos os esportes há nobreza, mas em nenhum outro há mais do que no xadrez. Ele é um jogo de estratégias e inteligências, onde mais conta o cérebro do que qualquer outra coisa. O xadrez é o esporte do intelecto. Depois, satisfeito com suas próprias palavras, sentou e tomou o seu chá.

Então o francês falou: “Monsieur, nenhum esporte se compara à esgrima. Na esgrima treinamos a pontaria e a rapidez, defesa e ataque, reflexos e precisão. É um esporte onde todo o corpo é chamado a agir, e por isso é o esporte da habilidade física. Depois, satisfeito com suas palavras, sentou-se e bebeu seu vinho.

Então o norte-americano rosnou: Mister, o xadrez e a esgrima são ok, mas o mais nobre dos esportes é o pôquer, que exige dissimulação e farsa, psicologia e trama. Ele não é jogado apenas com o corpo e o cérebro, mas também com a alma. É o esporte do controle emocional. Depois, satisfeito, sentou e bebericou sua Diet Cola.

O homem mais rico do mundo, diante de tudo, disse que necessitaria de algum tempo para pensar sobre aqueles profundos arrazoamentos, e, como pensar dá fome, pediu uma pizza pelo telefone.

Quando o entregador chegou com a pizza, o homem mais rico do mundo, por brincadeira, resolveu lhe perguntar qual era o esporte mais nobre: o xadrez, a esgrima ou o pôquer. O entregador não se fez de rogado e disse: - Esses três esportes são importantes, mas o mais nobre de todos é o futebol de botão.

Os três sábios caíram na gargalhada, mas o entregador permaneceu imperturbável.

- Vejam, o futebol de botão é uma síntese do conhecimento humano. Ele necessita de movimentos estratégicos como o xadrez, pede pontaria, reflexos e precisão como a esgrima e requer autodomínio como o pôquer. O futebol de botão, senhores, é o único esporte onde são necessários intelecto, habilidade física e controle emocional. Tudo ao mesmo tempo e em igual proporção.

Todos ficaram boquiabertos com tais idéias e as aplaudiram com entusiasmo.

O entregador então fez uma partida de botão com cada um dos presentes para celebrar a mais nobre das artes. Ele venceu o chinês por 8 a 0, o francês por 9 a 0 e deu de 10 a 0 no norte-americano. Estranhamente, porém, perdeu de 1 a 0 para o anfitrião; e com um gol contra.

O homem mais rico do mundo ficou tão feliz com a inesperada vitória que não deu apenas um pote de ouro ao entregador de pizza, mas também a mão de sua linda filha e única herdeira.

E a moral dessa fábula esportiva, se é que há alguma, é que é bom ser sábio, mas melhor ainda é ser sabido.

Extraído do livro: “OS CABEÇAS DE BAGRE TAMBÉM MERECEM O PARAÍSO”

Espero que tenham gostado dela, assim como eu gostei. E me digam se realmente não é verdade tudo isso. Sugiro que convidemos os entregadores de pizza a jogarem botão.

Até a próxima.

Sambaquy.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

HOMENAGEM A UM LIDER.


Talvez eu devesse fazer uma homenagem a cada um dos líderes que existem em cada cidade de nosso país. Em cada uma delas existem pessoas que fazem o futebol de mesa existir, crescer, desenvolver-se e criar novos adeptos.

Hoje, entretanto, estarei falando apenas de um. E não vou me ater à regra que ele disputa e sim, somente ao seu trabalho.

O conheci de forma totalmente diferente das usualmente utilizadas, para conhecer pessoas. Foi através da Internet, através de meu computador, em minha sala, que tomei conhecimento desse valoroso OSWALDO FABENI DE OLIVEIRA.

Quando o fiz, foi no sentido de auxiliar a outro amigo que me telefonara para me convocar para falar sobre o futebol de mesa. Como eu não estava disposto a reiniciar, protelei esse encontro e, por um desses momentos inesperados, ao ler o Futebol de Mesa News, de São Paulo encontro uma nota sobre um grupo que estava jogando em Balneário Camboriú, minha cidade. Na nota estava o endereço eletrônico do presidente do grupo. Mandei-lhe uma mensagem. Não demorou muito e a resposta estava em meu computador. Forneci-lhe meu telefone e ele ligou prontamente. Voz calma, pausada, cheia de personalidade e carisma.

Conversamos longamente e expliquei-lhe o desejo do Bartolomeu de jogar futebol de mesa. Disse que ele era gaúcho, como eu mesmo, e que jogava na regra gaúcha. Ele disse que entraria em contato com o Bartô. Mas, continuou a conversar comigo. Contei-lhe de minha participação em tempos idos, quando havíamos participado ativamente do movimento que conseguiu fazer do futebol de mesa a realidade atual. Ele solicitou meu endereço e perguntou se eu me incomodaria se ele fizesse uma visita, com a finalidade de me conhecer pessoalmente. Disse que seria um prazer trocar idéia com mais um abnegado esportista.

No dia seguinte, dois de julho de 2007, o Oswaldinho estava me procurando. Conversamos. Mostrei-lhe os botões utilizados na Regra Brasileira. As bolinhas. Falei de tudo quanto foi feito no sentido de uma unificação em torno de uma só regra, o que infelizmente jamais poderá acontecer. Mostrei-lhe os diplomas, os troféus que guardo com carinho, fotografias antigas e senti que ele estava embevecido com tudo aquilo que se deparava em sua frente. Perguntou se eu responderia um questionário para ser publicado no site futebol de mesa news. Respondi que faria com muito gosto. Após mais de duas horas de conversas ele partiu.

No dia seguinte, por e-mail ele enviava o questionário que me apressei a responder, e que foi publicado no site em nove de julho. A partir daí começou o assédio para o meu retorno. Eu havia mostrado a ele, alguns times que eu ganhara nos anos 80, para a prática na regra de doze toques. Só que os botões haviam evoluído muito. Nos anos oitenta os botões estavam começando a ser fabricados, conforme nós já utilizávamos na regra brasileira desde os anos sessenta. Antes, a regra de 12 toques usava botões tampa de relógio, dos quais ainda guardo alguns times. Hoje, eles estão fazendo defensores maiores do que os atacantes, ângulos diferenciados, enfim, estavam incorporando a técnica aos botões para que, cada vez mais o jogo ficasse bonito e agradasse aos olhos.

Convidava-me, o Oswaldo a todos os torneios que realizava em seu salão de festas. Até que, num sábado, com uma fitinha gravada por Geraldo Decourt, cantando o hino do botonista, fui ao seu encontro. Conheci muitas pessoas que estavam participando. Ivo, Guilherme, Fernando, Rubão, Bartô, Joel e Renan. Fiquei algum tempo observando eles jogarem.

A seguir, o Oswaldinho conseguiu duas salas na empresa do Guilherme e para lá transferiram a sede e os jogos. O Oswaldinho, com a sua maneira de ser me convenceu a associar-me ao grupo. Como sabia que poderia ajudar, sendo mais um contribuinte, aceitei.

Em 25 de agosto o grupo promoveu a V etapa do Campeonato Catarinense, na Casa Hall Shopping. Fui até lá para assistir, pois o Oswaldinho insistia em me fazer apresentar para os demais integrantes catarinenses. Na premiação pediram para que eu entregasse o troféu de vice-campeão Máster ao Rubão.

A partir desse evento, o Oswaldinho vinha me buscar e me trazia de volta depois de cada torneio ou reunião que houvesse. Comecei a tomar conhecimento da nova regra de doze toques, pois houveram muitas modificações desde aquela praticada nos anos oitenta. Mas meus botões não correspondiam, pois os de defesa eram iguais aos de ataque e isso dava a oportunidade de espaços aos adversários. Foi então que o meu amigo me entregou o meu time do Barcelona, que ele havia comprado em sua participação no ultimo brasileiro que havia participado. Como eu só jogava partidas amistosas, o Oswaldinho instituiu a Taça Adauto Celso Sambaquy que foi disputada por todos os associados da entidade Por influência dele, mais adeptos foram aparecendo: Marcelo Índio, Marcelo Heusi, o presidente da Federação Alexandre Castelli, que com o Rubens Olinguer (RUBÃO) que vinham de Blumenau jogar aos sábados.

O Oswaldo compra uma casa em Itajaí e com isso conseguem alugar uma sede muito legal, junto a clube de snooker. A afluência aumenta consideravelmente e vão aparecendo o Arruda (gaúcho), Mauricio (gaúcho), Jefferson, o Thiago, o Sydnei, Janos, Alberto e a primeira menina a praticar o futebol de mesa entre os marmanjos Aninha.

Em 2008 o Oswaldo realiza o segundo Torneio Adauto Celso Sambaquy. Começo a jogar torneios, mas pela dificuldade em estar presente com todos eles, pois eu resido em Balneário, sou premiado com alguns WO. Foi uma época bastante difícil, pois minha filha havia perdido seu neném e isso me abalou profundamente.

O Oswaldinho sempre ativo e incentivador, foi o único catarinense que participou de todos os brasileiros, tanto individual como por equipes. Vai a todos, sejam onde forem realizados. Isso é sempre um incentivo aos demais. Através do futebol de mesa ela já conheceu quase todo o Brasil.

Gostaria de dizer a todos vocês que ele é um dos melhores botonistas que tenho encontrado em minha longa jornada. Só que, devido a um problema físico, que não o impede de ser o voluntarioso, e eficiente botonista, depois de duas ou três partidas, seu rendimento cai um pouco e ele sofre muito. Eu sinto a dificuldade de fazer vários jogos e sei que ele sente da mesma forma, mas, se deixarem, ele fica jogando o dia inteiro. Se todas as cidades possuíssem um Oswaldinho entre seus adeptos, tenho certeza de que o futebol de mesa seria hoje o esporte mais praticado em todo o país.

Por isso, hoje, eu rendo as minhas homenagens a essa pessoa maravilhosa, que me fez voltar aos gramados de madeira e dar minhas palhetadas. E isso depois de vinte e seis anos ausente do esporte. Como nota final, depois de todo esse tempo, eu fui vice-campeão do torneio Primeiro Turno de nosso campeonato e a pessoa mais feliz, quando eu recebia o meu troféu foi o Oswaldinho (foto). A ele rendo as minhas alegrias e o meu agradecimento por estar de volta a esse meio que sempre fez parte de minha vida.

Até a semana que vem. Abração a todos.

Sambaquy.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

OS QUARENTA E CINCO ANOS DA AFM – CAXIAS DO SUL.


No inicio desse ano eu recebi a agradável visita do presidente da AFM, juntamente com a sua família, e que trazia um convite amável, para prestigiar as festividades dos 45 anos de fundação da então Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Foi um convite todo especial, pois não foi por telefone, por carta ou mesmo por e-mail. Foi pessoal, cara-a-cara. Fiquei muito feliz, pois sempre tive um apreço muito grande pelo Daniel Maciel, e, essa era a sua segunda visita em meu lar. Com ele, os seus familiares e sua amada Flavinha. Não podia dizer que não poderia, diante de tanta gentileza.

O ano foi passando vagarosamente. Como falei na coluna anterior, com algumas passagens entre os praticantes de Itajaí. Até que, no inicio de junho foi promovido em Itajaí o campeonato brasileiro por equipes, na regra de doze toques. Insistiram pela minha participação. Foi um treinamento para o que estava reservado para mim em Caxias. Na abertura do campeonato, o presidente da Confederação Brasileira, Jorge Farah, solicitou que fosse dada uma salva de palmas ao “velhinho aqui”, por tudo quanto havia feito em prol de nosso esporte. Depois, me chamou para uma foto que ficará para a história de sua gestão.

Eu já estava ficando ansioso, pois estava recebendo a programação das festividades e pela bondade desses grandes amigos, a citação de meu nome ganhava destaque sem que para isso fosse o merecedor, pois muita gente batalhou ombro a ombro comigo.

Meu afilhado Rogério enviava e-mails, perguntando quem eram os fundadores, e quais ainda estavam vivos. Não imaginava que ele e o Nelsinho estavam programando a cerimônia que iria complementar o grande torneio. No dia 14 de junho fui até a cidade de Brusque, onde sempre comprei minhas passagens aéreas. Na Brucatur, adquiri pelo vôo da Gol uma passagem que me dava o direito de passear de Florianópolis até São Paulo (Congonhas) e de lá até Caxias do Sul. Sai com chuva de Balneário e encontrei um dia lindo em São Paulo. Mas, em Caxias tudo é diferente e confesso que senti medo quando estávamos chegando, pois ficamos dentro de nuvens até poder enxergar a pista. Estava chegando. Agora a coisa iria pegar fogo mesmo.

Depois de apanhar minha mala, encontro o presidente Daniel, me esperando. A programação estava recém sendo iniciada. Primeira parada: Comprar o abrigo da AFM para o visitante. As emoções estavam apenas começando. Após uma passagem rápida pela sede onde seriam os jogos, o almoço tradicional da cidade que melhor prepara o galeto em todo o país. Depois voltamos ao Vasco da Gama para conhecer as dependências. Maravilhosas salas com várias mesas dispostas para acolher os aficcionados que estariam disputando os quatro belíssimos troféus.

O coração estava começando a bater mais descompassada mente. Então começam a chegar às pessoas que eu conhecia por fotos e de uma passagem rápida pela antiga sede. Cada um era mais um amigo a se incorporar no saguão de meu coração. Algumas horas depois o Daniel, sempre solicito, me levou até Ana Rech, residência de meu genro e minha filha. Descansei um pouco, e, lá estava o Daniel para me levar ao encontro das demais feras que me esperavam na sede. Como é agradável abraçar velhos amigos, pessoas que fizeram parte de minha vida e que estavam ali me esperando: Marcos Zeni, Luiz Ernesto Pizzamiglio (que viajaria no dia seguinte para Maceió), Ednei Torresini, Rogério Prezzi, Alexandre Prezzi, Daniel Pizzamiglio, Luciano Carraro, Fernando Casara, Daniel Crosa, Mário Jr., Walter, Rodrigo, enfim a nata do futebol de mesa da Caxias. Bati uma bolinha com dois expoentes e senti o quanto havia perdido no toque, na força, na sensibilidade. Estava parado há muito tempo e não teria chance alguma. Seria apenas um assistente do Torneio. Foi então que nos carregaram para o estúdio da Rádio Caxias. Mais entrevistas, com um programa de grande audiência. O futebol de mesa havia ganho espaços preciosos em minha terra natal. Ao final da reportagem um telefonema de um colega de Banco do Brasil: Osni Freitas de Oliveira. Na saída nova confraternização e fomos levar o Pizzamiglio para casa, pois no dia seguinte estaria atravessando o país para visitar sua filha.

Dia seguinte, cedo o Rogério e o Alexandre foram me buscar. Com eles o meu abrigo e camisa da AFM. No caminho, uma passada na casa de um ícone do futebol de mesa: Airton Dalla Rosa. As emoções estavam se acumulando. Ao chegar, mais surpresas. Gente importante estava nos aguardando: André Marques, Diretor Técnico da Confederação Brasileira, Robson Bauer, Carlos Kuhn, o famoso Breno, o grande Sérgio Oliveira, velho conhecido de nosso tempo de integrações Brusque x Afumepa, o parceiro Vanderlei Duarte, Enio Durante, e as agradáveis presenças de Delesson Pavão Orengo (um dos fundadores), Mario Ruaro de Meneghi, Mário de Sá Mourão, Uldemiro Ernesto Ulian, que com o Nelsinho Prezzi nos fizeram fazer uma viagem pelo tempo passado e reviver momentos muito felizes.

A pressão estava sendo acumulada. No sábado eu estive quase o tempo todo fornecendo elementos para as pessoas que queriam saber da longevidade da agremiação. Como os compêndios de futebol de mesa que eu havia doado à AFM estavam à mão, ficou sempre muito fácil mostrar a longa caminhada realizada. O secretário de Esportes e Lazer, Sr. Felipe Gremelmaier, grande patrocinador do Torneio, destacou duas pessoas maravilhosas para o representarem nas solenidades: Prof. Leda Tavares Marramarco e Prof. Rosmari Della Vecchia que ficaram o tempo todo do torneio embelezando o ambiente.

As partidas eram desenvolvidas e a grande final reuniu dois grandes botonistas: Carlos Kuhn e André Marques. Foram eles que chegaram, como poderiam ter sido vários outros, pois o nível dos jogos foi extraordinário.

A festa chega ao seu momento culminante. Em primeiro lugar a entrega dos premios aos vencedores. Maravilhosa a manifestação de todos os presentes, com aplausos e ovações para enaltecer as vitórias. Aos vencedores, as glórias sempre. A seguir, o Mestre de Cerimônias, Nelson Prezzi fez a leitura do histórico dos 45 anos da AFM, que nasceu Liga Caxiense.

Homenagens são feitas àqueles que elevaram o nome da Associação ao ponto mais alto, tanto em nível nacional como estadual. A emoção já beirava em cada rosto, afinal estavam acendendo uma chama que nunca fora apagada e que agora refulgia com intensidade.

Daniel Maciel usa a palavra como presidente da AFM, agradecendo e emocionado divide com todos, a glória do momento impar que Deus concedeu a esse grupo de jovens.

A representante Rosi do Secretário Municipal de Esportes e Lazer usa da palavra reafirmando a confiança que foi depositada nesse grupo e dizendo que serão parceiros em muitas outras oportunidades.

Então, para finalizar, aquele que primeiro usou a palavra, há quarenta e cinco anos passados foi convidado a renovar sua fé no esporte que nos uniu para sempre. Confesso que não sei o que consegui dizer, pois a emoção foi tomando conta de minha cabeça. A memória, graças a Deus ainda é boa e consegui relatar os atos e fatos de nossa jornada. Ressaltei o trabalho de todos os que estiveram defendendo as cores de nosso estandarte. Assinalei cada ponto de afirmação que existiu entre cada um de nós. Mas, ao olhar as pessoas mencionadas, sentia que nós não iríamos conseguir manter a calma. O Airton e o Vanderlei esboçavam marcas visíveis de emoção. Terminei agradecendo a todos pela honra de que me distinguiram com um maravilhoso cartão de prata, o qual está em local de destaque em minha galeria. Foi então que os dois: Airton e Vanderlei se abraçaram comigo e choramos por tudo que passamos, para um dia conseguir ter a alegria de ver triunfar a AFM Caxias do Sul, como triunfou.

Tenho certeza que se fosse necessário, contando com essas pessoas que viveram comigo essa aventura, faríamos tudo de novo, pois a alegria e a emoção de ver algo que criamos permanecer ativa e incólume durante quase meio século não tem preço.

Agora é esperar pelos cinqüenta anos. Se Deus me permitir, quero estar lá novamente, pois se o coração não resistir, morrerei feliz entre amigos e pessoas que eu amo e praticando aquilo que eu sempre adorei praticar, o futebol de mesa.

Por hoje já me emocionei demais.

Até a semana que vem.

Sambaquy.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

UMA VOLTA SEM MUITA CONVICÇÃO.


Bem, como diz o ditado: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Os convites eram semanais. Todo o final de semana o telefone avisava que haveriam jogos na casa do Oswaldo. Até que no dia 1º de agosto de 2007, para não ser indelicado eu fui até lá. Estavam o Bartô (o Bartolomeu, o porto-alegrense que havia me descoberto aqui em Balneário) e o dono da casa, o Oswaldo. Eu havia recebido alguns times de amigos de São Paulo. Só que estavam em desacordo com a evolução do futebol de mesa usado na regra de 12 toques.Eram menores que os atuais. Mesmo assim fui praticando e voltando aos poucos sentindo a emoção de estar dominando meus craques. Meus adversários eram feras que estavam jogando há bem mais tempo, inclusive treinando regularmente sempre que possível.

Sem pressa fui voltando a jogar. As feras que praticavam o futebol de mesa, na regra de 12 toques eram incríveis. Ivo Castro era insuperável, Marcelo Índio era um estrategista, Joel, Oswaldo e Bartolomeu, junto com Guilherme Mello (gaúcho e gremista), Fernando Castro, Renan, Marcelo Heusi, Rubens Olinger eram as presenças constantes na então Atlântico Sul Futebol de Mesa, que sucedeu a Beira Mar, pois a alusão ao nome ligava ao famigerado bandido/traficante brasileiro. Foi então que apareceu um gaúcho marrento chamado Luiz R. Arruda, que jogava na regra Gaúcha. Pediram que eu fosse o adversário nessa primeira partida, a qual foi a única que consegui ganhar dele.

Logo, logo estava jogando como se fosse praticante há muitos anos da regra. Joga com a Seleção Brasileira, e seu goleador é o Zé. Lembrou-me o Boby Guizzoni, pois passa a partida inteira narrando o jogo, e quando marca um gol é um espetáculo, pois grita: é do Zé, é do Zé, é do Zé... Isso sempre me ajudou com a convicção que os gaúchos sabem jogar futebol de mesa por intuição, pois acostumam-se a qualquer regra com facilidade.

Em janeiro de 2008, com a colaboração da Prefeitura de Itajaí, já que estávamos jogando naquela cidade, em uma sede maravilhosa, alugada em um clube de snooker, realizamos os Jogos de Verão, com a participação de várias entidades brasileiras. As cidades catarinenses que atenderam ao chamamento do Atlântico Sul foram: Blumenau, Gaspar, Joinville, São Bento do Sul, Brusque e Itajai. Representantes do Rio Grande do Sul (Willian) e São Paulo (Izo e Michilin) traziam sua experiência e mostravam como se deveria jogar nessa regra tão disputada. Nessa ocasião aparecia na sede um rapaz, gremista fanático, professor, chamado Maurício, também gaúcho de nascimento e que jogava muito futebol de mesa. Começavam também a jogar constantemente, Jeferson, André Pinheiro, Thiago. Foi um torneio bem interessante e mostrou a força que o Atlântico Sul estava adquirindo. Surge também o Sidney, um corintiano de quatro costados que passa a jogar constantemente e se tornar um grande nome entre os itajaienses.

Em maio de 2008 tive mais uma parada com o futebol de mesa. Minha filha, com oito meses de gestação, acabou perdendo seu primeiro filho. Seria um menino e eu já havia comprado um time para meu neto. Pela forma do acontecido não tive condições de voltar a jogar por muito tempo. Os amigos, que jogavam comigo, me confortavam da melhor maneira possível, mas a dor era muito grande e não conseguia encontrar forças para me divertir.

A maneira de fazer voltar foi realizarem um campeonato com o meu nome. Já haviam realizado em 2007 e voltavam a fazer em 2008. Com isso me fizeram comparecer para entregar os troféus aos vencedores. Já estávamos em novembro de 2008, quando estive entre eles para essa homenagem. Concederam-me um troféu como homenagem.

Depois disso tive esporádicas passagens entre eles. Em fevereiro de 2009, voltando somente em outubro do mesmo ano.

Em 2010, agora amparados pelo Marcilio Dias, tradicional clube de futebol de Santa Catarina, conseguiram me fazer retornar ao clube. Participei em março da primeira rodada do primeiro turno da série B, Foi desastrosa a participação, com quatro derrotas e um empate. Em abril, os jogos foram mais equilibrados, com três vitórias e duas derrotas. Em maio, as coisas começaram a tomar rumo: cinco vitórias e uma derrota. Em agosto, quatro vitórias e uma derrota que me deram o vice-campeonato e o meu primeiro troféu conquistado na mesa, após 26 anos sem jogar para valer.

Em junho, o segundo clube de futebol de mesa da cidade, o Itajai Futebol de Mesa, realizou nas dependências do Pavilhão da Marejada, o campeonato Brasileiro por equipes, reunindo mais de 200 praticantes. O pessoal do Marcilio me fez participar da equipe, mais como um talismã do que um jogador, pois estou muito longe dos bons tempos em que podia enfrentar qualquer adversário. Joguei duas partidas, contra representantes do C. R. Flamengo, do Rio de Janeiro, e perdi as duas. O que mais me alegrou foi reencontrar amigos de longa data e poder abraçá-los novamente. Estavam por lá o José Jorge Farah Neto(Presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa), o Huratian Muradian eterno presidente do Clube Maria Zélia. Só isso valeu muito para mim, pois considero o futebol de mesa pelas amizades conquistadas. Encontrei o Élvio José de Souza, o Paulo Michilin, e tantos outros personagens que fazem nosso esporte ser o que é na atualidade.

Estava preparando o meu coração para participar das festividades dos 45 anos da minha amada AFM Caxias do Sul. Sabia que a coisa iria pegar em Caxias e para isso tinha de estar forte e com o coração em dia para poder agüentar o tranco. Afinal, era comemorado quarenta e cinco anos de nossa atitude corajosa de criar uma entidade para coordenar o futebol de mesa de minha cidade natal.

Mas, isso fica para a semana que vem.

Por agora, meu abraço a todos vocês que gostam das histórias do futebol de mesa.

Sambaquy.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A GRANDE PARADA COM O FUTEBOL DE MESA.


Como havia escrito na semana anterior, nos anos noventa parei completamente de jogar. A única vez que coloquei o meu time em campo foi na Bahia, em casa de Valério Souza, quando enfrentei ao Oldemar Seixas em jogo exibição.

Foi o período em que me dediquei a minha outra paixão: a Maçonaria. Em 1980 fui iniciado e me dediquei, com o mesmo empenho que havia utilizado durante a minha vida botonística. Galguei todos os degraus da Ordem Maçônica. Ocupei cargos mais variados, sempre com o maior empenho e dedicação. Sou grato a ela, por ter me ensinado a ser tolerante, a escutar antes de falar, a perdoar e amar àqueles que me feriram em alguma ocasião. Enfim, posso classificar a minha vida em antes e depois de haver sido iniciado nos mistérios maçônicos.

Mas, aqui o assunto é futebol de mesa. Voltemos ao que interessa. Uma vez por ano eu ia a Caxias. E, quando o fazia, encontrava antigos companheiros botonistas. Em novembro de 2002, quando a sede da AFM Caxias do Sul era na rua Garibaldi, o Vanderlei, Pizzamiglio e o Airton me levaram para conhecer as dependências ocupadas. E lá, depois de muita conversa me colocaram na mesa, entregando-me um time muito bonito com as cores do meu G. E. Flamengo. Até a escalação era daquele time campeão de 1947. Ari, Detânico e Chibarro, Chicão, Machado e Ariosto, Pavãozinho, Alemãozinho, Letti, Sady e Lady. Eu tinha de jogar e o meu adversário era o magnífico Fernando Casara, defensor da SER Caxias. Foi um jogo, com a tentativa de superar todos os anos de ostracismo. No final, com um gol de Sady Costamilan, o G. E. Flamengo logrou mais uma vitória para os seus anais.

Só voltei a jogar em janeiro de 2004. A sede ainda continuava no mesmo local, e, dessa vez eu teria a honra de jogar com a mais nova promessa que surgia na AFM: Daniel Alves Maciel. Era o dia 21 de janeiro e o resultado ficou como começou. Um zero a zero muito honroso para um aposentado do botão. Depois, ainda enfrentei o Vanderlei Duarte e outro zero a zero me fez permanecer invicto.

Foi uma parada tremenda, pois de 08 de dezembro de 1986 até 21 de janeiro de 2004, meu time entrou em campo apenas quatro vezes. Uma derrota, uma vitória e dois empates.

Já estava acomodado, sem pensar em voltar a praticar o meu esporte preferido. Mesmo porque, depois de 1985 a Associação Brusquense de Futebol de Mesa estava entregue aos meninos que havíamos formado. Eles realizaram campeonatos em 1985 (Decio Belli – Guarany de Campinas), 1986 (Toni Nicolas Bado – Santos F.C.), 1991 (Carlos Bernadi – Botafogo), 1992 (Marcelo Bianchini – Bahia), 1993 (Ricardo Zendron – Brusque), 1994 (Marcio Muller – Fluzão) e 1997 (Carlos Bernardi – Botafogo). Depois disso nenhum campeonato se realizou, ficando a sede abandonada, entregue a uma pessoa que explorava um bar na parte térrea. Até hoje não sei como está à situação do imóvel. Em resumo, foram realizados dezoito campeonatos ao longo dos anos e o Internacional (Adauto C. Sambaquy) conseguiu três campeonatos, O Santa Cruz (Edson Cavalca) venceu por duas vezes, assim como o Botafogo (Carlos Bernadi). Os demais campeões foram Walmir Merísio, Márcio José Jorge, Sérgio Moresco, Marinho Vieira, Edson Appel, Roberto Zen, Décio Belli, Toni Nicola Bado, Marcelo Bianchini, Ricardo Zendron e Márcio Muller.

Como as coisas acontecem sem que a gente consiga explicar, no início de julho de 2007, recebo um telefonema de um porto-alegrense que estava residindo em Balneário. Ele jogava botão e estava interessado em começar um movimento. Fiquei de passar em sua Loja que ficava perto de meu apartamento, mas fui protelando, pois não queria mais me envolver, tendo de iniciar tudo novamente.

Foi então que surge uma noticia num jornal local, dizendo que havia um grupo de botonistas em Balneário Camboriú. Senti que poderia haver a possibilidade do porto-alegrense voltar a jogar e acessei o endereço eletrônico da nota do jornal. Fui atendido por um rapaz muito atencioso e expliquei-lhe o desejo do Bartolomeu Dorneles. Ao explicar um pouco do que havia feito pelo futebol de mesa, o interesse passou a ser em cima de mim. O Oswaldo Fabeni solicitou meu endereço, pois pretendia me fazer uma visita. Forneci e no dia seguinte batia à minha porta um novo amigo. Mostrei-lhe o que restava de meu acervo, uma vez que por motivo de mudança havia transferido para Caxias a maior parte dele. Serviu para encantar o presidente da Beira-Mar Futebol de Mesa. Ficamos conversando por mais de duas horas e a conversa continuou por troca de e-mails. Fiquei sabendo da existência da Federação Catarinense de Futebol de Mesa, com sede em Blumenau. Recebi então um questionário para responder. Respondi e alguns dias depois estava noticiado no site FuteboldeMesaNews, de São Paulo. E a noticia dizia: Descoberta histórica na beira da praia. O homem é uma lenda viva e jogou com feras como Decourt e Della Torre. Um verdadeiro Dinossauro do botão.

Indiquei o Bartolomeu para jogar com eles, mas não quis me envolver. Mas os convites começaram a chegar. Em 10 de julho, o Oswaldo me enviou um convite para prestigiar um torneio festivo alusivo a fundação do clube, que seria realizado no salão de festas do prédio onde ele residia, na Avenida Brasil, esquina com a rua 1651. Fui lá para sentir o entusiasmo e acabei ficando entusiasmado. O vírus que estava adormecido ressurgiu com força. Mas eu ainda conseguiria resistir por mais algum tempo.

Na semana que vem falarei de minhas participações esporádicas na regra de 12 toques.

Até lá e espero que tenham votado bem, escolhendo os melhores candidatos para que nos ajudem com o nosso esporte. Precisamos pensar na continuidade de tudo isso. Um dia, gerações futuras nos agradecerão pelo esforço realizado.

Sambaquy.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ANOS OITENTA – O INÍCIO DA UNIFICAÇÃO.


No início dos anos oitenta tivemos o campeonato brasileiro realizado na cidade de Pelotas (RS). Nessa oportunidade fui eleito presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa. Confesso que não foi agradável essa missão, pelo seu início tumultuado. No final dos anos setenta havíamos promovido o primeiro Sul Brasileiro em Brusque. Na ocasião, ANTONIO CARLOS MARTINS, do Rio de Janeiro havia lançado meu nome e o de Eduardo Tonon Narciso da Rocha, para a presidência e vice-presidência da ABFM. Até hoje, não sei por qual motivo, o nome do Eduardo foi vetado e, de última hora, foi colocado o nome do presidente da Associação Brusquense, Oscar Bernardi, para a vice-presidência. Isso causou um mal estar entre os criciumenses, pois julgaram que tivesse sido algo organizado pela A. Brusquense. Solicitei, que como tratava-se de objeção por parte de alguns “Cartolas”, que eles se reportassem ao Eduardo, coisa que nunca foi feita.

Passado o primeiro incidente de minha gestão, seguimos a vida, procurando realizar alguma coisa útil para o nosso esporte, sofrendo as agressões daqueles que foram alijados da chapa eleita.

Em fevereiro de 1980 uma nova entidade passa a praticar o futebol de mesa em Brusque. Trata-se de uma agremiação tradicional, cujo nome Guarany, nos fazia recordar o nosso primeiro lar em Caxias. Realizaram um grande torneio, juntando praticantes da Associação Brusquense e do Clube Guarany, num denominado Torneio de Verão. Fui feliz e abiscoitei o troféu de campeão, e, defesa menos vazada.

O campeão desse ano na Brusquense foi o Vascão do Marinho Vieira. A festa de encerramento do campeonato foi realizada na Fazenda do Edson Appel, e contamos com as presenças dos casais Luiz Ernesto Pizzamiglio, com o seu pequeno Daniel, Airton Dalla Rosa e Nelson Prezzi, este com a sua linda Sheila. Por ser muito pequeno o filhinho Rogério foi obrigado a ficar em Caxias.

No decorrer do ano fiz várias viagens pelo Brasil. Em São Paulo, onde realizava um curso pelo Banco do Brasil, e permaneci por quase um mês, tive a oportunidade de visitar todos os clubes que praticavam o futebol de mesa. Lá tive a felicidade de conhecer GERALDO CARDOSO DECOURT, ANTONIO MARIA DELLA TORRE (presidente de Federação Paulista de Futebol de Mesa), PROF. DE FRANCO, ATIENZA, LITO, BISCASSE, MURADIAM, SÉRGIO SOTTO, MESQUITA e tantos outros excelentes Botonistas. Fui também à Brasília, em outro curso, e mantive contato com JOSÉ RICARDOS CALDAS E ALMEIDA, ANTONIO CARLOS ALMEIDA e SERGIO NETTO. Todos esses amigos puderam sentir que haveria a necessidade de nos aproximarmos, e, juntos, pleitearmos fazer com que o futebol de mesa fosse reconhecido como esporte, pois até então era considerado como uma diversão.

Eu acredito que foi o pontapé inicial para hoje sermos reconhecidos pelo CND de forma definitiva. E isso se deve muito ao ANTONIO MARIA DELLA TORRE, abnegado e dinâmico presidente da Federação Paulista.

Em 1981, Brusque sediou o Sétimo Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa. Até então somente a Regra Brasileira promovia campeonatos nacionais, pois o primeiro Campeonato Brasileiro na regra paulista foi realizado em 11 de outubro de 1982 na cidade de São José dos Campos, patrocinado pela Prefeitura Municipal e Associação Esportiva São José. O Prefeito de São José dos Campos era José Luiz de Almeida, e o presidente de Associação Esportiva São José se chamava Mauricio Peneluppi.

Em agosto de 1981, A AFUMEPA realizou uma integração contra os brusquenses. Os jogos foram realizados na sede da grande associação porto-alegrense nos dias 15 e 16.

Em setembro de 1982, ainda envolvido na divulgação e aproximação entre as diversas entidades, fomos convidados para um Torneio Integração entre São Paulo, Paraná e Santa Catarina, jogando na regra Paranaense. Os jogos foram realizados no Clube Militar de Curitiba. O presidente da Federação Paranaense de Futebol de Mesa era Agacir José Eggers. Essa ocasião marcou a ultima participação de DECOURT como praticante do futebol de mesa. Ao final do Torneio, onde Oscar Bernardi e eu representamos Santa Catarina, trouxemos à Brusque a figura maiúscula de Decourt, para o homenagearmos em nossa sede recém construída. Decourt, com sua estimada esposa Edda ficaram alguns dias em Brusque, aproveitando a acolhida que os Botonistas lhe ofereceram.

Em 1983 estive novamente em São Paulo, desta feita, acompanhado pelo Della Torre, para visitar o Decourt, cujo estado de saúde se agravava bastante.

Em 1984, numa participação com dois paranaenses: Roberto Beltrami e Geraldo Galindo, jogamos um torneio em dois turnos. O primeiro turno na Regra Paranaense e o segundo na Regra Brasileira. Na Regra Paranaense empatei com o Beltrami e venci o Galindo e na Regra Brasileira venci os dois. Foi a minha derradeira participação em torneios.

Nesse mesmo ano estive em Cataguases (Minas Gerais) e Rio de Janeiro. Joguei contra André Carvalho Tartaglia em Minas, e, Helio Nogueira e João Paulo Mury, no Rio. Nessa ocasião existia informalmente uma Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, fundada por cariocas e brasilienses que jogavam na regra de três toques. Mury era o presidente e José Ricardo Caldas e Almeida seu vice. No regresso, passando por São Paulo, joguei contra Antonio Maria Della Torre e Paulo Edson.

As minhas participações em campeonatos brusquenses ficaram prejudicadas pelos compromissos assumidos com outras entidades e acabei abandonando o esporte. sem contudo jamais me afastar definitivamente dele.

Em toda a década de noventa eu só joguei uma única partida. Foi em dois de setembro de 1994, em Salvador (Bahia), quando fiz uma amistosa com Oldemar Seixas.

Na semana que vem vamos mudar de século.

Até lá, com o meu abraço.

Sambaquy.